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04/07/2006 - 15h21

Derrota na Copa 'não afeta marca Brasil', diz especialista

MÔNICA VASCONCELOS
da BBC Brasil

A derrota da seleção brasileira na Copa não deve afetar a marca Brasil, uma das que tem o maior potencial no planeta. Mas o país ainda precisa aprender a explorar a força que a marca oferece.

Esta é a avaliação do consultor e especialista em marketing de nações Simon Anholt.

Autor de vários livros sobre o assunto, o especialista se declara apaixonado pelo Brasil, tendo inclusive passado um período no país trabalhando ao lado dos publicitários Nizan Guanaes e Washington Olivetto.

"O mundo globalizado é como um grande supermercado onde nações competem para vender seus produtos", diz Anholt. "E o sucesso de cada nação depende da força da sua marca."

Marca Campeã

Criador do Nation Brands Index, um ranking que mede a força das marcas de cada país, Anholt diz que o Brasil tem uma das marcas mais poderosas do mundo.

"Embora o Brasil nunca tenha deliberadamente tentado construir essa marca, ela tem um grande poder no imaginário da população do planeta".

Anholt explica que fatos isolados como a derrota na Copa não interferem na marca.

"Eu faço uma analogia com as estrelas que vemos no céu hoje, mas que já nem existem mais. A marca Brasil como a vemos hoje foi construída entre os anos 20 e os anos 80", diz Anholt.

"A vitória na Copa reforçaria a marca de um país conhecido por seu futebol excepcionalmente bom. A derrota, por não se encaixar na idéia que as pessoas têm do Brasil, será logo esquecida."

Em pesquisas mundo afora, Simon Anholt concluiu que a marca Brasil é uma das mais poderosas que existem.

"Aonde quer que eu vá, se pergunto a uma pessoa o que pensa do Brasil, a reação é a mesma", explica. "Seu rosto se ilumina e ela fala de praia, futebol, música e da floresta amazônica."

"Se eu pergunto sobre os aspectos negativos, a pessoa fala de violência, drogas, de um dos piores índices de distribuição de renda do mundo e da corrupção."

Anholt diz, no entanto, que as pesquisas mostram que os entrevistados continuam achando o Brasil um grande país.

Fraco Desempenho

A mais recente edição do Anholt Nation Brands Index traz a Grã-Bretanha como a marca de país mais poderosa do mundo, seguida por Itália, Suíça, Canadá e Alemanha.

O Brasil aparece na 22ª posição, abaixo da Hungria e acima de Cingapura.

Os Estados Unidos estão em nono e a China está em 19º lugar.

Simon Anholt diz que o desempenho da marca Brasil não condiz com a força do nome.

"O país precisa aprender a agregar a força da marca aos seus produtos para que eles tenham um melhor desempenho no exterior".

"E não estou falando só de mercadorias. Estou falando de turismo, de atrair investimentos, de aumentar a influência do Brasil na esfera da política internacional, de exportar cultura brasileira", explica.

A receita de Anholt parece simples. Você pergunta ao consumidor o que ele gosta no Brasil. Ele responde que gosta da alegria, da música, do ritmo. Então você sabe que pode vender CDs, instrumentos de percussão e camisetas com estampas alegres, ou seja, produtos que refletem a imagem do Brasil.

Mas a situação se complica quando se trata de produtos que não se encaixam nesse estereótipo.

"Como a Embraer sabe, a etiqueta Made in Brazil não ajuda a vender aviões a jato. É mais difícil vender aviões se eles são feitos no Brasil", diz Anholt.

Mas o país não só produz aviões como já mandou um foguete ao espaço.

Simon Anholt diz que a batalha pelo reconhecimento do Brasil como uma potência tecnológica no exterior será árdua e longa.

"A idéia de um Brasil que envia foguetes ao espaço contraria a percepção que o mundo tem do país. E as pessoas são muito apegadas a essa idéia confortadora, de um país alegre e despreocupado."

Ginga criativa

Anholt diz que os brasileiros estão promovendo sua tecnologia da maneira certa. Estão fazendo parcerias com empresas americanas de tecnologia, criando prêmios para destacar suas conquistas tecnológicas, fazendo "trade shows".

"Mas o importante é garantir que algumas das qualidades que o mundo associa com o Brasil estejam refletidas na forma como o país cria tecnologia", diz. "Porque estamos falando de tecnologia brasileira e não japonesa."

Simon Anholt vai publicar em breve um estudo que mede o poder das marcas de cada Estado dos Estados Unidos.

E também está estudando as marcas de cada país africano.

Segundo ele, a idéia de uma marca --África--, no lugar de marcas ligadas a países específicos, como a África do Sul, é ruim para os países do continente.

O motivo, segundo ele, é que a região acaba sendo sempre associada à fome e a crises políticas.

"Meu objetivo nos próximos 5 anos é abolir a África", diz. "Essa marca, constantemente promovida por gente como Bob Geldof e Bono, é perigosa e negativa."

"Fica impossível para qualquer país africano competir".
 

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