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20/10/2004 - 06h24

Parecer da AIEA sobre fábrica em Resende 'sai em até 30 dias'

ALEXANDRE MATA TORTORIELLO
da BBC Brasil, em São Paulo

O Ministério da Ciência e Tecnologia informou nesta terça-feira que a visita dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) à planta de enriquecimento de urânio da Fábrica de Combustível Nuclear em Resende (RJ) foi concluída e que não haverá pronunciamentos imediatos.

A AIEA agora deve anunciar nos próximos 30 dias se dá ou não respaldo ao início das operações de enriquecimento de urânio na fábrica, que ainda não começaram. O órgão da ONU também deve decidir se aceita a proposta brasileira sobre os futuros procedimentos de inspeção da fábrica.

Ela foi apresentada formalmente na segunda-feira, em reunião dos técnicos da AIEA com representantes do Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN), no Rio de Janeiro.

O ministério informou ainda que os fiscais da agência nuclear da ONU ficaram satisfeitos com o que viram, apesar de não terem tido acesso visual às ultracentrífugas que enriquecem o mineral.

Segundo a assessoria, tudo o que constava da proposta brasileira foi cumprido e os representantes da AIEA não apresentaram novas demandas.

Energia

A avaliação da AIEA, de acordo com fontes do governo deve vir de "instâncias superiores", sendo enviada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

O governo brasileiro quer garantir a preservação da tecnologia nacional, desenvolvida pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP).

"O processo de ultracentrifugação consome 25 vezes menos energia do que o processo de difusão gasosa, usado nos Estados Unidos e na França, responsável pelo enriquecimento de mais de 50% do urânio utilizado no mundo", afirma o almirante Alan Arthou, diretor do CTMSP.

O processo de ultracentrifugação é utilizado também por outros países como Japão, Paquistão, Alemanha, Holanda e Grã-Bretanha. Mas apenas esses três países europeus, por meio do consórcio Urenco, exploram comercialmente a atividade.

Segundo o governo, a vantagem da tecnologia brasileira é que as centrífugas flutuam em um campo eletromagnético, reduzindo o desgaste de equipamentos.

Reunião

Nesta quarta-feira, os três inspetores da AIEA que estão no Brasil voltam a se reunir com a CNEN, mas apenas para a "conclusão de processos administrativos".
Apesar de terem sido convidados para conhecer outras instalações, durante as seis horas e meia de visita, os técnicos permaneceram apenas na unidade de enriquecimento de urânio da fábrica em Resende.

Segundo o presidente da CNEN, Odair Dias Gonçalves, se não houver desentendimento entre as duas partes, a expectativa é de que os inspetores da AIEA voltem ao Brasil em cerca de duas semanas para o que seria a última visita antes do início das operações.

A tecnologia brasileira seria capaz de enriquecer urânio a preços competitivos, mas na primeira fase do projeto a unidade não produzirá excedentes, podendo suprir 60% da demanda das usinas nucleares brasileiras.

"As centrífugas conseguem produzir a um preço menor ou igual ao de mercado. Se ela é melhor ou pior do que as outras, ninguém pode dizer. Ninguém conhece a minha, assim como eu não conheço as outras", afirma o almirante Alan Arthou.

O projeto prevê uma expansão da unidade de enriquecimento, ainda sem um cronograma definido.

Na segunda fase, a Fábrica de Combustível Nuclear terá capacidade para atender totalmente as necessidades das usinas nucleares brasileiras em funcionamento, além da demanda de Angra 3, se suas obras forem concluídas.
 

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