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26/10/2006
-
07h38
da BBC Brasil, em Nova York
Nas eleições que levaram Bill Clinton à presidência em 1992, o marqueteiro democrata James Carville martelou os trabalhadores de campanha com o slogan "é a economia, estúpido!".
Com a mesma truculência, o bruxo eleitoral republicano Karl Rove tenta impedir que seu partido perca o controle do Congresso em 7 de novembro batendo na tecla que "é a base, estúpido!".
Rove está rezando pela mesma cartilha que deu a vitória aos republicanos nos últimos ciclos eleitorais, mas desta vez a tarefa é mais ingrata.
A chave é mobilizar a base conservadora, com foco na direita religiosa que nas últimas semanas deu sinais de desencanto com o establishment do partido, em particular na questão de escândalos éticos em Washington.
Recado
Não ajuda muito na cruzada de Rove o livro recém-lançado de Davio Kuo, ex-assessor religioso da Casa Branca, revelando que pelas costas muitos funcionários do governo ridicularizam ativistas evangélicos como "loucos".
Talvez uma "onda" democrata não se concretize nas eleições, como se apregoa, mas não há dúvidas que a oposição irá causar estrago.
A prioridade republicana é conter o dano, fazendo o possível para que os setores mais frustrados da base não fiquem em casa no dia da votação ou até se desloquem para a banda democrata.
O recado de Rove e do resto do comando do partido para a base é simples: não importa a sua desilusão com a gente. Nada será pior do que um Congresso com maioria democrata.
Medo x esperança
A deputada Nancy Pelosi, que, em caso de vitória da oposição, irá ocupar a presidência da Câmara, é tratada como um demônio liberal pelos republicanos mais conservadores.
É uma campanha destinada a inspirar mais medo do que esperança no eleitorado, que também tem como pedra-de-toque a idéia de que os republicanos, muito mais do que os democratas, estão melhor preparados para proteger o país de ameaças como o terrorismo.
A mensagem está sendo repetida com estridência por influentes apresentadores conservadores de talk-shows no rádio e na televisão.
Na terça-feira, uma tenda foi armada nos jardins da Casa Branca para que 42 apresentadores radiofônicos pudessem transmitir ao vivo entrevistas com dirigentes republicanos.
Alguns destes jornalistas conservadores são mais cândidos para assumir sua decepção com o governo republicano, mas no geral dizem que é fundamental pressionar por ajustes de rumo, seja na questão ética, seja no Iraque.
Provocação
Outros são irredutíveis para prosseguir na política de terra arrasada contra os democratas.
O antológico Rush Limbaugh mais uma vez não decepcionou com suas provocações.
No seu programa de rádio, ele acusou o ator Michael J. Fox, que sofre de mal de Parkinson, de "estar encenando ou de não estar sob medicação" nos comerciais de campanha de candidatos democratas a favor de pesquisas com células-tronco.
Já o presidente George W. Bush - com taxa de aprovação abaixo de 40% - não é o cabo eleitoral mais popular neste momento.
Muitos candidatos republicanos preferem distância da Casa Branca e de sua política iraquiana.
Alguns no sufoco topam qualquer endosso e quando não dá entrevistas coletivas, como a de quarta-feira, Bush circula pelo país arrecadando fundos e fazendo campanha para quem estiver interessado.
No Estado da Pensilvânia, o presidente foi dar uma mão para Don Sherwood, em campanha de reeleição na Câmara.
O deputado está metido num escândalo de adultério, o que não impediu Bush de dizer que ele é o "homem certo" para representar o distrito.
Com certeza, o grosso da base conservadora não irá trair o Partido Republicano em 7 de novembro.
Isto, porém, pode ser insuficiente para impedir um dano de bom tamanho.
As pesquisas mostram que por uma margem decente os eleitores independentes desta vez estão sendo seduzidos pelos democratas.
Não se trata de amor pela oposição, mas de decepção com os republicanos. É o mau governo, estúpido!
Análise: Republicanos mobilizam base para conter dano eleitoral
CAIO BLINDERda BBC Brasil, em Nova York
Nas eleições que levaram Bill Clinton à presidência em 1992, o marqueteiro democrata James Carville martelou os trabalhadores de campanha com o slogan "é a economia, estúpido!".
Com a mesma truculência, o bruxo eleitoral republicano Karl Rove tenta impedir que seu partido perca o controle do Congresso em 7 de novembro batendo na tecla que "é a base, estúpido!".
Rove está rezando pela mesma cartilha que deu a vitória aos republicanos nos últimos ciclos eleitorais, mas desta vez a tarefa é mais ingrata.
A chave é mobilizar a base conservadora, com foco na direita religiosa que nas últimas semanas deu sinais de desencanto com o establishment do partido, em particular na questão de escândalos éticos em Washington.
Recado
Não ajuda muito na cruzada de Rove o livro recém-lançado de Davio Kuo, ex-assessor religioso da Casa Branca, revelando que pelas costas muitos funcionários do governo ridicularizam ativistas evangélicos como "loucos".
Talvez uma "onda" democrata não se concretize nas eleições, como se apregoa, mas não há dúvidas que a oposição irá causar estrago.
A prioridade republicana é conter o dano, fazendo o possível para que os setores mais frustrados da base não fiquem em casa no dia da votação ou até se desloquem para a banda democrata.
O recado de Rove e do resto do comando do partido para a base é simples: não importa a sua desilusão com a gente. Nada será pior do que um Congresso com maioria democrata.
Medo x esperança
A deputada Nancy Pelosi, que, em caso de vitória da oposição, irá ocupar a presidência da Câmara, é tratada como um demônio liberal pelos republicanos mais conservadores.
É uma campanha destinada a inspirar mais medo do que esperança no eleitorado, que também tem como pedra-de-toque a idéia de que os republicanos, muito mais do que os democratas, estão melhor preparados para proteger o país de ameaças como o terrorismo.
A mensagem está sendo repetida com estridência por influentes apresentadores conservadores de talk-shows no rádio e na televisão.
Na terça-feira, uma tenda foi armada nos jardins da Casa Branca para que 42 apresentadores radiofônicos pudessem transmitir ao vivo entrevistas com dirigentes republicanos.
Alguns destes jornalistas conservadores são mais cândidos para assumir sua decepção com o governo republicano, mas no geral dizem que é fundamental pressionar por ajustes de rumo, seja na questão ética, seja no Iraque.
Provocação
Outros são irredutíveis para prosseguir na política de terra arrasada contra os democratas.
O antológico Rush Limbaugh mais uma vez não decepcionou com suas provocações.
No seu programa de rádio, ele acusou o ator Michael J. Fox, que sofre de mal de Parkinson, de "estar encenando ou de não estar sob medicação" nos comerciais de campanha de candidatos democratas a favor de pesquisas com células-tronco.
Já o presidente George W. Bush - com taxa de aprovação abaixo de 40% - não é o cabo eleitoral mais popular neste momento.
Muitos candidatos republicanos preferem distância da Casa Branca e de sua política iraquiana.
Alguns no sufoco topam qualquer endosso e quando não dá entrevistas coletivas, como a de quarta-feira, Bush circula pelo país arrecadando fundos e fazendo campanha para quem estiver interessado.
No Estado da Pensilvânia, o presidente foi dar uma mão para Don Sherwood, em campanha de reeleição na Câmara.
O deputado está metido num escândalo de adultério, o que não impediu Bush de dizer que ele é o "homem certo" para representar o distrito.
Com certeza, o grosso da base conservadora não irá trair o Partido Republicano em 7 de novembro.
Isto, porém, pode ser insuficiente para impedir um dano de bom tamanho.
As pesquisas mostram que por uma margem decente os eleitores independentes desta vez estão sendo seduzidos pelos democratas.
Não se trata de amor pela oposição, mas de decepção com os republicanos. É o mau governo, estúpido!
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