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20/07/2007 - 18h30

Para brasilianista, ACM deixa legado político fragmentado

DENIZE BACOCCINA
da BBC Brasil, de Brasília

O historiador americano e brasilianista Thomas Skidmore disse que o senador Antonio Carlos Magalhães era "o último e o melhor exemplo" de coronelismo e vai deixar um "legado fragmentado", sem continuidade do poder político que ele já teve.

"Será um legado fragmentado, afetado pelo conservadorismo tradicional de um sistema agrícola. Ele era uma espécie de lenda, poderoso demais", afirmou Skidmore em entrevista à BBC Brasil.

Com a morte do filho Luís Eduardo Magalhães, em 1998, ele diz que a sucessão política de ACM fica prejudicada, apesar de o deputado ACM Neto, neto de Antonio Carlos e sobrinho de Luís Eduardo, que está em seu segundo mandato na Câmara dos Deputados.

No Senado, o suplente de ACM é seu outro filho, Antonio Carlos Magalhães Júnior, que assume o mandato que vai até 2011.

Skidmore, que escreveu livros sobre a História do Brasil a partir de 1930, diz que ACM "foi uma barreira a qualquer reforma progressista mais profunda no país".

"Mas ele também foi muito inteligente ao se aliar ao desejo dos políticos progressistas de modernizar o Brasil, e fez pequenas mudanças, que não afetaram de fato seu poder", diz o historiador.

Na avaliação de Skidmore, a fonte do poder de ACM --que continuou mesmo após o fim do regime militar, quando ele foi ministro das Comunicações e depois presidente do Senado-- vem da sua sólida base política na Bahia, onde ele foi governador, inicialmente indicado pelo governo militar e depois conseguiu vencer várias eleições.

Skidmore diz que, apesar de resistir à modernização do Brasil, ACM ironicamente abriu os olhos do país para a necessidade de regionalizar esse crescimento.

"Só que ele fez isso da maneira de um caudilho. Ele estava interessado em manter o poder da região, especialmente no seu Estado", disse.

Carreira

O senador morreu em decorrência de falência múltipla dos órgãos, às 11h40 desta sexta-feira, no InCor-SP (Instituto do Coração), do Hospital das Clínicas, em São Paulo, onde estava internado desde o dia 13 de junho.

Magalhães foi deputado federal entre 1959 e 1967 e entre 1970 e 1971, governador entre 1971 e 1975, 1979 e 1983 e entre 1991 e 1995.

Além disso, também foi ministro das Comunicações entre 1985 e 1990 e senador pela Bahia desde 1995.

Médico de formação, Antonio Carlos Magalhães entrou para a vida pública como deputado federal da UDN, em 1958.

Reeleito dois anos depois, participou das articulações do golpe militar de 1964 e no ano seguinte filiou-se à Arena, de apoio ao governo militar.

Em 1980, com o fim do bipartidarismo, entrou no Partido Democrático Social (PDS).

No racha do partido para a escolha do candidato do partido para a primeira eleição civil depois de mais de 20 anos, apoiou a chapa de Tancredo Neves e José Sarney e acabou sendo nomeado ministro das Comunicações entre 1985 e 1990.

A partir de 1995, no Senado, teve participação importante também no governo Fernando Henrique Cardoso, apoiando inclusive a reeleição do ex-presidente.

Fernando Henrique divulgou nota nesta sexta-feira dizendo que ele o ajudou, quando na presidência do Senado e do Congresso, a aprovar importantes reformas para o país.

"Diferentemente dos políticos tradicionais, Antonio Carlos Magalhães tinha preocupação com a eficiência e a competência. Modernizou a Bahia", afirmou Fernando Henrique sobre a atuação de ACM quando foi governador da Bahia.

Já no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ACM perdeu poder.

No ano passado, alguns analistas chegaram a declarar o fim do "carlismo", a influência do senador em seu seu Estado natal, quando o governador Paulo Souto, candidato que apoiava, perdeu a reeleição para o petista Jaques Wagner.

 

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