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Cirurgia oftalmológica a baixo custo ocupa espaço ocioso em clínicas

Modelo operado pela healthtech Central da Visão aponta qualidade de vida, geração de renda e economia para o SUS

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São Paulo

Aos 81 anos, Ivone Carvalho acordou gritando que não enxergava mais nada. A catarata, doença que começa com embaçamento da visão e leva à cegueira, estava avançada.

Ivone é uma das 1,5 milhão de pessoas idosas que, todo ano, precisam de uma cirurgia de catarata no Brasil. O SUS oferece o procedimento, só que ele tem a maior demanda reprimida no sistema de saúde, com longas filas de espera.

Para reduzir essa jornada, a heathtech Central da Visão conecta pacientes a clínicas particulares com condições mais acessíveis.

Michel Rubin coordena a área de oftalmologia do Hospital IPO de Curitiba (PR)
Michel Rubin coordena a área de oftalmologia do Hospital IPO de Curitiba (PR), parceiro da Central da Visão - Divulgação

"Usamos o espaço ocioso da clínica", diz Guilherme de Almeida Prado, CEO da Central da Visão. "Oferecemos pacotes até 50% mais baratos, que vão dos exames às consultas pós-operatórias, com parcelamentos em pelo menos dez vezes."

O modelo de parceria com clínicas privadas, que já chegam a 42 em 13 estados, se mostrou mais eficaz que a ideia inicial do negócio —ser meio de crédito para cirurgias oftamológicas.

"A ideia era ser um meio de pagamento, mas o gargalo estava no acesso, pois as pessoas nem iam ao consultório com medo da mãe ou do avô gostar do médico e não conseguir pagar", explica Prado, que fundou a Central da Visão em 2017.

Cinco anos depois, a healthtech aferiu seu impacto social e descobriu resultados relevantes em qualidade de vida, redução de quedas dos idosos, geração de renda e economia para o SUS.

Foram R$ 30 milhões gerados em impacto positivo pelo negócio apenas com as cirurgias de catarata, que correspondem a 70% dos procedimentos da Central da Visão.

Metade dos pacientes atendidos aguardavam há mais de um ano a cirurgia no SUS, o que representou, em 2021, uma economia de R$ 1,3 milhão ao sistema de saúde, que tem suas filas reduzidas e espaço para atendimento de outras cirurgias eletivas.

"Atendemos os públicos B e C, representados por autônomos, motoristas, manicures, pedreiros; pessoas com renda, mas que estão fora dos planos particulares", afirma Guilherme de Almeida Prado.

Guilherme de Almeida Prado é fundador da healthtech Central da Visão
Guilherme de Almeida Prado é fundador da healthtech Central da Visão - Divulgação

Há quatro anos, o médico Michel Rubin abre sua agenda para a Central da Visão. "Geralmente são pacientes que estão sofrendo há mais tempo e o número de cirurgias complexas é maior", diz ele, que é formado pela Santa Casa de São Paulo e coordena a área de oftalmologia do Hospital IPO de Curitiba (PR).

Por lá, o paciente faz a consulta e pode realizar os exames no mesmo dia, usando a mesma estrutura que pacientes conveniados.

Se tiver indicação, sai com a cirurgia agendada. "Nós, médicos, aprendemos muito com o SUS durante a formação e dar essa contrapartida social é mais do que justo", diz Rubin.

Outro dado de impacto é a melhora na qualidade de vida. O relatório da Central da Visão, elaborado em conjunto com o Plano CDE e a Artemisia, analisou informações do Datasus e fez uma pesquisa com mais de 200 pessoas operadas nas clínicas afiliadas.

Antes da cirurgia, 81% dos pacientes enfrentavam dificuldades em suas atividades diárias, como trabalhar, ler, caminhar, cozinhar e dirigir. Dois em cada dez sofreram ao menos uma queda antes de operar.

Depois do procedimento, 78% se declararam alegres e seguros e 87% disseram que a visão não atrapalhava mais seu relacionamento com a família.

"A cirurgia de catarata é das mais felizes da medicina", afirma Rubens Belfort, professor titular da Escola Paulista de Medicina e presidente do Instituto da Visão, um dos primeiros parceiros da healtech.

"A recuperação visual em mais de 95% permite voltar a ler, dirigir, ter independência e risco de queda menor. Enxergar bem na velhice é fundamental para o indivíduo ser mais feliz e evitar outros outros problemas", completa.

Experiência que se traduz na rotina de Ivone Carvalho, que após cirurgias de retina e catarata pela Central da Visão, voltou a aplicar a própria insulina.

"Eles devolveram minha paz e a autoestima para a minha mãe", conta a filha Ivani de Carvalho. "Como uma grande família, nos acolheram e cuidaram dela. No mesmo dia da cirurgia, ela voltou a enxergar."

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