Descrição de chapéu yanomami

Ajuda humanitária aos yanomamis vai de polo de saúde a kit para filtrar água

ONGs diagnosticam que comida não basta e buscam apoio de empresas, startups e campanhas para enfrentar crise no território indígena

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São Paulo

Comida não basta. Esse é o diagnóstico de ONGs diante da crise humanitária no território yanomami.

Lideranças que estiveram em Roraima nesta última semana deram diferentes abordagens para as urgências, como kits que filtram água, cestas básicas adaptadas, lavadoras de roupas e a reforma de um polo de saúde.

"A unidade que fica na mata é precarizada, faltam equipamentos e medicamentos básicos como dipirona e paracetamol", conta Celso Athayde, fundador da Cufa - Central Única das Favelas.

Lideranças da Central Única das Favelas apoiam distribuição de alimentos em comunidades indígenas
Lideranças da Central Única das Favelas (Cufa) apoiam distribuição de alimentos em comunidades indígenas em Roraima - Divulgação

"Não tem condição de atender pessoas lá dentro", diz ele, que esteve de 24 a 28 de janeiro na região acompanhado de Preto Zezé, presidente da Cufa, e se reuniu com o prefeito de Boa Vista (RR), Arthur Henrique (MDB), e com o governador Antonio Denarium (PP).

Em diálogo com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a Cufa e a Frente Nacional Antirracista vão reformar o polo de saúde de Surucucu, uma das regiões mais impactadas.

Também vão construir outro no território yanomami, evitando o deslocamento dos indígenas para a capital Boa Vista, que fica a 1h20 de vôo.

Para isso, criaram a campanha "Favelas com Yanomamis" com a pretensão de arrecadar R$ 3 milhões e iniciar as obras em 1º de março.

"É uma contribuição, não a solução do problema", reforça Athayde. O empreendedor social busca doações robustas entre empresas que apoiaram a Cufa na pandemia.

Água potável é outra demanda de etnias que sofrem com diarreia, desnutrição e vômitos.

Pelo menos 20 kits que filtram água foram disponibilizados hoje (30) nas comunidades de Manacapuru, Sacolejo e Berau. Nos próximos dias, outros kits serão instalados nas bases do Ajarani, Ualopali, Palimiu, Serra da Estrutura e no Surucucu.

"Vocês podem colocar dentro da mochila água do rio, do igarapé, do poço e da chuva", explica João Manuel Piedrafita, co-fundador da startup Água Camelo, a integrantes da comunidade indígena Jabuti.

"Ela filtra até 15 litros por vez e deixa com gosto bom, sem perigo de vermes e problemas na barriga."

Financiada por empresas como Ambev, a startup já levou a tecnologia a mais de 2.000 indígenas pelo país gratuitamente. A parceria com a Cufa facilita o acesso às comunidades.

"Apesar de não tratar a contaminação de mercúrio que tem atingido diversas áreas do estado, por conta do garimpo ilegal, os kits eliminam 99,9% das bactérias, protozoários e partículas em suspensão na água", explica Rodrigo Belli, CEO da Água Camelo.

"Nossa atuação é emergencial, mas estamos fazendo um mapeamento para trazer soluções mais perenes contra os metais pesados no território."

Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, 99 crianças yanomamis morreram em 2022 em decorrência dos impactos do garimpo ilegal. Desnutrição, diarreia e pneumonia são algumas das causas das mortes.

Outra ONG engajada no apoio a esses povos é a Ação da Cidadania. Com expertise no combate à fome desde que foi fundada por Betinho, nos anos 1990, a entidade adaptou suas cestas básicas para o perfil alimentar regional.

Cada cesta contém 5 quilos de arroz, 10 latas de sardinha, farinha de milho, farinha d'água, leite integral em pó e sal.

Além das 17 toneladas de alimentos enviadas para a terra indígena, a Ação da Cidadania se voltou a outras necessidades emergenciais.

Vai distribuir 900 kits de higiene e 300 fraldas infantis e geriátricas para pacientes atendidos no Hospital da Criança Santo Antônio e na Casa de Saúde Indígena em Boa Vista. Lá, os quadros predominantes são de desnutrição grave e insuficiência respiratória.

"A dificuldade na rede hospitalar hoje é a falta de itens de higiene íntima e pessoal, principalmente nos casos de crianças com verminoses, malária e desnutrição, fruto do descaso completo do atendimento médico nos últimos anos", afirma Rodrigo "Kiko" Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania.

A pedido das unidades de saúde, a ONG doará lençóis e uma lavadora de roupas com as contribuições por meio da campanha "SOS Yanomami".

Como ajudar os povos yanomamis

Campanha "Favelas com Yanomamis"
Central Única das Favelas (Cufa)
Doações pelo Pix doacoes@cufa.org.br e pelos sites vakinha.com.br/3425141 e favelascomyanomami.com.br


Campanha "SOS Yanomami"
Ação da Cidadania
Doações pelo Pix sos@acaodacidadania.org.br e pelo site acaodacidadania.org.br

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