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05/01/2008 - 05h50

Entenda a situação dos reféns na Colômbia

da BBC Brasil

O destino de três reféns colombianos se transformou no centro das atenções internacionais desde que o grupo rebelde Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) prometeu que iria libertá-los, em dezembro.

Os reféns são a ex-candidata a vice-presidente da Colômbia Clara Rojas, seu filho Emmanuel - que nasceu em cativeiro e, acredita-se, tem como pai um dos seqüestradores - e a ex-parlamentar Consuelo González de Perdomo.

No entanto, no último dia de 2007, uma missão internacional que estava na Colômbia para acompanhar a entrega dos reféns, liderada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi suspensa em meio a acusações mútuas entre o governo colombiano e as Farc.

O destino desses e de outros reféns da guerrilha permanece incerto. Entenda a situação dos reféns na Colômbia.

Quantos reféns exatamente estão em poder dos rebeldes?

É difícil dizer, mas acredita-se que as Farc mantenham cerca de 800 reféns em campos secretos na selva. Muitas dessas pessoas foram seqüestradas para que o dinheiro dos resgates pudesse financiar as operações da guerrilha.

Entre as pessoas seqüestradas pelas Farc há um grupo de 45 reféns considerados importantes, porque podem ser trocados por guerrilheiros mantidos em prisões na Colômbia. Os rebeldes querem trocar esses 45 reféns, entre os quais estão políticos e militares, por cerca de 500 guerrilheiros presos.

Quem são os reféns?

Muitos dos seqüestrados são policiais e soldados. A principal refém em poder das Farc é Ingrid Betancourt, ex-senadora e candidata à Presidência da Colômbia que foi seqüestrada em 2002, com Clara Rojas, durante a sua campanha.

O destino de Betancourt, que tem nacionalidade colombiana e francesa, também recebeu atenção internacional. Sua família tem feito uma campanha de grande visibilidade na França para manter o nome de Betancourt nas manchetes. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, também liderou esforços pela libertação de Betancourt.

Há ainda no grupo de reféns "importantes" os americanos Marc Gonsalves, Keith Stansell and Thomas Howes. Eles trabalhavam para a empresa de defesa Northrop Grumman em missões de vigilância anti-drogas e foram capturados em 2003, quando o avião em que viajavam caiu em uma área controlada pela guerrilha.

Quais as condições dos reféns?

Também é muito difícil dizer, porque há poucas informações sobre eles. Em novembro de 2007, o governo colombiano divulgou imagens de vídeo e fotos de 16 dos reféns "importantes". Foi a primeira prova de que estavam vivos desde 2003. Além das imagens, havia cartas supostamente escritas pelos reféns.

Segundo o governo, o material foi encontrado com rebeldes capturados pelas autoridades. Entre os reféns mostrados nas imagens estava Ingrid Betancourt. Ela aparecia na selva, sentada, magra e com a aparência cansada.

Os três americanos também apareciam nas fitas de vídeo, além de outros 12 reféns, a maioria deles membros das forças de segurança da Colômbia. Parte desse material parecia ser recente, com data de outubro de 2007.

Em julho, os rebeldes entregaram a um jornalista colombiano um vídeo no qual sete reféns pediam ao governo que dialogasse com os seqüestradores.

Muitos dos reféns mostrados nas imagens estão em poder das Farc há quase 10 anos. Entre eles, o soldado Pablo Emilio Moncayo. Em 2007, seu pai, Gustavo Moncayo, cruzou a Colômbia a pé durante quase dois meses, em uma tentativa de pressionar os guerrilheiros e o governo a negociarem um acordo para a libertação dos reféns.

Em maio de 2007, o policial colombiano John Frank Pinchao foi encontrado na selva e disse que tinha conseguido fugir do cativeiro onde era mantido pelas Farc havia quase nove anos. Pinchao disse que era mantido no mesmo campo em que estavam Betancourt e os três americanos.

Quais as perspectivas de libertação dos reféns?

O destino dos reféns precisa ser visto dentro do contexto geral do conflito na Colômbia e das várias tentativas fracassadas de negociar um fim para o confronto.

Os grupos armados, incluindo o Exército de Libertação Nacional (ELN) e grupos paramilitares de direita, estão envolvidos em seqüestros e tráfico ilegal de drogas.

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, segue uma política de linha-dura contra as Farc, que são consideradas um grupo terroristas pelos Estados Unidos e pela União Européia.

Em 2007, Uribe libertou alguns guerrilheiros presos em um "gesto de boa vontade" e ofereceu a possibilidade de delimitar uma zona de segurança para permitir a negociação de uma troca de prisioneiros.

O presidente colombiano insiste que qualquer rebelde das Farc que seja libertado da prisão deve concordar em não pegar em armas novamente.

As Farc exigem que o governo desmilitarize uma grande área no sudoeste da Colômbia para servir de "ponto de encontro" para a troca dos 45 reféns pelos 500 guerrilheiros presos.

Qual o papel desempenhado pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez?

Em agosto de 2007, Chávez se envolveu nos esforços oficiais na busca por um acordo, passando a atuar como mediador entre o governo colombiano e as Farc.

Em novembro, no entanto, Uribe anunciou o fim da mediação de Chávez, alegando que o presidente venezuelano havia desrespeitado um acordo entre os dois, segundo o qual não poderia se comunicar diretamente com o alto comando militar colombiano.

O episódio provocou uma crise diplomática entre a Venezuela e a Colômbia, mas Chávez manteve seu envolvimento na questão dos reféns.

Em 18 de dezembro de 2007, as Farc anunciaram que iriam entregar Clara Rojas, Emmanuel e Consuelo González de Perdomo a Chávez ou a alguém designado pelo presidente venezuelano.

Em 26 de dezembro, Chávez anunciou o plano de enviar aeronaves venezuelanas à Colômbia para resgatar os três reféns, em um local a ser determinado pelas Farc.

O governo colombiano deu permissão para que os aviões e helicópteros venezuelanos entrassem em seu território, com a condição de que as aeronaves usadas tivessem o símbolo da Cruz Vermelha, que participaria do resgate.

Por que essa operação de resgate foi suspensa?

Enviados internacionais viajaram à cidade colombiana de Villavicencio em meio à crescente esperança de que as Farc libertassem os reféns.

O plano era que os rebeldes deveriam informar o local exato em que os reféns seriam entregues.
No entanto, em 31 de dezembro, Chávez leu um comunicado que disse ser das Farc, no qual o grupo afirmava que operações militares realizadas pelo Exército colombiano impediam a libertação dos reféns.

Uribe disse que os guerrilheiros estavam mentindo e que a verdadeira razão para suspenderem a libertação dos reféns era o fato de o menino Emmanuel não estar mais em poder do grupo.

Em 4 de janeiro, as Farc admitiram que um menino encontrado em um orfanato de Bogotá realmente era Emmanuel. Testes de DNA feitos a partir de amostras de sangue da mãe de Clara Rojas já haviam mostrado que o menino era provavelmente Emmanuel.

O garoto havia sido entregue na cidade de San José del Guaviare em 2005 e depois transferido para Bogotá.
Essa última reviravolta deverá deixar o governo e as rebeldes com ainda menos motivos para confiar um no outro. Ambos podem acabar endurecendo suas posições em uma negociação a respeito do destino dos reféns.

O fracasso da missão de resgate dos três reféns também agravou as já tensas relações entre Uribe e Chávez, que chegou a acusar o presidente colombiano de ter "sabotado" os esforços de resgate.

Também mostrou os limites da influência de Chávez sobre os rebeldes.

 

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