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03/02/2005 - 22h50

Annan anuncia punição de envolvidos em escândalo no Iraque

ANGELA PIMENTA
da BBC Brasil

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, divulgou uma nota dizendo que está iniciando "medidas disciplinares" contra dois funcionários citados num relatório que trata de irregularidades no programa de troca de Petróleo por Comida para o Iraque.

Criado pela ONU em 1996 com o objetivo de aliviar a população iraquiana do impacto das sanções impostas ao regime de Saddam Hussein após a Guerra do Golfo, o Petróleo por Comida movimentou mais de US$ 60 bilhões até sua extinção, em 2003.

Apresentado nesta quinta-feira em Nova York, o relatório preliminar do Comitê Independente de Investigação do programa acusa o ex-diretor do programa, Benon Sevan, de conduzir negócios "eticamente impróprios e que atingiram duramente a integridade" da instituição.

Dirigido pelo ex-presidente do Banco Central americano, Paul Volcker, o comitê aponta evidências de que ao chefiar o Petróleo Por Comida, Sevan envolveu-se em conflitos de interesse e recebeu comissões ilícitas de pelo menos US$ 1,5 milhão em nome da empresa African Middle East Petroleum (AMEP).

Filho de Annan

"Hoje eu iniciei medidas disciplinares contra Joseph Stephanides, a pessoa citada no relatório que permanece no serviço ativo (da ONU), e contra Benon Sevan (...) contra quem o relatório traz provas extremamente preocupantes", diz a mensagem do secretário-geral.

"Eu deixei claro desde o início que ninguém que tenha quebrado as regras e for descoberto será protegido de um processo."

O relatório não aborda o possível conflito de interesse envolvendo do filho de Kofi Annan, Kojo Annan, que trabalhou para uma empresa que participava do programa.

A ligação de Kojo Annan com uma empresa contratada pela ONU gerou críticas de nepotismo e suspeitas de que ele teria tido participação no esquema de corrupção, que segundo uma investigação do Senado americano teria desviado mais de US$ 21 bilhões.

"Essa questão será explorada num futuro relatório, quando tivermos todas as respostas necessárias a respeito", disse Volcker à imprensa ao apresentar o relatório de 219 páginas.

Brasileiros

O primeiro relatório da comissão de investigação não menciona a participação de nenhuma empresa ou cidadão brasileiro no esquema. Os membros do comitê tampouco revelam se investigam tal possibilidade.

Mas após a queda de Saddam Hussein, o jornal iraquiano Al Mada publicou uma lista apontando 270 "personalidades" e empresas que teriam recebido petróleo do governo iraquiano.

Nela constavam os nomes do movimento de esquerda brasileiro MR8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), que aparecia junto do nome "Chaves" e do agente de turismo radicado no Brasil Fouad Sarhan.

Em 2004, Nelson Chaves, secretário de Relações Internacionais do MR8, afirmou à BBC Brasil que o MR8 negociava petróleo em nome do governo iraquiano, mas negou que o movimento teria recebido qualquer benefício financeiro.

Contrabando

Nos próximos meses, a comissão de investigação deverá publicar mais dois relatórios. O último deles deverá incluir recomendações sobre medidas a serem tomadas pela ONU para melhorar a administração.

"A ONU tem um papel extremamente importante a desempenhar", disse Volcker, acrescentando que "precisamos encontrar uma maneira de fortalecê-la e garantir-lhe a autoridade necessária para cumprir sua missão".

Volcker afirmou também que apesar da magnitude do esquema de corrupção envolvendo o Petróleo por Comida, a comissão concluiu que durante os últimos anos do regime de Saddam Hussein, o contrabando de petróleo envolvendo países como Jordânia, Síria, Turquia e Egito "era a maior fonte de fundos ilícitos" do regime iraquiano.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o Petróleo por Comida
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