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12/06/2006 - 15h03

Análise: EUA e Iraque tentam capitalizar boas notícias

CAIO BLINDER, em Nova York
da BBC Brasil

Não é todo dia que se mata um extremista como Abu Musab al Zarqawi ou que um governo iraquiano consegue montar um ministério.

Para o presidente George W. Bush e o primeiro-ministro Nouri al Maliki, essas boas notícias são uma oportunidade para capitalizar. É preciso aproveitar para mostrar esforços tangíveis no Iraque, embora com um mais do que realista tom de sobriedade.

Afinal, três anos após a invasão, milhares de mortos e bilhões de dólares gastos, os resultados de pacificação e reconstrução do país são frustrantes.

Com a liderança americana acampada no retiro de Camp David e os iraquianos na sua habitual e superprotegida praça de guerra na "zona verde" de Bagdá, está em curso uma reunião transcontinental de cúpula para coordenar os esforços. O encontro já estava programado antes da morte de Zarqawi, mas ganhou novos ritmo e importância em razão das notícias positivas.

Os americanos antecipam que nenhum anúncio de redução de tropas está previsto nessas "sessões estratégicas" que terminam na terça-feira.

O encontro é visto como uma oportunidade para dar ao primeiro-minstro Maliki uma plataforma para alinhar suas prioridades e dizer como Washington pode ajudar. Nesta terça-feira haverá uma vídeoconferência com a participação de Bush e seus principais ministros e Maliki e sua equipe.

Maliki já alinhou algumas prioridades: uma nova ofensiva de reconstrução da infraestrutura (como restaurar eletricidade em Bagdá, onde o serviço não funciona por mais de oito horas diárias), além é claro de conter a violência sectária e tornar as forças de segurança mais eficientes.

São prioridades que custam dinheiro, e o Congresso em Washington está cada vez menos inclinado a liberar verbas. Autoridades americanas e iraquianas admitem que a idéia é buscar bilhões de dólares em investimentos e assistência nos países do golfo Pérsico, que até agora não foram muito generosos.

Impaciência e desolação

Maliki não quer se converter em mais um primeiro-ministro iraquiano (já foram dois interinos) que não teve o poder consolidado, apesar das promessas americanas.

Mais este desafio para Bush acontece em um momento crítico. Entre os americanos, mais de dois terços hoje consideram que o projeto iraquiano não compensou, existem as pressões, inclusive entre republicanos, para a redução de tropas e os ciclos de boas notícias (como a captura de Saddam Hussein ou eleições) nunca se revelaram duradouros.

Existem, portanto, impaciência entre os americanos e desolação entre os iraquianos.

Na última sexta-feira (9), Bush deixou claro que o engajamento do seu país no Iraque é a longo prazo. O presidente, porém, não mencionou que o plano é manter no Iraque por décadas a fio dezenas de milhares de soldados, em um esquema parecido com o da Coréia do Sul.

Para tal cenário é fundamental uma consolidação da ordem estabelecida com o fim de regime de Saddam Hussein. Escalada de violência desenfreada no Iraque significaria um incremento das pressões dentro dos EUA para que as tropas americanas batam em retirada.

Dan Bartlett, conselheiro político da Casa Branca, afirmou que "todos reconhecem" que a morte de Zarqawi e a finalização do ministério de Maliki (nas pastas da Defesa e do Interior) são oportunidades decisivas para mostrar sucesso no Iraque.

Já uma alta fonte anônima do governo Bush foi bem dramática em declarações ao "The New York Times". Disse que essas "sessões estratégicas" em Camp David são a "última, a melhor chance" para colocar as coisas iraquianas nos eixos, num reconhecimento implícito de que os esforços anteriores desgovernaram.

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