Descrição de chapéu mudança climática

Lideranças de ONGs, startups e empresas debatem desafios socioambientais

Quarto episódio da série Papo de Responsa traz temas como filantropia, educação, sistema carcerário e meio ambiente

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São Paulo (SP)

Vencedores de diferentes edições do Prêmio Empreendedor Social se reúnem em mais um capítulo da série especial Papo de Responsa, exibida pela TV Folha, para debater estratégias para a resolução de desafios socioambientais no país. A cada 15 dias, são lançados novos capítulos do talkshow que celebra os 20 anos da premiação promovida por Folha e Fundação Schwab.

O episódio desta quinta-feira (22) é dividido em quatro blocos, com mediação de Eliane Trindade, editora do concurso e do Folha Social+. No primeiro, participam Tatiana Monteiro de Barros e Marcella Coelho, líderes do Movimento União BR, e Bruno Sindona, fundador da incorporadora Sindona.

Apoio ao terceiro setor

Reconhecido em 2020 pelo Prêmio Empreendedor Social em Resposta à Covid-19, o Movimento União BR chegou a mobilizar R$ 150 milhões na pandemia para a distribuição de cestas básicas, reativação de leitos, fornecimento de equipamentos a hospitais e ações de socorro aos povos indígenas.

Hoje, a entidade segue conectando quem precisa de auxílio a pessoas que desejam ajudar, além de apoiar ONGs locais e realizar campanhas em cenários de emergências e catástrofes, como durante as enchentes do Rio Grande do Sul e os deslizamentos em São Sebastião (SP) e Petrópolis (RJ).

Em sua participação no programa, as empreendedoras falaram sobre o cenário da filantropia no Brasil pós-Covid.

"O investimento social privado teve um boom na pandemia. O desafio é manter isso", explica Coelho. "Só vamos conseguir endereçar o enorme desafio socioambiental que temos no Brasil se construirmos relações de confiança entre terceiro setor, setor público, sociedade civil e empresas."

Nos últimos anos, houve diminuição de doações a organizações sociais, diz Monteiro: "O que a gente sente de fato é que a doação de pessoa física diminuiu muito. Mas as empresas seguem comprometidas, com bastante abertura, conversa e engajamento."

No mesmo bloco, Bruno Sindona, reconhecido em 2023 na categoria Escolha do Leitor do concurso, pontuou que o desenvolvimento imobiliário é um caminho para a redução das desigualdades no Brasil.

"Passamos pelo centro de São Paulo e algumas outras áreas do Brasil, lugares de IDH excelente, que têm museus, hospitais, saneamento básico, transporte público, mas são desabitados ou subutilizados, enquanto vemos pessoas se aglomerando nas bordas da cidade."

Com a missão de melhorar as condições de vida da população em áreas periféricas, a Sindona desenvolve empreendimentos imobiliários populares, oferecendo habitações dignas e acessíveis para as classes C e D, com foco na infraestrutura e bem-estar dos moradores.

A imagem mostra uma reunião virtual com quatro participantes dispostos em um layout de vídeo em quadrantes. No canto superior esquerdo, uma mulher com cabelo longo e escuro, usando uma blusa clara e óculos grandes, sorri. No canto superior direito, um homem com cabelo escuro e barba, vestido com uma camisa branca, parece sério. No canto inferior esquerdo, uma mulher com cabelo longo e solto, usando um colete cinza, gesticula enquanto fala. No canto inferior direito, uma mulher com cabelo escuro e liso, vestindo uma blusa azul com estampas, sorri. Ao fundo, há um ambiente de escritório e prateleiras com livros.
A jornalista da Folha Eliane Trindade; Bruno Sindona, fundador da Sindona; Tatiana Monteiro e Marcella Coelho, respectivamente, presidente e conselheira do Movimento União BR - Reprodução/TV Folha

Educação de qualidade

O segundo bloco do programa traz Cybele Amado, fundadora do Icep (Instituto Chapada de Educação e Pesquisa), e Luis Salvatore, fundador do IBS (Instituto Brasil Solidário).

Chancelado pela premiação em 2012, o Icep atua em redes municipais de ensino para aprimorar a educação pública, por meio da formação continuada de docentes.

Amado falou sobre sua trajetória de três décadas no setor educacional. Ela começou como professora na zona rural da Chapada Diamantina, na Bahia. Desde então, foi gestora social, tornou-se empreendedora, gestora estadual e ocupou a diretoria de formação docente do MEC (Ministério da Educação).

"Tivemos muitas transformações ao longo dessas décadas na educação brasileira, mas ainda enfrentamos desafios, como um analfabetismo muito grande. Quase 50% das crianças estão concluindo o quinto ano com defasagem no processo de alfabetização, e a pandemia piorou ainda mais esse cenário. Temos muitos fora da escola ainda e também desafios com alfabetização dos adultos", relata.

Salvatore, por sua vez, foi reconhecido pelo concurso em 2015, pelo trabalho à frente do instituto que implementa projetos educacionais alinhados aos ODS e à Base Nacional Comum Curricular em escolas públicas no Brasil.

"Acredito que ser empreendedor social é apontar caminhos para que a política pública seja mais eficaz, mais eficiente e mais ágil nessas mudanças de que precisamos. O prêmio da Folha contribui para a conexão de várias pessoas que estão trabalhando diretamente em suas noções de política pública", diz.

Saúde e humanização da pena

O terceiro bloco reúne Adriana Mallet e Sabine Zink, fundadoras da SAS Brasil, e Valdeci Ferreira, da Fbac (Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados).

A SAS Brasil, premiada em 2021, leva atendimento médico a cidades com escassez de especialistas e implementa soluções de telemedicina, incluindo exames à distância, cabines de teleatendimento e contêineres adaptados com consultórios.

As líderes da startup falaram sobre o que o empreendedorismo social significa para elas. "Começamos ouvindo histórias de empreendedores sociais que estavam fazendo a diferença no planeta. Temos, no curto espaço da nossa jornada aqui na Terra, a possibilidade de fazer a diferença, mesmo que seja na vida de uma pessoa", diz Zink.

"Às vezes estamos cansados, tendo dias difíceis, mas, quando pensamos no resultado —uma criança que não enxerga colocando os primeiros óculos ou um paciente que não teria chance de diagnosticar e tratar um câncer fazendo isso através de nós— isso cria uma energia que sublima as dificuldades", afirma Mallet.

Já Ferreira foi premiado em 2017 pela Fbac, que congrega as Apacs (Associações de Proteção e Assistência aos Condenados), e dissemina metodologia inovadora de ressocialização de prisioneiros, a fim de recuperá-los, proteger a sociedade e promover a justiça restaurativa.

"O que nos move é a crença inabalável na recuperação do ser humano. Receber nas Apacs aqueles que outrora eram considerados irrecuperáveis, inúteis, e a partir da aplicação de uma metodologia e de um trabalho efetivo, permitir que essas pessoas sejam capazes de mudar o comportamento, a mentalidade e, a partir daí, as atitudes", diz.

Cultura de doação e meio ambiente

No último bloco, participam Nina Valentini, cofundadora do Movimento Arredondar, e Mariano Cenamo, cofundador do Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia).

Premiado em 2016, o Arredondar apoia ONGs por meio da captação de microdoações no varejo. "Quando você vai em uma loja que é nossa parceira, você arredonda os centavos da compra. Então, uma compra de 39,80 vai virar 40,00. Você doou R$ 0,20. Essa doação vai para organizações que são escolhidas por uma curadoria", explica Valentini.

Ela também destacou como a vitória no Empreendedor Social foi uma surpresa e um marco importante para sua carreira e o Movimento Arredondar, que permitiu ampliar o impacto de seu trabalho.

Reconhecido pelo concurso em 2022, Cenamo criou um instituto dedicado ao desenvolvimento de projetos, programas e políticas públicas para a redução de emissões de gases do efeito estufa na Amazônia. Durante sua fala, ele explicou por que é necessário adotar um novo modelo de desenvolvimento econômico na região.

"A região amazônica, quase 60% do território brasileiro, é uma região que gera menos de 8% do nosso PIB, mas que contribui com a maior parte das emissões de gases de efeito estufa, que hoje causam a mudança do clima, o maior problema ambiental que a humanidade enfrenta", diz.

"Então, como uma região que poderia estar contribuindo tanto para a solução e gerando renda e prosperidade para sua população local não consegue fechar essa equação?"

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