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18/06/2005
-
23h08
da BBC Brasil, em Lisboa
A extrema direita portuguesa realizou neste sábado a sua maior manifestação desde o retorno do país à democracia, em 1974. O principal motivo do protesto foi o arrastão que ocorreu na praia da Carcavelos no dia 10 de junho.
Mais de 500 pessoas andaram pelo centro de Lisboa pedindo o fim dos crimes e a expulsão dos imigrantes ilegais.
No arrastão de Carcavelos, cerca de 500 jovens cercaram e roubaram os freqüentadores dessa praia que fica próxima à capital portuguesa. Os criminosos seriam descendentes de imigrantes das ex-colônias portuguesas na África.
A manifestação deste sábado foi convocada por duas organizações de extrema direita: a Frente Nacional e o Partido Nacional Renovador.
Passeata
As faixas no local traziam dizeres como "Basta! Imigrantes = Criminosos" e "Não há direitos iguais quando somos um alvo por sermos brancos".
De cabeça raspada, com roupas e botas pretas, apesar do calor de 35 graus, Mário Machado, dirigente da Frente Nacional, disse à BBC Brasil que "Portugal passa por uma grande crise, com tensões raciais brutais".
"Os negros se juntam em gangues de 500 pessoas e os ciganos, em grupos de 200, para roubar a população. O nosso governo não tem coragem de admitir isso, porque não é politicamente correto falar em raça", disse Machado.
Ele disse que os imigrantes ilegais seriam responsáveis pelo aumento da criminalidade no país e que a solução para o problema estaria na "repatriação imediata de todos os imigrantes ilegais" do território português.
Machado tem uma suástica tatuada no seu braço direito: "É o símbolo das nossas tradições e dos povos arianos que habitavam a Europa desde o princípio".
Apesar de não usar roupas ou corte de cabelo que o pudessem identificar como membro de um grupo de extrema direita, José Pinto Coelho, vice-presidente do Partido Nacional Renovador, propõe medidas mais radicais.
"Defendemos a denúncia dos acordos de Schengen [que acabou com o controle de fronteira em alguns países da Europa] e a reposição das fronteiras. O mínimo que pretendemos é saber quem entra em Portugal. Precisamos alterar a lei de nacionalidade de modo que só filhos de portugueses sejam portugueses. É necessário repatriar todos os imigrantes que estejam na prática do crime."
Skinheads
Depois de discursos contra os imigrantes e a criminalidade, a manifestação saiu em passeata do Martim Moniz (um bairro onde se reúnem muitos indianos) e para o Rossio (local em que costumam se encontrar os imigrantes da Guiné-Bissau).
Muitos skinheads presentes, com broches da Frente Nacional, vestiam uma camiseta preta com os dizeres "Morte aos traidores". Na parte de trás, uma citação do "fundador e primeiro rei" de Portugal, d. Afonso Henriques: "Vós a nenhuma pessoa não perdoeis, nem deis vida a homem ou mulher, nem moços nem velhos, de qualquer idade ou qualidade sejam."
Os manifestantes gritavam "Portugal, Portugal", cantavam o hino nacional com a mão direita esticada --na típica saudação nazista-- e entoavam palavras de ordem como "Basta ao crime".
Um senhor de cabelos brancos vestindo uma camiseta com a bandeira do Brasil acompanhava a manifestação. "Eles têm razão. Antes não tínhamos essa criminalidade toda", afirmou João Cordeiro, um português aposentado que recebeu a camiseta de presente do filho.
Contramanifestação
No Rossio, a manifestação terminou com discursos no meio da praça, enquanto na calçada lateral formou-se uma manifestação espontânea que gritava palavras de ordem como "fascistas!", "fascismo nunca mais" e "25 de abril sempre" (uma referência à revolução que trouxe a democracia de volta ao país).
O clima ficou tenso. Na praça, os gritos eram de "Portugal, Portugal" e "Volta para a tua terra", quando viam um negro. Vários negros subiram na entrada do metrô e fizeram sinais obscenos aos manifestantes do outro lado da rua.
A tropa de choque separou os dois lados.
Os organizadores tentaram evitar confrontos: "O movimento neste momento passa pela luta política", diziam no megafone, para acalmar os simpatizantes.
Durante mais 45 minutos, houve mais ameaças e corre-corre pelo centro de Lisboa, que teve o trânsito bloqueado.
Portugueses fazem protesto em Lisboa contra imigrantes e violência
JAIR RATTNERda BBC Brasil, em Lisboa
A extrema direita portuguesa realizou neste sábado a sua maior manifestação desde o retorno do país à democracia, em 1974. O principal motivo do protesto foi o arrastão que ocorreu na praia da Carcavelos no dia 10 de junho.
Mais de 500 pessoas andaram pelo centro de Lisboa pedindo o fim dos crimes e a expulsão dos imigrantes ilegais.
No arrastão de Carcavelos, cerca de 500 jovens cercaram e roubaram os freqüentadores dessa praia que fica próxima à capital portuguesa. Os criminosos seriam descendentes de imigrantes das ex-colônias portuguesas na África.
A manifestação deste sábado foi convocada por duas organizações de extrema direita: a Frente Nacional e o Partido Nacional Renovador.
Passeata
As faixas no local traziam dizeres como "Basta! Imigrantes = Criminosos" e "Não há direitos iguais quando somos um alvo por sermos brancos".
De cabeça raspada, com roupas e botas pretas, apesar do calor de 35 graus, Mário Machado, dirigente da Frente Nacional, disse à BBC Brasil que "Portugal passa por uma grande crise, com tensões raciais brutais".
"Os negros se juntam em gangues de 500 pessoas e os ciganos, em grupos de 200, para roubar a população. O nosso governo não tem coragem de admitir isso, porque não é politicamente correto falar em raça", disse Machado.
Ele disse que os imigrantes ilegais seriam responsáveis pelo aumento da criminalidade no país e que a solução para o problema estaria na "repatriação imediata de todos os imigrantes ilegais" do território português.
Machado tem uma suástica tatuada no seu braço direito: "É o símbolo das nossas tradições e dos povos arianos que habitavam a Europa desde o princípio".
Apesar de não usar roupas ou corte de cabelo que o pudessem identificar como membro de um grupo de extrema direita, José Pinto Coelho, vice-presidente do Partido Nacional Renovador, propõe medidas mais radicais.
"Defendemos a denúncia dos acordos de Schengen [que acabou com o controle de fronteira em alguns países da Europa] e a reposição das fronteiras. O mínimo que pretendemos é saber quem entra em Portugal. Precisamos alterar a lei de nacionalidade de modo que só filhos de portugueses sejam portugueses. É necessário repatriar todos os imigrantes que estejam na prática do crime."
Skinheads
Depois de discursos contra os imigrantes e a criminalidade, a manifestação saiu em passeata do Martim Moniz (um bairro onde se reúnem muitos indianos) e para o Rossio (local em que costumam se encontrar os imigrantes da Guiné-Bissau).
Muitos skinheads presentes, com broches da Frente Nacional, vestiam uma camiseta preta com os dizeres "Morte aos traidores". Na parte de trás, uma citação do "fundador e primeiro rei" de Portugal, d. Afonso Henriques: "Vós a nenhuma pessoa não perdoeis, nem deis vida a homem ou mulher, nem moços nem velhos, de qualquer idade ou qualidade sejam."
Os manifestantes gritavam "Portugal, Portugal", cantavam o hino nacional com a mão direita esticada --na típica saudação nazista-- e entoavam palavras de ordem como "Basta ao crime".
Um senhor de cabelos brancos vestindo uma camiseta com a bandeira do Brasil acompanhava a manifestação. "Eles têm razão. Antes não tínhamos essa criminalidade toda", afirmou João Cordeiro, um português aposentado que recebeu a camiseta de presente do filho.
Contramanifestação
No Rossio, a manifestação terminou com discursos no meio da praça, enquanto na calçada lateral formou-se uma manifestação espontânea que gritava palavras de ordem como "fascistas!", "fascismo nunca mais" e "25 de abril sempre" (uma referência à revolução que trouxe a democracia de volta ao país).
O clima ficou tenso. Na praça, os gritos eram de "Portugal, Portugal" e "Volta para a tua terra", quando viam um negro. Vários negros subiram na entrada do metrô e fizeram sinais obscenos aos manifestantes do outro lado da rua.
A tropa de choque separou os dois lados.
Os organizadores tentaram evitar confrontos: "O movimento neste momento passa pela luta política", diziam no megafone, para acalmar os simpatizantes.
Durante mais 45 minutos, houve mais ameaças e corre-corre pelo centro de Lisboa, que teve o trânsito bloqueado.
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