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13/10/2006
-
08h53
da BBC Brasil, em Roma
O festival de cinema de Roma, que começa nesta sexta feira com 95 filmes em cartaz, convidados ilustres como Sean Connery, Martin Scorsese e Nicole Kidman, mal estreou e já é visto como grande rival e possível ameaça ao festival de Veneza.
A imprensa italiana chegou a usar o termo “guerra fria” para definir o clima de competição que se instaurou entre as duas cidades, principalmente porque entre um festival e o outro se passou apenas um mês.
Há quem acredite que essa rivalidade só deverá enfraquecer os festivais das duas cidades e há quem torça por um ou pelo outro, como o cineasta Martin Scorsese, para quem Roma é, naturalmente, a “cidade do cinema”.
Mas para outros, como o crítico de cinema Paolo D’Agostini, a rivalidade “será um estímulo para uma competição boa e saudável”.
"Cinecittá"
O centro da festa do cinema de Roma será o Auditorio, conjunto de salas para concertos projetado pelo arquiteto Renzo Piano. Mas a agenda, que vai até dia 21, prevê eventos em vários pontos da cidade, do centro à periferia.
Um desses pontos é a célebre Cinecittà - complexo de estúdios onde foram realizados Cleópatra e Ben-Hur além dos filmes de mestres como Federico Fellini, De Sica e outros.
A via Veneto, rua que ganhou fama com A Doce Vida de Fellini, tornando-se símbolo do período de ouro do cinema italiano e dos “paparazzi”, foi transformada em área de negócios, para a compra e venda de filmes durante o festival.
Alem da projeção de filmes haverá mostras de roupas de cena e fotos, apresentação de filmes restaurados - como Roma Cidade Aberta, de Roberto Rossellini, homenagens, concertos e palestras.
“É uma festa, não um festival. Um ato de gratidão para com o cinema”, fez questão de esclarecer o prefeito Walter Veltroni em entrevista ao jornal “La Stampa”, com intenção de acalmar o tom da disputa com Veneza.
A declaração foi interpretada como uma resposta às criticas do diretor do festival de Veneza, Marco Muller.
Assim que soube da iniciativa romana, Muller comentou que apenas os filmes que Veneza e Cannes recusaram participariam do festival de Roma.
Não há grandes nomes do cinema entre os 16 principais filmes em concurso em Roma.
Brasil
Nas sessões paralelas, concorrendo a prêmios menores, há dois brasileiros. Breno Silveira com Dois Filhos de Francisco, na sessão Alice nela Città e Fernando Meirelles e Regina Casé com Cidade dos Homens, minissérie da TV Globo em pré-estréia internacional na sessão Extra.
As maiores estrelas não têm filmes em concurso. Sean Connery será homenageado com um prêmio e uma retrospectiva. Martin Scorsese apresenta, com Leonardo di Caprio, seu último filme, The Departed. Nicole Kidman apresenta Fur, de Steven Shainberg.
A imprensa italiana comenta que Roma tem mais convidados famosos que Veneza.
Na opinião do crítico de cinema Paolo D’Agostini, a competição não é um problema. Ele acha que os dois festivais podem conviver sem problema porque tem identidades diferentes e bem marcadas. Roma seria mais popular, e a caríssima Veneza mais elitista.
“A ambição de Roma é a de restituir ao cinema a sua dimensão popular”, disse D’Agostini, em entrevista à BBC Brasil. Segundo ele, isto será evidenciado com o destaque dado aos atores, símbolo da popularidade. “Ao invés de entrevistas coletivas para jornalistas, eles vão falar com o público”.
O público poderá encontrar Robert de Niro e outros atores, além de cineastas como Martin Scorsese, Luc Besson, Bernardo Bertolucci e Marco Bellocchio. O preço do ingresso é de cinco euros e, segundo o prefeito de Roma, já foram vendidos 40 mil.
O júri, cujo presidente é o cineasta Ettore Scola, será majoritariamente popular. Os 50 jurados foram escolhidos entre pessoas comuns que não trabalham na área de cinema.
“Já Veneza, que é o mais antigo festival de cinema do mundo, fundado em 1932, sempre teve uma vocação elitista, mais exclusiva, muito artística”, analisa Paolo D’Agostini.
Competição
O crítico, autor de livros sobre o cinema italiano, acredita, contudo, que se o festival romano tiver grande sucesso, pode causar mudanças, sobretudo com relação aos interlocutores internacionais.
O fato de haver apenas um mês de diferença entre um festival e outro pode ser um problema, segundo ele. “Os convidados dificilmente irão a dois festivais seguidos”, observou.
A atriz brasileira Florinda Bolkan, que trabalhou com Lucchino Visconti e Elio Petri, não vê risco imediato para Veneza. “Está todo mundo entusiasmado com a festa de Roma, mas Veneza é uma outra coisa, é como Nova York e o Oscar. Acho muito difícil, ao menos nesta primeira edição, que haja uma concorrência”, declarou à BBC Brasil.
Apesar de reviver em parte os anos 60, a festa de Roma não tem tom nostálgico, na avaliação de Paolo D’Agostini. Ele acha que o evento “é um percurso articulado que compreende uma peregrinação a locais lendários do cinema italiano”.
Mas por outro lado “recupera a consciência de que cinema faz parte da identidade cultural nacional e é também patrimônio econômico e empresarial, fonte de trabalho”.
Festival de Roma abre 'competindo' com Veneza
ASSIMINA VLAHOUda BBC Brasil, em Roma
O festival de cinema de Roma, que começa nesta sexta feira com 95 filmes em cartaz, convidados ilustres como Sean Connery, Martin Scorsese e Nicole Kidman, mal estreou e já é visto como grande rival e possível ameaça ao festival de Veneza.
A imprensa italiana chegou a usar o termo “guerra fria” para definir o clima de competição que se instaurou entre as duas cidades, principalmente porque entre um festival e o outro se passou apenas um mês.
Há quem acredite que essa rivalidade só deverá enfraquecer os festivais das duas cidades e há quem torça por um ou pelo outro, como o cineasta Martin Scorsese, para quem Roma é, naturalmente, a “cidade do cinema”.
Mas para outros, como o crítico de cinema Paolo D’Agostini, a rivalidade “será um estímulo para uma competição boa e saudável”.
"Cinecittá"
O centro da festa do cinema de Roma será o Auditorio, conjunto de salas para concertos projetado pelo arquiteto Renzo Piano. Mas a agenda, que vai até dia 21, prevê eventos em vários pontos da cidade, do centro à periferia.
Um desses pontos é a célebre Cinecittà - complexo de estúdios onde foram realizados Cleópatra e Ben-Hur além dos filmes de mestres como Federico Fellini, De Sica e outros.
A via Veneto, rua que ganhou fama com A Doce Vida de Fellini, tornando-se símbolo do período de ouro do cinema italiano e dos “paparazzi”, foi transformada em área de negócios, para a compra e venda de filmes durante o festival.
Alem da projeção de filmes haverá mostras de roupas de cena e fotos, apresentação de filmes restaurados - como Roma Cidade Aberta, de Roberto Rossellini, homenagens, concertos e palestras.
“É uma festa, não um festival. Um ato de gratidão para com o cinema”, fez questão de esclarecer o prefeito Walter Veltroni em entrevista ao jornal “La Stampa”, com intenção de acalmar o tom da disputa com Veneza.
A declaração foi interpretada como uma resposta às criticas do diretor do festival de Veneza, Marco Muller.
Assim que soube da iniciativa romana, Muller comentou que apenas os filmes que Veneza e Cannes recusaram participariam do festival de Roma.
Não há grandes nomes do cinema entre os 16 principais filmes em concurso em Roma.
Brasil
Nas sessões paralelas, concorrendo a prêmios menores, há dois brasileiros. Breno Silveira com Dois Filhos de Francisco, na sessão Alice nela Città e Fernando Meirelles e Regina Casé com Cidade dos Homens, minissérie da TV Globo em pré-estréia internacional na sessão Extra.
As maiores estrelas não têm filmes em concurso. Sean Connery será homenageado com um prêmio e uma retrospectiva. Martin Scorsese apresenta, com Leonardo di Caprio, seu último filme, The Departed. Nicole Kidman apresenta Fur, de Steven Shainberg.
A imprensa italiana comenta que Roma tem mais convidados famosos que Veneza.
Na opinião do crítico de cinema Paolo D’Agostini, a competição não é um problema. Ele acha que os dois festivais podem conviver sem problema porque tem identidades diferentes e bem marcadas. Roma seria mais popular, e a caríssima Veneza mais elitista.
“A ambição de Roma é a de restituir ao cinema a sua dimensão popular”, disse D’Agostini, em entrevista à BBC Brasil. Segundo ele, isto será evidenciado com o destaque dado aos atores, símbolo da popularidade. “Ao invés de entrevistas coletivas para jornalistas, eles vão falar com o público”.
O público poderá encontrar Robert de Niro e outros atores, além de cineastas como Martin Scorsese, Luc Besson, Bernardo Bertolucci e Marco Bellocchio. O preço do ingresso é de cinco euros e, segundo o prefeito de Roma, já foram vendidos 40 mil.
O júri, cujo presidente é o cineasta Ettore Scola, será majoritariamente popular. Os 50 jurados foram escolhidos entre pessoas comuns que não trabalham na área de cinema.
“Já Veneza, que é o mais antigo festival de cinema do mundo, fundado em 1932, sempre teve uma vocação elitista, mais exclusiva, muito artística”, analisa Paolo D’Agostini.
Competição
O crítico, autor de livros sobre o cinema italiano, acredita, contudo, que se o festival romano tiver grande sucesso, pode causar mudanças, sobretudo com relação aos interlocutores internacionais.
O fato de haver apenas um mês de diferença entre um festival e outro pode ser um problema, segundo ele. “Os convidados dificilmente irão a dois festivais seguidos”, observou.
A atriz brasileira Florinda Bolkan, que trabalhou com Lucchino Visconti e Elio Petri, não vê risco imediato para Veneza. “Está todo mundo entusiasmado com a festa de Roma, mas Veneza é uma outra coisa, é como Nova York e o Oscar. Acho muito difícil, ao menos nesta primeira edição, que haja uma concorrência”, declarou à BBC Brasil.
Apesar de reviver em parte os anos 60, a festa de Roma não tem tom nostálgico, na avaliação de Paolo D’Agostini. Ele acha que o evento “é um percurso articulado que compreende uma peregrinação a locais lendários do cinema italiano”.
Mas por outro lado “recupera a consciência de que cinema faz parte da identidade cultural nacional e é também patrimônio econômico e empresarial, fonte de trabalho”.
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