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08/02/2001 - 05h38

Com aval de FHC, Benito Gama troca PFL por PMDB

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KENNEDY ALENCAR, da Folha de S.Paulo

O deputado federal Benito Gama (BA) deixou ontem o PFL, de Antonio Carlos Magalhães, e se filiou ao PMDB, partido de Geddel Vieira Lima.

O PMDB planejou dar um golpe em ACM e, de surpresa, anunciou a filiação de Benito, um antigo aliado do presidente do Congresso e principal cacique pefelista.

A filiação de Benito ocorreu ontem à noite, na festa que Jader Barbalho (PMDB-PA), candidato à presidência do Senado e maior desafeto de ACM, deu em homenagem ao atual presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP).

"Outros virão"
A Folha apurou que Benito Gama tomou a iniciativa de consultar o presidente sobre a mudança de partido, e FHC disse que Benito continuaria a ter prestígio no governo após a mudança.

O gesto é um sinal de que o presidente, nos bastidores, joga para enfraquecer ACM.

Com a saída de Benito do PFL, o carlismo, corrente política liderada por ACM, sofre uma perda significativa no momento em que pefelistas e peemedebistas travam uma guerra pelas presidências da Câmara e do Senado.

"ACM anda dizendo que tem uma surpresa para derrotar o Jader no Senado,
resolvi antecipar a minha. Muitos outros (deputados) virão", afirmou Geddel, líder do PMDB na Câmara.

"A coisa no PFL está muito complicada. Vou em busca de um espaço novo", disse Benito ontem, na entrada do jantar em que assinaria a filiação.
Com essa defecção a uma semana das eleições congressuais, das quais ACM pode sair como o grande derrotado, o carlismo deve ver aprofundada a sua crise.

Geddel quer sinalizar, com a entrada de Benito no partido, que chegou o momento de os descontentes com o estilo centralizador do ACM assumirem abertamente um confronto com ele.

A idéia de Geddel é que um carlista de peso possa sair candidato a governador da Bahia.

Benito pode ser esse nome. Geddel também pode se lançar em 2002 para disputar com ACM o Estado.

Collor
Benito hoje é um nome simbólico do carlismo. Relator da CPI de Collor, optou por pedir o impeachment do ex-presidente. Votou contra Collor em plenário, contrariando à época ACM e Luís Eduardo Magalhães.

Luís Eduardo, filho de ACM que morreu em abril de 98, ficou ao lado de Collor. O cacique baiano nunca perdoou o gesto de Benito e o relegou a um segundo plano no carlismo.

Benito já dava sinais de estar descontente com ACM. No final do ano passado, deixou a Secretaria de Indústria e Comércio do Estado da Bahia acossado por uma carta apócrifa que o acusava de corrupção.

Benito saiu do cargo contrariado com o governador Cesar Borges (PFL) e com ACM. Nos bastidores, atribuiu a autoria da carta a um carlista, que teria feito o ataque com anuência de ACM.

Em novembro passado, Geddel articulou com sucesso a entrada no PMDB de três deputados federais do PFL baiano: Leur Lomanto, Jonival Lucas e Roland Lavigne. ACM tentou manter os três no partido, mas Geddel prometeu apoio político para que se reelejam em 2002.

Para demonstrar que eles não seriam prejudicados no plano federal, Geddel conseguiu que eles fossem recebidos por FHC, que torce reservadamente pelo enfraquecimento político de ACM. O presidente acha que ele é o aliado que mais lhe cria problemas.
 

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