Descrição de chapéu Causas do Ano

Ativistas convocam grito coletivo para dar basta a violência sexual contra crianças

Participantes da passeata virtual #AgoraVcSabe, que sai nesta quarta, 18 de maio, participam de live por engajamento pela quebra do silêncio das vítimas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Ivy Farias

Para combater a violência sexual contra crianças e adolescentes, o Instituto Liberta pretende reunir um milhão de pessoas em um levante ao longo dos próximos meses que tem seu início em uma passeata virtual nesta quarta-feira (18).

O formato inédito de protesto tem início às 12h, quando as vozes e as caras de milhares de vítimas vão ganhar as telas do site do movimento #AgoraVcSabe. A largada do movimento terá transmissão ao vivo da Folha.

cartaz contra violência sexual de crianças e adolescentes
Levante virtual contra violência sexual de crianças e adolescentes - Divulgação/Instituto Liberta

Na noite desta segunda-feira (16), os detalhes e o sentido da manifestação foram discutidos em uma live no Instagram do jornal com a participação de Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta, que está puxando o movimento que tem como missão pôr um fim ao silêncio sobre violência sexual contra crianças e adolescentes no país.

O bate-papo contou também com a participação de Valentina Schulz, produtora de conteúdo, e o empresário Marcelo Ribeiro, que são embaixadores do movimento.

"É um despertar da força: nossa proposta é causar um desconforto social para, assim, trazer políticas públicas eficazes de prevenção", explicou a presidente do Instituto, no encontro virtual com mediação de Eliane Trindade, editora do Folha Social+.

O movimento é um grito coletivo para quebrar o silêncio em torno do problema invisibilizado.

"O silêncio só beneficia o abusador", diz Ribeiro, autor do livro "Sem Medo de Falar", em que conta sua própria experiência como vítima de abuso sexual cometido por um padre, quando integrou um coral infantil.

"Falar é muito importante: após o livro, o crime que estava impune há mais de 30 anos foi denunciado e, como o padre continuava abusando de outros meninos, foi preso", explica, sobre o objetivo maior de vir a público, que era salvar crianças daquele abusador.

Para Valentina, o levante #AgoraVcSabe tem o papel de conscientizar sobre como crianças e adolescentes são vulneráveis —e ficam marcadas para sempre por violências sexuais.

"Passei em faculdades no exterior, produzi uma peça e trabalho, mas, quando se referem a mim, é sempre como a menina que foi assediada."

Aos 12 anos, ao participar do programa Masterchef Junior, ela foi tragada por uma onda de assédio via redes sociais.

O levante é um convite aos adultos que foram vítimas se colocarem publicamente para alimentar o debate público. "Quebrar o silêncio é um pacto coletivo. Nós, adultos, temos a obrigação de falar", acredita Luciana.

Para ela, a cultura do silêncio e os estereótipos sobre a violência sexual contra crianças e adolescentes precisam ser quebrados, pois é um problema que atinge meninos e meninas, de todas as classes sociais e raças.

Quebrar o silêncio é um pacto coletivo. Nós, adultos, temos a obrigação de falar

Luciana Temer

presidente do Instituto Liberta

Os embaixadores incentivaram a participação na passeata. "Falar é libertador", diz Ribeiro. Já para Valentina, o levante tem a função de apoiar outras pessoas: "Quem passou por isso se sente acolhido por quem não passou."

Luciana explicou que não se trata de contar detalhes sobre o tipo de abuso ou a violência sofrida. "Parece pouco uma criança ver um homem se masturbando, mas não é: este tipo de naturalização cresce, escala em comportamentos muito maiores", explica Luciana, que é advogada, lembrando que a "violência é algo que escala."

Por isso, o sentido de reunir 1 milhão de vítimas em um levante virtual. "É justamente para fazer um barulhão: isso nos liberta enquanto sociedade".

A passeata acontece nesta quarta-feira, dia 18 de Maio, Dia Nacional de Combate À Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes. Para participar, basta entrar no site da campanha e gravar o grito.

A passeata virtual terá diversos rostos dos vídeos pré-gravados na plataforma #AgoraVcSabe subindo simultaneamente na tela, como se estivessem caminhando em uma manifestação na rua. A ideia é engajar outras vítimas a participar deste levante virtual para tirar o problema da invisibilidade.

A causa de Combate à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes tem o apoio do Instituto Liberta, parceiro da plataforma Social+.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.