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17/04/2005 - 19h20

Falta de contato pessoal é desafio para cardeais

ASSIMINA VLAHOU
da BBC Brasil

A falta de conhecimento mútuo entre os cardeais é um dos grandes desafios para os participantes do conclave que, a partir desta segunda-feira, escolherá o sucessor do papa João Paulo 2º.

Os 115 eleitores vêm de 52 países diferentes, sendo que a maioria não vive em Roma e tem poucas oportunidades de encontrar seus colegas. Alguns inclusive não falam italiano ou inglês, o que dificulta ainda mais a comunicação entre os membros.

"Nunca houve uma grande comunicação entre eles", afirma o diretor da agência de notícias católica Adista, Giovanni Avena.

"Um dos segredos do poder pontifício é o centralismo, nada de colegialidade e de comunicação. Os cardeais não tiveram muitas oportunidades para trocar opiniões."

Na última semana, os cardeais esforçaram-se para recuperar terreno, realizando reuniões diárias em que puderam se conhecer melhor e discutir assuntos importantes para o futuro da Igreja Católica.

Logo nos primeiros encontros, receberam um livro com a biografia de todos os cardeais eleitores.

Giovanni Avena diz também que, com os critérios de nomeação de cardeais introduzidos por João Paulo 2º, em que aceitar a linha do Vaticano era o mais importante para uma promoção, ficou mais difícil identificar as verdadeiras características do pensamento de cada cardeal.

"Grandes eleitores"

Segundo analistas de assuntos vaticanos, os cardeais que não estão muito bem informados sobre as candidaturas deixam-se guiar pelos chamados "grandes eleitores".

Normalmente eles são influentes cardeais de cúria, que começam seus contatos, de maneira discreta, muito antes do conclave.

O alemão Joseph Ratzinger, decano do colégio cardinalício e ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, defensor da ortodoxia da doutrina católica, é um deles.

Além de ser considerado um dos candidatos mais fortes à sucessão de João Paulo 2º, de quem foi um dos mais estreitos colaboradores, Ratzinger tem autoridade suficiente para indicar um nome e convencer diversos eleitores a votar nele.

A prova disso são as dezenas de preferências que teria conseguido nas reuniões preparatórias do conclave.

Outros "grandes eleitores" são o ex-secretário de Estado Angelo Sodano e o carismático ex-arcebispo de Milão Carlo Maria Martini, que deve propor uma linha alternativa à dos tradicionalistas.

Martini, de 78 anos e com problemas de saúde, é aposentado e vive em Jerusalém. Por muitos anos foi o candidato ideal da ala progressista à sucessão de João Paulo 2° e pode agregar eleitores propondo um candidato que garanta sérias reformas na Igreja.

Numa das últimas congregações, ele teria defendido maior participação dos bispos no governo da Igreja e a busca de uma nova linguagem sobre bioética e moral sexual.

Favoritos

A lista dos que entram neste conclave como favoritos aumenta a cada dia. Joseph Ratzinger, os italianos Dionigi Tettamanzi e Angelo Sodano, o brasileiro Claudio Hummes, o nigeriano Francis Arinze e o hondurenho Oscar Rodríguez Maradiaga são alguns.

Na maioria das vezes, afirmam os vaticanistas, os favoritos não são eleitos. Mas houve exceções, como recorda o professor Melloni.

"Algumas vezes os favoritos vencem, foi o caso de Pio 12 e Paulo 6º. Em outras, é eleito um total desconhecido. Karol Wojtyla é um exemplo. Seu nome foi citado apenas pelo jornal espanhol Negro y Blanco, como 51° numa lista de possíveis sucessores no conclave que o elegeu em 1978."

O papa João Paulo 2º foi decisivo na composição do conclave que se reunirá a partir de segunda-feira: nomeou 113 dos 115 cardeais que indicarão o seu sucessor.

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