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01/03/2007 - 14h21

Chávez, Fidel e MST criticam produção de etanol

CLAUDIA JARDIM
da BBC Brasil, em Caracas

A poucos dias da visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, à América Latina, os presidentes de Venezuela, Hugo Chávez, e Cuba, Fidel Castro criticaram a utilização do etanol como alternativa ao petróleo.

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) também criticou a expansão da indústria da cana na América Latina e a aproximação entre Brasil e Estados Unidos na produção de etanol.

O assunto dos biocombustíveis é um dos principais temas da pauta de Bush em sua passagem pelo Brasil, nos dias 8 e 9 de março.

Em uma conversa por telefone com o presidente cubano, na terça-feira, Chávez e Castro ironizaram a utilização de alimentos para produção de combustíveis.

“Você sabe quantos hectares de milho são necessários para produzir um milhão de barris de etanol?”, perguntou Chávez a Fidel, durante a transmissão radiofônica do programa Alô, Presidente.

“Creio que você falou outro dia em 20 milhões de hectares, algo como isso, mas me lembre”, afirmou Fidel, entre risos.

Chávez confirmou a cifra, abrindo espaço para as críticas de Fidel Castro.

“Bom, a idéia de usar alimentos para produzir combustíveis é trágica, é dramática. Ninguém tem garantia de onde vão chegar os preços dos alimentos, quando a soja está se convertendo em combustível (...) é mais uma das tragédias que acontecem neste momento”, afirmou Fidel.

“Me alegro muito que você tenha levantado a bandeira para salvar a espécie. (...) Porque existem problemas novos, muito difíceis e você está como um pregador, realmente, um grande pregador, convertido em defensor da causa, o defensor da vida da espécie, e, por isso, te felicito”, disse Fidel, que conversou com Chávez durante 32 minutos.

Brasil e EUA

As críticas do governo venezuelano à produção do etanol têm marcado os discursos de Chávez na última semana.

Em uma entrevista coletiva realizada no sábado, Chávez disse que é “imoral” destinar alimentos para a produção de combustível para carros.

“Um hectare de milho corresponde a 18,8 litros de etanol (...) 70% da água utilizada na agricultura é para a manutenção de monoculturas. Milhões de famílias poderiam ser alimentadas com esse milho que está sendo convertido em etanol”, criticou Chávez.

“Os Estados Unidos precisam reduzir o consumo de energia, essa é a solução”, afirmou.

Chávez poupou o Brasil de críticas. Segundo ele, a decisão do governo brasileiro é “compreensível” considerando que apenas recentemente o país alcançou a auto-suficiência em produção petroleira.

Brasil e Estados Unidos juntos respondem por 70% da produção e consumo mundial do etanol.

Ambos países estão negociando um padrão técnico para o etanol, o primeiro passo para a transformação do álcool combustível em uma commodity internacional, que seria negociada em bolsas de mercadorias como o petróleo ou a soja.

Para alguns analistas brasileiros, o interesse dos EUA em buscar um acordo com Brasil está relacionado ao interesse de abrir o caminho para o capital norte-americano nas usinas brasileiras, controlando assim a produção do etanol do país.

MST

Na quarta-feira, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) divulgou um manifesto assinado por vários movimentos sociais da América Latina criticando a expansão da indústria da cana na região.

“O atual modelo de produção de bioenergia é sustentado nos mesmos elementos que sempre causaram a opressão de nossos povos: apropriação de território, de bens naturais, de força de trabalho”, afirma nota à imprensa divulgada pelo MST.

O MST também fez críticas à aproximação entre Brasil e Estados Unidos sobre o etanol.

“Essa é claramente uma face da estratégia geopolítica dos Estados Unidos para enfraquecer a influência de países como Venezuela e Bolívia na região.”
 

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