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09/09/2006 - 14h33

Equipes de resgate do WTC têm doenças respiratórias

BRUNO GARCEZ
da BBC Brasil, em Nova York

Um estudo recém divulgado nos Estados Unidos afirma que 69% dos que atuaram nas operações de resgate nos escombros do World Trade Center (WTC) após os ataques de 11 de setembro de 2001 passaram a sofrer de doenças respiratórias ou tiveram um agravamento de condições que já apresentavam.

A consulta foi realizada entre 9.442 pessoas entre julho de 2001 e abril de 2004, pelo Mount Sinai School of Medicine, um dos mais conceituados centros de pesquisa médica dos Estados Unidos.

Mas o estudo afirma que o número de pessoas atingidas pode ser bem maior, uma vez que cerca de 40 mil pessoas estiveram expostas à poeira tóxica e aos diversos poluentes presentes no local em que as chamadas torres gêmeas do World Trade Center despencaram.

O Mount Sinai já havia realizado uma pesquisa semelhante há dois anos, que revelou que mais da metade dos 1.138 pessoas que consultou e que atuaram em resgates nos escombros do WTC apresentavam graves condições respiratórias.

Toxinas

O novo estudo afirma que muitos dos que foram expostos às toxinas necessitarão de acompanhamento médico por 30 anos a 50 anos, a fim de que não desenvolvam males crônicos ou até doenças malignas.

De acordo com a pesquisa, 61% das pessoas consultadas disseram não ter quaisquer problemas respiratórios antes das operações de resgate realizadas após os ataques de 11 de Setembro.

No início deste ano, o Corpo de Bombeiros de Nova York divulgou uma outra pesquisa na qual afirmava que bombeiros que atuaram no WTC sofreram uma perda de sua capacidade pulmonar um ano após ataques proporcional à que teriam sofrido em 12 anos de atividades regulares.

O documento do Mount Sinai explica que tais sintomas seriam decorrentes da vasta quantidade de gases tóxicos inalados por médicos, enfermeiros, bombeiros, paramédicos, policiais e operários que trabalharam nos escombros das torres gêmeas.

De acordo com o estudo, a combustão de 90 mil litros de combustível dos aviões que se chocaram contra as torres criou uma densa nuvem de fumaça negra contendo materiais como benzina e metais.

O colapso do WTC1 e do WTC2 e em seguida de um terceiro prédio, o WTC7, gerou uma nuvem de poeira contendo milhares de toneladas de partículas de cimento, fibra de vidro, asbestos, chumbo e pesticidas, entre outras substâncias.

Tosse do World Trade Center

Os participantes da pesquisa contam ter notado indícios de distúrbios respiratórios logo após 11 de Setembro. Integrantes do Corpo de Bombeiros de Nova York afirmam ter desenvolvido uma tosse crônica, que chegou a ser apelidada de "tosse do World Trade Center". Além desse sintoma, passaram a ter também dificuldades de respirar e a sofrer de hiperatividade bronquial.

Segundo a pesquisa, após terem tido contato com a área dos atentados, operários passaram a apresentar tosse crônica e respiração com chiado.

Outros sintomas registrados pelos participantes do estudo foram asma, sinusite, inflamação das cordas vocais, pneumonia e laringite.

A pesquisa afirma que apesar de contar com uma vasta rede hospitalar e um eficaz sistema de saúde, Nova York não teve infra-estrutura suficiente para realizar exames de saúde ocupacional e oferecer tratamentos após os ataques de 11 de Setembro.

O prefeito de Nova York, o republicano Michael Bloomberg, anunciou na semana passada que devido às crescentes provas de que alguns dos que foram expostos à fumaça e aos detritos do WTC estão sofrendo de problemas respiratórios, é necessário ampliar a atual capacidade da cidade de oferecer exames e tratamentos médicos.

Para isso, a prefeitura pretende criar o Centro de Saúde do WTC, capaz de atender seis mil pacientes. O novo centro médico contará com investimentos de US$ 16 milhões (cerca de R$ 34,5 milhões) e a previsão é de que ele seja inaugurado em 2007.

De acordo com a prefeitura, será dada especial atenção aos pacientes que não têm recursos para participar de programas de saúde do governo federal, como os que não têm seguro médico e imigrantes sem documentação.

Críticas a Bush

Durante uma audiência realizada na última sexta-feira, em Nova York, políticos americanos fizeram críticas às operações de auxílio a moradores da área do World Trade Center e trabalhadores que atuaram nos escombros das torres.

A senadora democrata Hillary Rodham Clinton disse que o governo Bush ignorou os problemas de saúde de residentes da região e de pessoas que atuaram nos destroços do WTC. A senadora afirmou ainda que o governo federal "deliberadamente iludiu pessoas a acreditar que era seguro retornar" à região, pouco após os atentados.

A audiência contou com a participação de pessoas que atuaram no local dos ataques. Steven M. Centore contou ter participado de uma equipe médica no WTC após os ataques e afirmou que por ter tido contato com substâncias tóxicas hoje sofre de problemas respiratórios, gastrointestinais e circulatórios.

John Howard, o coordenador do programa de Saúde federal dedicado a vítimas do 11 de Setembro, afirmou que o governo irá destinar já no próximo mês uma verba inicial de US$ 75 milhões (cerca de R$ 162 milhões) para a realização de exames e tratamentos.

Ele acrescentou que em seguida o governo pretende também levantar o número exato de pessoas que precisarão ser tratadas, os custos de implantação dos tratamentos e os tipos de programas médicos que serão necessários.
 

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