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26/05/2008 - 17h02

Antropólogo, novo líder das Farc foi negociador do grupo

HERNANDO SALAZAR
da BBC Mundo, em Bogotá

Pela primeira vez em sua história, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) serão comandadas por um homem que nasceu na cidade, estudou em uma universidade e viajou para outros países.

O novo chefe das Farc, Alfonso Cano, é considerado mais da ala política do grupo do que da militar.

Cano, cujo nome verdadeiro é Guillermo León Sáenz, nasceu em julho de 1948 em Bogotá e foi militante da Juventude Comunista (Juco) nos anos 60 e 70.

O sociólogo Alfredo Molano, que conheceu o novo líder das Farc nos anos 70 na Universidade Nacional, quando Cano estudava antropologia, o descreve como um "homem um pouco reservado" quando estudou na universidade, mas destaca que "tem boa formação política e interesse por literatura e economia".

Diferenças

Cano seria um homem muito diferente de Manuel Marulanda, o "Tirofijo", que nasceu na zona rural, não estudou e passou boa parte de sua vida na clandestinidade. As Farc foram criadas em 1964, como um movimento camponês.

"Pressentia-se que (Cano) fazia coisas (na Universidade), mas não se sabia o que eram estas coisas. Ele era muito combativo nas assembléias estudantis. E logo desapareceu, ficou muitos anos na União Soviética", disse Molano, que também é colunista do jornal El Espectador.

Depois de voltar da União Soviética, Cano esteve em Bogotá, onde foi preso uma vez com armas. No início dos anos 80, se tornou membro pleno das Farc e entrou para a clandestinidade.

Por duas vezes, Cano liderou delegações das Farc para negociar com o governo colombiano, durante o governo do presidente César Gaviria. A primeira ocasião foi em Caracas, em 1991, e, um ano depois, em Tlaxcala, México.

Projeto político

Desde 2000, Cano está à frente do Movimento Bolivariano, um projeto político das Farc.

Para o sociólogo Alfredo Molano, líderes das Farc já confiaram outras tarefas de negociação a Cano.

"Ele está encarregado do bloco central das Farc e, quando eles pediram a desmilitarização dos departamentos (Estados) de Pradera e Florida (na região sudoeste da Colômbia) para a negociação de um acordo humanitário é porque queriam que Cano fosse o negociador', afirmou.

Outros, porém, acreditam que fatos como o assassinato de 11 deputados regionais do departamento de Vale, também no sudoeste da Colômbia, que estavam seqüestrados desde 2007, prejudicam o papel de Alfonso Cano como estrategista militar.

Há poucos dias o presidente colombiano Álvaro Uribe, durante uma visita ao departamento de Tolima, no centro-sul do país, zombou de Cano e o chamou de 'o filósofo' das Farc, quando ordenou que o Exército continuasse a persegui-lo.

 

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