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22/12/2006
-
10h26
da BBC Brasil, em Roma
Por ter seu segundo milagre confirmado pelo Vaticano nesta sexta-feira, o frei Galvão deve se tornar o primeiro santo nascido no Brasil.
O novo milagre atribuído a ele, e reconhecido pelo papa Bento 16, foi ter salvo a vida de uma mãe e seu bebê em São Paulo, em 1999, 177 anos após a sua morte.
Invocado por orações, o frei Antonio de Sant’Anna Galvão teria intercedido para que o parto de alto risco fosse bem-sucedido.
A cerimônia de canonização de frei Galvão poderá acontecer durante a visita do Pontífice ao Brasil, em maio do ano que vem.
O milagre
Sandra Grossi de Almeida e seu filho Enzo de Almeida Gallafassi, que atualmente moram em Brasília, corriam risco de vida.
A postuladora da causa de canonização de frei Galvão, irmã Célia Cadorim, disse que foi a intervenção do religioso que salvou a vida dos dois.
Sandra tinha dificuldade para engravidar por causa de um problema no útero, que lhe provocou três abortos espontâneos entre 1993 e 1994, de acordo com o relatório apresentado por irmã Célia aos examinadores da Congregação da Causa dos Santos, no Vaticano.
"Ela tinha útero bicorne, com duas cavidades de dimensões muito pequenas e assimétricas, como se fosse uma parede. Com tal formação, não corrigida cirurgicamente, era impossível levar a termo qualquer gravidez, pois o feto não tinha espaço suficiente para crescer e se formar", explica irma Célia.
Nesta situação, Sandra voltou a ficar grávida em 1999.
Em agosto, sua ginecologista, Dra. Vera Lucia Delascio Lopes, fez uma "cerclagem cervical" preventiva, para evitar o fim de outra gravidez.
A gravidez era julgada de altíssimo risco - o parto seria muito prematuro e, além disso, úteros malformados podem provocar sangramentos maiores.
"Sandra sabia que, no momento do parto, poderia ter uma hemorragia e morrer", diz irmã Célia.
Apesar de o prognóstico médico ser de provável interrupção da gravidez, ou de que ela atingisse no máximo o 5° mês, a gestação evoluiu normalmente até a 32° semana.
Neste período, Sandra fez repouso absoluto de junho a novembro de 1999, internada na maternidade Pro Matre de São Paulo.
O parto cesariano foi realizado no dia 11 de dezembro, depois da ruptura da bolsa e de oligoamnio severo, isto é, perda do líquido amniótico. Não houve, entretanto, complicações.
A criança nasceu pesando quase dois quilos e medindo 42 cm. Apresentava problemas respiratórios, com doença das “membranas hialinas”, classificada como sendo de 4° grau, isto é, o mais grave, o que colocava em risco sua vida.
"O quadro teve uma evolução muito rápida e a criança foi extubada no dia 12, recebendo alta no dia 19 de dezembro", diz o relatorio da postuladora que acompanhou o caso do frei Galvão.
Especialistas médicos e teólogos consultados durante o processo de canonização de frei Galvão disseram que o sucesso do caso, considerado raro, deve ser atribuido à intervenção do beato brasileiro.
"Desde o início e durante toda a gravidez, ele foi invocado pela família com muita oração e por Sandra que, além de fazer novenas, tomou as 'pílulas de frei Galvão'", afirma Célia.
Mosteiro da Luz
O religioso, que nasceu em Guaratinguetá, interior de São Paulo, e viveu na capital entre 1762 e 1822, ficou conhecido por suas "pílulas", pedacinhos de papel com uma oração à Nossa Senhora que, ingeridas, teriam o dom de curar pessoas com doenças renais e mulheres com problemas de gravidez.
O frade franciscano, fundador do mosteiro da Luz, em São Paulo, havia sido declarado beato pelo papa Joao Paulo 2° em 1998. Para ser declarado santo, era necessária a comprovação de um segundo milagre.
O caso de Sandra foi levado à Curia de São Paulo para o processo diocesano, em 2004, sendo analisado por sete médicos brasileiros e cinco do Vaticano.
No mesmo ano, foi considerado válido pela Congregação da Causa dos Santos, que havia examinado outros seis casos, apresentados pela postuladora da causa de frei Galvão.
O papa Bento 16 autorizou a promulgação do decreto de reconhecimento do milagre no dia 16 de dezembro.
Milagre duplo confirma santidade de frei Galvão
ASSIMINA VLAHOUda BBC Brasil, em Roma
Por ter seu segundo milagre confirmado pelo Vaticano nesta sexta-feira, o frei Galvão deve se tornar o primeiro santo nascido no Brasil.
O novo milagre atribuído a ele, e reconhecido pelo papa Bento 16, foi ter salvo a vida de uma mãe e seu bebê em São Paulo, em 1999, 177 anos após a sua morte.
Invocado por orações, o frei Antonio de Sant’Anna Galvão teria intercedido para que o parto de alto risco fosse bem-sucedido.
A cerimônia de canonização de frei Galvão poderá acontecer durante a visita do Pontífice ao Brasil, em maio do ano que vem.
O milagre
Sandra Grossi de Almeida e seu filho Enzo de Almeida Gallafassi, que atualmente moram em Brasília, corriam risco de vida.
A postuladora da causa de canonização de frei Galvão, irmã Célia Cadorim, disse que foi a intervenção do religioso que salvou a vida dos dois.
Sandra tinha dificuldade para engravidar por causa de um problema no útero, que lhe provocou três abortos espontâneos entre 1993 e 1994, de acordo com o relatório apresentado por irmã Célia aos examinadores da Congregação da Causa dos Santos, no Vaticano.
"Ela tinha útero bicorne, com duas cavidades de dimensões muito pequenas e assimétricas, como se fosse uma parede. Com tal formação, não corrigida cirurgicamente, era impossível levar a termo qualquer gravidez, pois o feto não tinha espaço suficiente para crescer e se formar", explica irma Célia.
Nesta situação, Sandra voltou a ficar grávida em 1999.
Em agosto, sua ginecologista, Dra. Vera Lucia Delascio Lopes, fez uma "cerclagem cervical" preventiva, para evitar o fim de outra gravidez.
A gravidez era julgada de altíssimo risco - o parto seria muito prematuro e, além disso, úteros malformados podem provocar sangramentos maiores.
"Sandra sabia que, no momento do parto, poderia ter uma hemorragia e morrer", diz irmã Célia.
Apesar de o prognóstico médico ser de provável interrupção da gravidez, ou de que ela atingisse no máximo o 5° mês, a gestação evoluiu normalmente até a 32° semana.
Neste período, Sandra fez repouso absoluto de junho a novembro de 1999, internada na maternidade Pro Matre de São Paulo.
O parto cesariano foi realizado no dia 11 de dezembro, depois da ruptura da bolsa e de oligoamnio severo, isto é, perda do líquido amniótico. Não houve, entretanto, complicações.
A criança nasceu pesando quase dois quilos e medindo 42 cm. Apresentava problemas respiratórios, com doença das “membranas hialinas”, classificada como sendo de 4° grau, isto é, o mais grave, o que colocava em risco sua vida.
"O quadro teve uma evolução muito rápida e a criança foi extubada no dia 12, recebendo alta no dia 19 de dezembro", diz o relatorio da postuladora que acompanhou o caso do frei Galvão.
Especialistas médicos e teólogos consultados durante o processo de canonização de frei Galvão disseram que o sucesso do caso, considerado raro, deve ser atribuido à intervenção do beato brasileiro.
"Desde o início e durante toda a gravidez, ele foi invocado pela família com muita oração e por Sandra que, além de fazer novenas, tomou as 'pílulas de frei Galvão'", afirma Célia.
Mosteiro da Luz
O religioso, que nasceu em Guaratinguetá, interior de São Paulo, e viveu na capital entre 1762 e 1822, ficou conhecido por suas "pílulas", pedacinhos de papel com uma oração à Nossa Senhora que, ingeridas, teriam o dom de curar pessoas com doenças renais e mulheres com problemas de gravidez.
O frade franciscano, fundador do mosteiro da Luz, em São Paulo, havia sido declarado beato pelo papa Joao Paulo 2° em 1998. Para ser declarado santo, era necessária a comprovação de um segundo milagre.
O caso de Sandra foi levado à Curia de São Paulo para o processo diocesano, em 2004, sendo analisado por sete médicos brasileiros e cinco do Vaticano.
No mesmo ano, foi considerado válido pela Congregação da Causa dos Santos, que havia examinado outros seis casos, apresentados pela postuladora da causa de frei Galvão.
O papa Bento 16 autorizou a promulgação do decreto de reconhecimento do milagre no dia 16 de dezembro.
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