Adriana Mallet e Celso Athayde são inovadores sociais do ano em Davos

Os dois brasileiros, fundadores da SAS Brasil e da Holding Favela, foram reconhecidos no Fórum Econômico Mundial

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São Paulo

Adriana Mallet é cofundadora da ONG SAS Brasil, que atua para levar acesso à saúde pública a comunidades desassistidas no país, enquanto Celso Athayde é líder da Holding Favela, conglomerado de 23 empresas que promovem negócios e empregos em comunidades.

Os dois brasileiros foram reconhecidos nesta segunda-feira (23) entre os 15 Inovadores Sociais do Ano pela Fundação Schwab, durante o encontro anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

"Este é o melhor momento para um médico falar em um Fórum Econômico Mundial, uma vez que todos sabemos o impacto que a saúde pode ter na economia", disse Adriana, médica intensivista que se tornou empreendedora social, ao se apresentar na sessão intitulada "Transformando através da Confiança".

"A pandemia nos ensinou muito", prosseguiu a brasileira, que encerrou o discurso com uma provocação.

"Já sabemos que tornar a saúde acessível para mais pessoas é a melhor forma de salvar vidas e de economizar. Não é sobre caridade, é estratégico."

Athayde também subiu ao palco em Davos com uma fala inspiradora sobre a potência que vem da favela, simbolizada pela sua própria trajetória como homem e empreendedor.

"Venho de um lugar que simboliza a exclusão social no Brasil. Venho de uma favela chamada Sapo. Meus pais eram alcoólatras e minha mãe e eu moramos na rua por seis anos", relatou o também cofundador da Cufa (Central Única das Favelas).

Athayde lembrou que há 17 milhões de brasileiros morando em favelas, duas vezes a população da Suíça. "Esse é o número de pessoas que no Brasil não têm acesso a serviços básicos."

Ele começou o discurso em "favelês", brinca, com um salve para os companheiros da favela, e terminou em inglês para uma plateia internacional que, ao final, o aplaudiu de pé.

"O mundo precisa escolher. Ou dividimos com as favelas as riquezas que elas produzem ou continuaremos dividindo as consequências da exclusão social que a elite mundial continua produzindo", alertou o brasileiro.

Adriana e Athayde foram selecionados pela Schwab, após terem sido indicados pela Folha como empreendedores sociais do Ano, em 2021 e em 2020, respectivamente. Ambos participaram de edições do Prêmio Empreendedor Social em Resposta à Covid-19.

Eles e os outros 13 laureados deste ano em Davos foram saudados por Hilde Schwab, que lhes deram as boas-vindas a uma comunidade de 400 empreendedores sociais, intraempreendedores e líderes de destaque do setor público e privado de mais de 60 países.

"É um momento emocionante estarmos todos juntos reunidos aqui e ouvir suas histórias", disse a cofundadora da Schwab, comunidade-irmã do Fórum Econômico Mundial criada por Hilde e seu marido, Klaus Schwab, há 20 anos.

Após um hiato de dois anos devido a pandemia, o principal evento do Fórum Econômico Mundial voltou a ser presencial.

Oportunidade para a participação de um terceiro empreendedor social brasileiro, Guilherme Brammer Jr., CEO da Boomera, greentech que foca no tripé reciclagem, ciência e inclusão social.

Vencedor do Prêmio Empreendedor Social em 2019, Brammer também faz parte da delegação da Schwab em Davos 2022, marcado por uma agenda forte em temas ambientais e sociais.

O trio brasileiro se juntou a expoentes de inovação em todo o mundo.

Entre eles, o holandês Jos de Blok, CEO da Buurtzorg, que transformou os cuidados domiciliares em saúde na Holanda, e a australiana Mikaela Jade, CEO da Indigital, primeira empresa de tecnologia indígena da Austrália.

Foi reconhecido ainda o professor Alberto Alemanno, fundador do The Good Lobby, principal movimento de defesa do lobby como prática legítima e saudável da vida democrática para equalizar acesso ao poder.

"Temos aqui soluções sistêmicas para os problemas mais prementes do mundo, que vão exigir uma ação coordenada de governos, empresas e atores locais para garantir uma era pós-Covid sustentável e justa", ressaltou Hilde Schwab

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