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06/02/2001
-
03h15
KENNEDY ALENCAR, da Folha de S.Paulo
Na reta final das eleições para as presidências da Câmara e do Senado, Fernando Henrique Cardoso abandonou a neutralidade oficial e beneficiou no bastidor as candidaturas do tucano Aécio Neves (MG) e do peemedebista Jader Barbalho (PA).
Para favorecer Aécio na Câmara e Jader no Senado, FHC abortou uma tese defendida por alguns de seus ministros: um acordo nas eleições congressuais entre o PFL, o PMDB e o PSDB.
Também derrubou a articulação do presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), para lançar Lúcio Alcântara (PSDB-CE) candidato à presidência do Senado.
Orientação
O presidente sabe que suas ações contrariam o PFL. Para não correr o risco de o partido derrotá-lo de novo no Congresso, orientou líderes governistas a não votar o projeto que limita as medidas provisórias nem apreciar MPs polêmicas.
FHC pretende recompor totalmente a base parlamentar apenas depois do dia 14, quarta-feira da semana que vem, data marcada das eleições para as
presidências da Câmara e do Senado.
No entanto, FHC já age para ir acalmando os ânimos, segundo expressão de um auxiliar.
Anteontem, encontrou-se com o presidente do PFL, o senador Jorge Bornhausen (SC), e com o vice-presidente da República, Marco Maciel (PFL), no Palácio da Alvorada. Ontem de manhã, recebeu o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), e o líder do governo no Congresso, Arthur Virgílio (PSDB-AM).
No fim da tarde, reuniu-se com os coordenadores políticos: os ministros Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral), Pedro Parente (Casa Civil), Andrea Matarazzo (Comunicação de Governo) e Pimenta da Veiga (Comunicações), além dos líderes Virgílio, Arnaldo Madeira (Câmara) e José Roberto Arruda (Senado).
Estratégia
A estratégia de FHC é obstruir a pauta da convocação extraordinária para não votar a emenda constitucional que limita o poder das MPs na Câmara e apreciar no Congresso apenas medidas provisórias menos polêmicas. No último caso, a ordem é votar apenas se o PFL ficar com o governo.
No fim-de-semana, quando descansava em São Paulo, o presidente deixou claro para um interlocutor que, se antes dizia que não podia interferir na acirrada disputa congressual, agora passaria a atuar para derrotar ACM, principal cacique do PFL.
FHC avalia que ACM é o pai da guerra na Câmara e Senado. Crê que o senador forçou o PSDB e o PMDB a fecharem um acordo de apoio mútuo em torno de Aécio e Jader e acabou por levar o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), a se tornar um candidato a presidente da Câmara indesejável para o governo.
Na quarta-feira passada, Inocêncio se aliou à oposição e derrubou uma MP. No dia seguinte, porém, Bornhausen e Maciel atuavam para amansar o PFL.
ACM na mira
Apesar do recuo pefelista, o presidente julga que uma interferência sua nas eleições da Câmara e do Senado neste momento, depois de se sentir chantageado pelo PFL, só favoreceria ACM.
A ingerência do Planalto agora significaria, na Câmara, rifar a candidatura de Aécio em benefício da de Inocêncio ou de um outro pefelista e, no Senado, enfraquecer a postulação de Jader.
Uma ação dessa enfureceria PSDB e PMDB, siglas que jogam juntas para
defender o governo na convocação extraordinária.
Como o Planalto já avaliava desde a semana passada que as candidaturas de Aécio e Jader já se consolidavam como favoritas, a rebelião do PFL serviu como desculpa para FHC considerar a dupla mais adequada para ele.
O maior obstáculo de Jader, depois de ter conseguido sair candidato com o apoio de 23 dos 26 senadores da sigla, seria um óbice do Planalto em nome da paz na base do governo. Essa também seria a maior ameaça a Aécio.
No Planalto, diz-se que Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral), Pedro Parente (Casa Civil) e Pimenta da Veiga (Comunicações) ainda avaliavam a possibilidade de entendimento com o PFL.
O presidente, por intermédio do tucano Tasso Jereissati, governador do Ceará, neutralizou a articulação de ACM para que Lúcio Alcântara disputasse o Senado.
Colaborou WILLIAM FRANÇA, da Sucursal de Brasília
No bastidor, FHC favorece eleições de Jader e Aécio
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Na reta final das eleições para as presidências da Câmara e do Senado, Fernando Henrique Cardoso abandonou a neutralidade oficial e beneficiou no bastidor as candidaturas do tucano Aécio Neves (MG) e do peemedebista Jader Barbalho (PA).
Para favorecer Aécio na Câmara e Jader no Senado, FHC abortou uma tese defendida por alguns de seus ministros: um acordo nas eleições congressuais entre o PFL, o PMDB e o PSDB.
Também derrubou a articulação do presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), para lançar Lúcio Alcântara (PSDB-CE) candidato à presidência do Senado.
Orientação
O presidente sabe que suas ações contrariam o PFL. Para não correr o risco de o partido derrotá-lo de novo no Congresso, orientou líderes governistas a não votar o projeto que limita as medidas provisórias nem apreciar MPs polêmicas.
FHC pretende recompor totalmente a base parlamentar apenas depois do dia 14, quarta-feira da semana que vem, data marcada das eleições para as
presidências da Câmara e do Senado.
No entanto, FHC já age para ir acalmando os ânimos, segundo expressão de um auxiliar.
Anteontem, encontrou-se com o presidente do PFL, o senador Jorge Bornhausen (SC), e com o vice-presidente da República, Marco Maciel (PFL), no Palácio da Alvorada. Ontem de manhã, recebeu o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), e o líder do governo no Congresso, Arthur Virgílio (PSDB-AM).
No fim da tarde, reuniu-se com os coordenadores políticos: os ministros Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral), Pedro Parente (Casa Civil), Andrea Matarazzo (Comunicação de Governo) e Pimenta da Veiga (Comunicações), além dos líderes Virgílio, Arnaldo Madeira (Câmara) e José Roberto Arruda (Senado).
Estratégia
A estratégia de FHC é obstruir a pauta da convocação extraordinária para não votar a emenda constitucional que limita o poder das MPs na Câmara e apreciar no Congresso apenas medidas provisórias menos polêmicas. No último caso, a ordem é votar apenas se o PFL ficar com o governo.
No fim-de-semana, quando descansava em São Paulo, o presidente deixou claro para um interlocutor que, se antes dizia que não podia interferir na acirrada disputa congressual, agora passaria a atuar para derrotar ACM, principal cacique do PFL.
FHC avalia que ACM é o pai da guerra na Câmara e Senado. Crê que o senador forçou o PSDB e o PMDB a fecharem um acordo de apoio mútuo em torno de Aécio e Jader e acabou por levar o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), a se tornar um candidato a presidente da Câmara indesejável para o governo.
Na quarta-feira passada, Inocêncio se aliou à oposição e derrubou uma MP. No dia seguinte, porém, Bornhausen e Maciel atuavam para amansar o PFL.
ACM na mira
Apesar do recuo pefelista, o presidente julga que uma interferência sua nas eleições da Câmara e do Senado neste momento, depois de se sentir chantageado pelo PFL, só favoreceria ACM.
A ingerência do Planalto agora significaria, na Câmara, rifar a candidatura de Aécio em benefício da de Inocêncio ou de um outro pefelista e, no Senado, enfraquecer a postulação de Jader.
Uma ação dessa enfureceria PSDB e PMDB, siglas que jogam juntas para
defender o governo na convocação extraordinária.
Como o Planalto já avaliava desde a semana passada que as candidaturas de Aécio e Jader já se consolidavam como favoritas, a rebelião do PFL serviu como desculpa para FHC considerar a dupla mais adequada para ele.
O maior obstáculo de Jader, depois de ter conseguido sair candidato com o apoio de 23 dos 26 senadores da sigla, seria um óbice do Planalto em nome da paz na base do governo. Essa também seria a maior ameaça a Aécio.
No Planalto, diz-se que Aloysio Nunes Ferreira (Secretaria Geral), Pedro Parente (Casa Civil) e Pimenta da Veiga (Comunicações) ainda avaliavam a possibilidade de entendimento com o PFL.
O presidente, por intermédio do tucano Tasso Jereissati, governador do Ceará, neutralizou a articulação de ACM para que Lúcio Alcântara disputasse o Senado.
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