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21/06/2005
-
20h01
da BBC Brasil, em Roma
Em seu primeiro livro publicado desde que foi eleito papa, Joseph Ratzinger toca em um dos temas principais de seu pontificado: a reevangelização da Europa. Defende as raízes cristãs do continente e analisa temas da atualidade. Afirma que é necessário um diálogo entre cristãos e laicos e define o aborto como "homicídio".
O livro tem 144 páginas e chama-se "A Europa de Bento, na Crise das Culturas", em referência ao papa Bento 15, pacificador da Europa, que inspirou Ratzinger na escolha do nome quando eleito sucessor de João Paulo 2°.
O texto foi apresentado nesta terça-feira em Roma pelo presidente da Conferência Episcopal Italiana, o cardeal Camillo Ruini, considerado o grande articulador da derrota do referendo que visava mudar a lei italiana sobre inseminação artificial.
O livro foi escrito quando Ratzinger ainda não tinha sido eleito papa, em períodos diferentes. A primeira parte foi escrita em 1992, e a última, no dia 1° de abril, um dia antes da morte do papa João Paulo 2°.
Um dos capítulos é inteiramente dedicado ao direito à vida na Europa. Nele o papa reivindica o direito de voltar a se manifestar contra o aborto, apesar de uma "boa parte da opinião pública, constituída pelos bem pensantes, achar exagerado e inoportuno".
Segundo o pontífice, o respeito à vida humana é "condição essencial para que haja uma vida social digna deste nome". Ele escreve que "não há pequenos homicídios" e que "cada legalização do aborto demonstra que a força prevalece sobre o direito, assim são ameaçadas as bases de uma autêntica democracia fundada na ordem e na justiça".
Base cristã
Joseph Ratzinger dedica boa parte de seu livro ao exame das raízes cristãs da Europa e critica o fato de a Constituição Européia não mencioná-las. Bento 16 não concorda que apenas o direito à liberdade seja considerado como base da identidade européia - uma idéia que nasceu com o iluminismo.
Ratzinger reconhece os valores da cultura atual, como a liberdade religiosa, os direitos do homem e a democracia, mas destaca seus limites como uma cultura "antimetafísica", que não considera Deus.
A liberdade individual que não discrimina, na opinião do papa, pode se tornar facilmente um "novo dogmatismo" e até representar uma ameaça à própria liberdade de expressão religiosa.
"Logo, logo não se poderá mais afirmar que o homossexualismo, como ensina a Igreja Católica, constitui uma objetiva desordem na estrutura da existência humana, e o fato de a Igreja Católica ser convicta de que não deve ordenar mulheres como sacerdotes é considerado, desde já, como inconciliável com o espírito da Constituição Européia."
Ratzinger afirma que uma árvore sem raízes seca e diz que a Europa precisa de homens como Bento de Norcia, que soube criar um novo mundo partindo das ruínas de uma cidade. E dá um conselho para quem não acredita em Deus: "procurar viver como se Deus existisse e não negando sua existência, como indicavam os iluministas".
Ciência
O livro também trata de inseminação artificial e bioética. Fala de terrorismo e analisa a relação entre fé e ciência, direito à vida e aborto. O papa também critica a cultura iluminista que, segundo ele, afastou o homem de Deus e o está levando "à beira de um abismo".
De acordo com Bento 16, eleito papa no dia 19 de abril passado, o homem vive hoje um momento de grande perigo e de grandes oportunidades. Seu domínio sobre a matéria cresceu de modo impensável e seu poder de destruição atingiu dimensões que "provocam horror".
Na lista das grandes ameaças o papa coloca o terrorismo e o uso de armas nucleares e biológicas. As possibilidades de "automanipulação que o homem conseguiu" são menos visíveis, mas também são ameaças inquietantes, em sua opinião, principalmente se não houver uma "medida moral".
"O homem sabe clonar homens, então o faz. Sabe usar os outros homens como depósito de órgãos para outros homens, e por isso o faz, porque parece ser esta uma exigência de sua liberdade. O homem sabe construir bombas atômicas, e o faz. O terrorismo também se baseia nesta modalidade de auto-autorização do homem e não nos ensinamentos do Alcorão", escreve Bento 16.
Ao lado destas grandes questões, Joseph Ratzinger coloca o que define como problemas planetários.
A desigualdade na distribuição dos bens da terra, o empobrecimento crescente, o desfrutamento da terra e de seus recursos, a fome, as doenças, o choque de culturas.
"Tudo isso mostra que o crescimento de nossas possibilidades não corresponde ao desenvolvimento de nossa energia moral, que diminuiu", escreve o papa, que considera esse desequilíbrio como "o verdadeiro e mais grave perigo deste momento".
Ratzinger fala da reevangelização da Europa em seu 1° livro como papa
ASSIMINA VLAHOUda BBC Brasil, em Roma
Em seu primeiro livro publicado desde que foi eleito papa, Joseph Ratzinger toca em um dos temas principais de seu pontificado: a reevangelização da Europa. Defende as raízes cristãs do continente e analisa temas da atualidade. Afirma que é necessário um diálogo entre cristãos e laicos e define o aborto como "homicídio".
O livro tem 144 páginas e chama-se "A Europa de Bento, na Crise das Culturas", em referência ao papa Bento 15, pacificador da Europa, que inspirou Ratzinger na escolha do nome quando eleito sucessor de João Paulo 2°.
O texto foi apresentado nesta terça-feira em Roma pelo presidente da Conferência Episcopal Italiana, o cardeal Camillo Ruini, considerado o grande articulador da derrota do referendo que visava mudar a lei italiana sobre inseminação artificial.
O livro foi escrito quando Ratzinger ainda não tinha sido eleito papa, em períodos diferentes. A primeira parte foi escrita em 1992, e a última, no dia 1° de abril, um dia antes da morte do papa João Paulo 2°.
Um dos capítulos é inteiramente dedicado ao direito à vida na Europa. Nele o papa reivindica o direito de voltar a se manifestar contra o aborto, apesar de uma "boa parte da opinião pública, constituída pelos bem pensantes, achar exagerado e inoportuno".
Segundo o pontífice, o respeito à vida humana é "condição essencial para que haja uma vida social digna deste nome". Ele escreve que "não há pequenos homicídios" e que "cada legalização do aborto demonstra que a força prevalece sobre o direito, assim são ameaçadas as bases de uma autêntica democracia fundada na ordem e na justiça".
Base cristã
Joseph Ratzinger dedica boa parte de seu livro ao exame das raízes cristãs da Europa e critica o fato de a Constituição Européia não mencioná-las. Bento 16 não concorda que apenas o direito à liberdade seja considerado como base da identidade européia - uma idéia que nasceu com o iluminismo.
Ratzinger reconhece os valores da cultura atual, como a liberdade religiosa, os direitos do homem e a democracia, mas destaca seus limites como uma cultura "antimetafísica", que não considera Deus.
A liberdade individual que não discrimina, na opinião do papa, pode se tornar facilmente um "novo dogmatismo" e até representar uma ameaça à própria liberdade de expressão religiosa.
"Logo, logo não se poderá mais afirmar que o homossexualismo, como ensina a Igreja Católica, constitui uma objetiva desordem na estrutura da existência humana, e o fato de a Igreja Católica ser convicta de que não deve ordenar mulheres como sacerdotes é considerado, desde já, como inconciliável com o espírito da Constituição Européia."
Ratzinger afirma que uma árvore sem raízes seca e diz que a Europa precisa de homens como Bento de Norcia, que soube criar um novo mundo partindo das ruínas de uma cidade. E dá um conselho para quem não acredita em Deus: "procurar viver como se Deus existisse e não negando sua existência, como indicavam os iluministas".
Ciência
O livro também trata de inseminação artificial e bioética. Fala de terrorismo e analisa a relação entre fé e ciência, direito à vida e aborto. O papa também critica a cultura iluminista que, segundo ele, afastou o homem de Deus e o está levando "à beira de um abismo".
De acordo com Bento 16, eleito papa no dia 19 de abril passado, o homem vive hoje um momento de grande perigo e de grandes oportunidades. Seu domínio sobre a matéria cresceu de modo impensável e seu poder de destruição atingiu dimensões que "provocam horror".
Na lista das grandes ameaças o papa coloca o terrorismo e o uso de armas nucleares e biológicas. As possibilidades de "automanipulação que o homem conseguiu" são menos visíveis, mas também são ameaças inquietantes, em sua opinião, principalmente se não houver uma "medida moral".
"O homem sabe clonar homens, então o faz. Sabe usar os outros homens como depósito de órgãos para outros homens, e por isso o faz, porque parece ser esta uma exigência de sua liberdade. O homem sabe construir bombas atômicas, e o faz. O terrorismo também se baseia nesta modalidade de auto-autorização do homem e não nos ensinamentos do Alcorão", escreve Bento 16.
Ao lado destas grandes questões, Joseph Ratzinger coloca o que define como problemas planetários.
A desigualdade na distribuição dos bens da terra, o empobrecimento crescente, o desfrutamento da terra e de seus recursos, a fome, as doenças, o choque de culturas.
"Tudo isso mostra que o crescimento de nossas possibilidades não corresponde ao desenvolvimento de nossa energia moral, que diminuiu", escreve o papa, que considera esse desequilíbrio como "o verdadeiro e mais grave perigo deste momento".
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