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02/10/2006 - 11h06

Eleição de Collor é fenômeno regional, dizem analistas

DENIZE BACOCCINA
da BBC Brasil, em Brasília

A eleição de Fernando Collor de Mello como senador por Alagoas representa um fenômeno regional, e não a volta do ex-presidente ao cenário político nacional, na opinião de analistas ouvidos pela BBC Brasil.

“Ele vai tentar criar uma versão para sua vitória e dizer que os descamisados o colocaram de volta em Brasília, mas isso não é verdade”, diz o historiador e cientista político Marco Antonio Villa, professor da Universidade Federal de São Carlos. “Não é a volta do caçador de marajás”, afirma.

O cientista político Octavio Amorim Neto, professor de Ciência Política da Escola de Economia da FGV, no Rio de Janeiro, também diz que a dimensão política de Collor é eminentemente local. “Não tem nenhum significado para a política nacional”, diz ele.

Os dois concordam que Collor deve se manter distante dos verdadeiros núcleos do poder de Brasíla, com uma atuação discreta no Senado. “Ninguém vai querer se aproximar dele porque ele é um passivo político. E ele é inteligente o suficiente para saber disso”, diz Amorim Neto.

Fim de ciclo

Para Villa, a eleição de Collor representa o fim de um ciclo na política brasileira,. “Os opostos de 1989 podem estar juntos em 2007. É o fim de um ciclo ideológico na política brasileira”, diz ele, referindo-se à eleição em que Collor ganhou de Lula para presidente.

Eleito em 1989, Collor renunciou à Presidência em 1992 para evitar um impeachment, quando vieram à tona as denúncias de corrupção no seu governo. Ainda assim, teve os direitos políticos cassados pelo Senado até 2000.

Em 2002, perdeu a eleição para governador de Alagoas para Ronaldo Lessa, agora derrotado por Collor no Senado. “A vitória de Collor representa o desgaste do governo de Lessa”, diz Villa.

A partir de 2007, Collor vai ocupar a vaga que era de Heloisa Helena, que preferiu disputar a eleição para presidente em vez de tentar a reeleição no Congresso.

“É uma ironia”, diz Amorim Neto. Na semana passada, Heloisa Helena ficou irritada quando foi perguntada por um jornalista sobre como se sentia ao ver que Collor estava prestes a ocupar sua vaga no Senado.

Ela acusou Collor de estar sendo apoiado por Lula. Collor já declarou que votaria em Lula, mas Lula nunca apoiou publicamente Collor. O candidato da coligação de Lula no Estado teve pouco mais de 5% dos votos para senador.

Com a cláusula de barreira, que estabelece restrições para os partidos que não atingiram 5% dos votos em todo o país, o PRTB, pelo qual Collor foi eleito, deve se fundir com outros partidos menores ou o senador pode migrar para um partido maior.
 

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