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16/06/2006 - 18h49

Governo do Iraque exagera no otimismo, dizem analistas

PAULO CABRAL
da BBC Brasil, no Cairo

Analistas árabes ouvidos pela BBC Brasil acreditam que o governo iraquiano está se precipitando ao dizer que está perto de uma vitória completa contra a Al-Qaeda no Iraque.

O conselheiro de Segurança Nacional do governo iraquiano, Mouwafak al-Rubaie, disse em uma entrevista coletiva na quinta-feira que a Al Qaeda no Iraque tinha chegado "ao começo do fim".

Al-Rubaie afirmou que agora "o governo está em vantagem" e que informações valiosas - encontradas no local onde o líder da Al Qaeda Abu Musab al-Zarqawi estava escondido quando foi morto pelo exército americano - podem levar à destruição completa da organização.

O analista político iraquiano Waleed al-Zubaid diz que nos últimos dois anos os iraquianos ouvem constantemente notícias de que o governo teria prendido ou matado centenas de militantes da Al-Qaeda.

"A insurgência só veio ganhando força todo este tempo. A morte de al-Zarqawi e a descoberta de mais alguns nomes de líderes insurgentes não vai mudar tanto assim as coisas", disse ele, por telefone, de Bagdá.

Ocupação

Al-Zubaid diz que o que mais fortalece os insurgentes é exatamente a presença americana no Iraque.

"Se o governo gostaria de resolver o problema da insurgência, eles têm que discutir logo com os americanos a saída das tropas daqui. Enquanto o Iraque estiver sob ocupação, a insurgência que a combate só vai se fortalecer", diz.

O ex-embaixador egípcio em Londres e integrante do Conselho de Relações Exteriores do Egito, Mohamed Shaker, concorda que a ocupação americana acaba sendo um dos principais fatores na instabilidade política do Iraque.

Mas Shaker não vê sinais de que os Estados Unidos estejam próximos de fazer qualquer retirada significativa de tropas que estão no país.

"Alguns dos países que têm poucos soldados no Iraque estão discutindo a possibilidade de sair, mas os Estados Unidos e a Grã Bretanha ainda parecem estar bem longe disso", diz.

Para o ex-embaixador, "este é um equilíbrio muito delicado e difícil de ser atingido. As tropas estrangeiras não podem sair imediatamente porque senão a violência explodiria, mas a própria presença deles lá é uma das principais causas de violência e instabilidade."

Popularidade

Shaker concorda com as afirmações dos governos do Iraque e dos Estados Unidos de que a morte de al-Zarqawi foi um golpe duro contra o grupo Al-Qaeda no Iraque.

Ele ressalva que é difícil avaliar, de fora, exatamente qual é a posição das autoridades no combate ao grupo insurgente, mas diz ter a impressão de que o governo do Iraque pode estar exagerando no otimismo, para ganhar o máximo com a morte de al-Zarqawi.

"Parece-me que o governo está falando cedo demais que a Al-Qaeda no Iraque está chegando ao fim", diz.

A correspondente do serviço árabe da BBC em Bagdá, Shaza el-Sabary, diz que a população não ficou muito impressionada com as afirmações de vitória iminente feitas pelo governo.

"Os iraquianos vêem muita violência todos os dias e estão muito céticos em relação a todas as promessas do governo a respeito de segurança", diz.

"Além disso, tem outros problemas muito sérios no dia-a-dia que também preocupam as pessoas, como a falta de água e eletricidade."
 

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