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08/01/2001 - 07h38

Historiador diz que série sobre história do país busca visão independente

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RAQUEL ULHÔA
da Folha de S.Paulo

O professor Marco Antonio Villa, responsável pela nova versão da história do Brasil contada pelo PSDB, não é filiado ao partido.

Satisfeito com o resultado (ele temia ser simplista ou panfletário), Villa espera que os fascículos possam ajudar o debate da história nas salas de aula, tornando a disciplina mais agradável.

Segundo ele, o leitor vai encontrar no texto "uma interpretação" independente da história do Brasil e não "a" interpretação.

Diante de reflexões e opiniões contraditórias de sociólogos, historiadores, economistas e outros, o leitor será motivado a ter sua própria compreensão dos fatos.

Leia, a seguir, trechos da entrevista do historiador Villa à Folha.


Folha - No primeiro fascículo, o sr. demoliu o mito de Tiradentes. Há outros casos, ao longo da coleção?
Marco Antonio Villa
- Tem sim. A historiografia acabou consagrando que o Império era atraso, e a República, o progresso. Procuramos demonstrar que não é tão simples assim. A República significa um golpe militar reacionário e conservador e teve um significado anti-negro muito forte.


Folha - Quais seriam os principais personagens da nossa história?
Villa
- D. Pedro 1º é um personagem contraditório.
Faz um discurso liberal e teve uma prática autoritária, o que representa muito uma tendência no Brasil até hoje.
A grande figura do século 19 é d. Pedro 2º. Ficou 50 anos como chefe de Estado. Nunca foi acusado de um ato de corrupção e tinha séria preocupação com os negócios públicos.
Logo após o 15 de Novembro, vem uma corrupção deslavada. A política do encilhamento é terrível, porque há um enriquecimento ilícito de muita gente. A República, paradoxalmente, acabou transformando a coisa pública em coisa privada.


Folha - Na história mais recente, quais os personagens que o sr. destaca?
Villa
- Teotônio Vilela, que tem um câncer terrível e passa a ter um papel fundamental na abertura democrática. Ulysses Guimarães, que tem um papel importante na luta contra a ditadura.
Eu tenho a simpatia pessoal por todos aqueles que se posicionam contra a ditadura: (Carlos) Lamarca, (Carlos) Marighella, tantos outros...Cito todos esses...Os estudantes de 68 também...


Folha - Como o sr. trata esse período do regime militar?
Villa
- É um assunto espinhoso esse. A história é um problema. É um terreno pantanoso. É difícil tratar. Tudo tem implicação com o presente. E esse é um passado muito recente.
Também é o caso de 64. Na história, não existe o condicional "se", mas em 64 talvez não tivéssemos o golpe se o presidente não fosse um banana como era o João Goulart, um inconsequente, incapacitado para o cargo.
Nesse tema personagens, se d. Pedro 2º é o mito do século 19, o grande mito do século 20 é Getúlio Vargas.
Se, de um lado, há conquistas importantes dos trabalhadores no longo período varguista, por outro, a gente não pode esquecer a barbárie do Estado Novo. A repressão, a censura, quantos não foram assassinados nas prisões? O suicídio acaba sendo um gesto que impede o golpe de Estado que a UDN estava montando. Você pode dizer que ele atrasou o golpe de Estado em dez anos.


Folha - E o governo atual, como o sr. trata?
Villa
- Esse é um outro ponto delicado, pela proximidade histórica. Então preferi apenas colocar os fatos, deixando a interpretação para o leitor.
No caso das privatizações, por exemplo, coloquei a versão do governo e a da oposição.
 

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