Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
26/01/2001 - 13h05

Fórum de Porto Alegre faz oposição em meio à diversidade

Publicidade

da Reuters
em Porto Alegre

Pelo menos no que diz respeito ao ambiente e ao tipo de participantes, o Fórum Social Mundial, que começou na quinta-feira em Porto Alegre, está cumprindo o que seria de esperar de um evento que pretende buscar direções para o desenvolvimento do planeta diferentes das apresentadas pelo neoliberalismo.

Pessoas vindas de todas as partes do planeta caminhavam pelo prédio da PUC que funciona como sede do evento tendo em comum um discurso contra a globalização econômica atual, variando apenas na ênfase do problema, ou da solução.

"O problema é que a globalização tem uma dinâmica exclusivamente mercantilista", disse à Reuters David Gazunki, do Burundi, membro da Fundação Leopold Mayen para o Progresso do Homem.

Mais do que anti-globalização, respira-se no fórum um ar de esquerda, de oposição, algo cada vez mais raro nos dias de hoje, pelo menos em eventos de grande porte.

Uma amostra disso podia ser percebida nos estandes de livrarias, editoras e outras entidades participantes. Poderia ser uma pequena feira de livros como outra qualquer. Não fosse o fato da absoluta concentração em publicações ligadas direta ou indiretamente à esquerda, nos sentidos mais amplos que se pode entendê-la hoje.

Era possível encontrar novos lançamentos como ``Bioterapia'', da ativista indiana Vandana Shiva, crítica dos transgênicos, ate livros não tão recentes, mas ainda novos como uma coletânea de diversos autores com o sugestivo nome de ``Globalização e Socialismo''. Isso sem contar, claro, com trabalhos de Marx e outros clássicos do pensamento de esquerda.

E o fórum não atrai apenas participantes do Terceiro Mundo. A norte-americana Alesha Daughtrey veio a Porto Alegre em busca de contatos para combater a embrionária Área de Livre Comércio das América (Alca), uma das principais iniciativas da política externa dos Estados Unidos para América Latina na última década.

``Nós esperamos expandir nosso trabalho na América Latina... queremos trabalhar uma agenda para tratar da Alca'', disse Daughtrey, que trabalha no programa Global Trade Watch da Organização Public Citzens, à Reuters. ``Somos contra a Alca'', acrescentou, explicando que, sob o Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte), os salários dos trabalhadores norte-americanos e mexicanos caíram nos últimos anos.

Ainda em seu início, o fórum seguia gerando expectativas otimistas quanto à sua importância, expectativa que apenas os próximos dias vão mostrar serem corretas ou não.

"O fórum é um marco para a criação de uma nova cultura política, de solidariedade. É necessário impregnar no desenvolvimento os desejos, as necessidades humanas", disse à Reuters o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro (PT), pouco antes da cerimônia de abertura. Para ele, é preciso colocar "no centro da globalização o ser humano e não o movimento da mercadoria".
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página