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30/12/2006
-
13h40
da BBC Brasil, no Cairo
A execução de Saddam Hussein não deve ter grandes impactos de longo prazo no Iraque, segundo analistas árabes ouvidos pela BBC Brasil.
Eles admitem que há um risco significativo de episódios de violência em retaliação à morte do ex-presidente, mas dizem que não o suficiente para alterar significativamente o grau de violência no país.
"Já há ataques acontecendo diariamente no Iraque e não são as reações destes sadamistas e baathistas que vão alterar tanto as coisas. Na verdade, eles só respondem por cerca de 10% dos grupos insurgentes";, diz o pesquisador iraquiano Mustafa al Ani, do Centro de Pesquisas do Golfo, em Dubai.
O chefe do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Birzeit, na Cisjordânia, Samir Awad, também não acredita em um aumento significativo da violência no Iraque, mas tampouco vê conseqüências positivas na execução de Saddam Hussein.
"A punição a Saddam pode ser correta, mas não acho que um ato de vingança vá ajudar no processo de reconciliação do Iraque", diz Awad.
Antipatia
Al Ani observa que o grau de antipatia pelo ex-presidente caiu no Iraque nos últimos anos.
"Quando os americanos chegaram ao Iraque, a rejeição e o ódio a Saddam eram maiores do que agora. Depois de três anos de violência e de problemas há muita gente com a impressão de que as coisas estavam até melhores com ele", diz.
O pesquisador afirma que Saddam "tinha mesmo que ser punido por todos os crimes que cometeu&", mas diz que não está certo de que a pena de morte foi mesmo a melhor opção para longo prazo no Iraque.
"Não acho que isto vá ter qualquer efeito positivo sobre a reconciliação de que o Iraque tanto precisa", disse.
Julgamentos
Samir Awad também lamenta que a execução agora tenha impedido que Saddam Hussein seja julgado por outras acusações de ter cometido crimes contra os direitos humanos durante o seu governo.
Ainda está em curso o julgamento a respeito da morte de dezenas de milhares de curdos no norte do Iraque no fim dos anos 1980, na Operação Anfal, promovida em retaliação a um levante contra o governo.
"Deveria haver mais tempo para que as acusações contra o regime de Saddam Hussein fossem corretamente investigadas e julgadas", opina Awad.
"Este primeiro julgamento teve várias falhas, e mesmo levando-se em conta a necessidade de punir Saddam, procedimentos melhores deveriam ter sido observados", diz ele.
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PAULO CABRALda BBC Brasil, no Cairo
A execução de Saddam Hussein não deve ter grandes impactos de longo prazo no Iraque, segundo analistas árabes ouvidos pela BBC Brasil.
Eles admitem que há um risco significativo de episódios de violência em retaliação à morte do ex-presidente, mas dizem que não o suficiente para alterar significativamente o grau de violência no país.
"Já há ataques acontecendo diariamente no Iraque e não são as reações destes sadamistas e baathistas que vão alterar tanto as coisas. Na verdade, eles só respondem por cerca de 10% dos grupos insurgentes";, diz o pesquisador iraquiano Mustafa al Ani, do Centro de Pesquisas do Golfo, em Dubai.
O chefe do Departamento de Ciências Políticas da Universidade Birzeit, na Cisjordânia, Samir Awad, também não acredita em um aumento significativo da violência no Iraque, mas tampouco vê conseqüências positivas na execução de Saddam Hussein.
"A punição a Saddam pode ser correta, mas não acho que um ato de vingança vá ajudar no processo de reconciliação do Iraque", diz Awad.
Antipatia
Al Ani observa que o grau de antipatia pelo ex-presidente caiu no Iraque nos últimos anos.
"Quando os americanos chegaram ao Iraque, a rejeição e o ódio a Saddam eram maiores do que agora. Depois de três anos de violência e de problemas há muita gente com a impressão de que as coisas estavam até melhores com ele", diz.
O pesquisador afirma que Saddam "tinha mesmo que ser punido por todos os crimes que cometeu&", mas diz que não está certo de que a pena de morte foi mesmo a melhor opção para longo prazo no Iraque.
"Não acho que isto vá ter qualquer efeito positivo sobre a reconciliação de que o Iraque tanto precisa", disse.
Julgamentos
Samir Awad também lamenta que a execução agora tenha impedido que Saddam Hussein seja julgado por outras acusações de ter cometido crimes contra os direitos humanos durante o seu governo.
Ainda está em curso o julgamento a respeito da morte de dezenas de milhares de curdos no norte do Iraque no fim dos anos 1980, na Operação Anfal, promovida em retaliação a um levante contra o governo.
"Deveria haver mais tempo para que as acusações contra o regime de Saddam Hussein fossem corretamente investigadas e julgadas", opina Awad.
"Este primeiro julgamento teve várias falhas, e mesmo levando-se em conta a necessidade de punir Saddam, procedimentos melhores deveriam ter sido observados", diz ele.
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