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09/02/2001
-
03h33
KENNEDY ALENCAR e ELIANE CANTANHÊDE, da Folha de S.Paulo
A cúpula do PMDB ameaça apoiar Itamar Franco para presidente em 2002 e atrapalhar a governabilidade de FHC, caso Jader Barbalho (PA) perca a eleição para a presidência do Senado.
Peemedebistas disseram ao presidente Fernando Henrique Cardoso que o "day after" do governo será pior com uma derrota do partido do que com a do PFL.
A ameaça foi uma resposta à articulação da candidatura do presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), ao comando do Senado. O ministro das Comunicações, o tucano Pimenta da Veiga, estimula a operação pefelista. O PMDB pediu que FHC o repreenda.
Além de refiliar Itamar e lançá-lo candidato ao Palácio do Planalto, peemedebistas levantaram a hipótese de um acordo com o presidenciável Ciro Gomes (PPS).
Os peemedebistas Michel Temer (SP), presidente da Câmara, e Eliseu
Padilha, ministro dos Transportes, reuniram-se anteontem com FHC e alertaram que uma derrota da atual cúpula seria ruim para o governo.
Argumentaram que, se o PFL perder, FHC poderá creditar o fracasso do partido ao pefelista Antonio Carlos Magalhães (BA), presidente do Congresso, que vetou Jader e impediu um acordo PMDB-PFL. No caso do PMDB, o débito seria direto a Pimenta e, por extensão, ao presidente.
Governabilidade
Na conversa com Fernando Henrique Cardoso, além levantarem a hipótese de filiar Itamar Franco, Padilha e Temer insinuaram que o presidente correria o risco de perder a governabilidade nos últimos dois anos de mandato. O PMDB poderia até paralisar votações de interesse do Executivo, abrir CPIs e restringir a edição de medidas provisórias.
Há um acordo entre o PMDB e o PSDB para eleger o peemedebista Jader Barbalho (PA) no Senado e o tucano Aécio Neves (MG) na Câmara dos Deputados.
Outro argumento dos peemedebistas com o presidente foi o de que, se o Planalto não trabalhasse por Jader, prejudicaria Aécio, hoje preferido de FHC contra o pefelista Inocêncio Oliveira (PE).
O PMDB deseja que FHC interfira para segurar os votos dos 14 senadores tucanos. Peemedebistas querem contar com 11 e temem a traição dos tucanos.
Enquanto Temer e Padilha pressionavam FHC, Jader ligou para o ministro da Saúde, José Serra, presidenciável tucano que sonha com o apoio do partido em 2002. Serra tem atuado no bastidor para que FHC ajude o PMDB.
Jader acha que, a contragosto, outro presidenciável tucano, o governador do Ceará, Tasso Jereissati, não o prejudicará. Se Tasso ficar contra o acordo PSDB-PMDB agora, os tucanos e peemedebistas poderiam boicotar seu projeto presidencial.
FHC já fez gestos que favoreceram Jader Barbalho, como impedir o lançamento do tucano cearense Lúcio Alcântara na disputa pelo Senado e deixar claro que gostaria de ver ACM perdedor na guerra congressual.
No entanto, FHC disse a auxiliares que a eventual entrada de Bornhausen lhe dá pouca margem de manobra para beneficiar o PMDB. Bornhausen já fechou um acordo com o presidente. Se o PFL perder, articulará a recomposição da sigla com o governo.
Se ganhar, vira o homem que deu a volta por cima, consertando os erros de ACM. Foi o veto de ACM a Jader que fortaleceu o peemedebista e enfraqueceu Inocêncio na Câmara.
A Folha apurou que FHC teria transmitido a Pimenta que pessoalmente prefere Bornhausen a Jader, mas que politicamente terá maior prejuízo com a derrota do PMDB do que com a do PFL.
Ontem, caciques peemedebistas se mostravam mais tranquilos. Eles aguardam gestos de bastidores do presidente. Um deles disse que FHC precisará ser pressionado até o dia da eleição para diminuir o risco de derrota.
Conta
Bornhausen acredita que terá chance de derrubar Jader, se Pimenta aumentar a margem de traição entre senadores do PSDB.
Jader e Bornhausen fazem a seguinte conta: têm de pescar votos entre 65 dos 81 senadores, porque descontam 16 da oposição, que devem ficar com o senador Jefferson Péres (PDT-AM). Ganha quem obtiver 33.
O peemedebista crê ter 21 dos 26 senadores de seu partido, 1 do PSB (o paraense Ademir Andrade), 11 dos 14 tucanos e 2 pepebistas. Total: 35.
Se disputar, Bornhausen julga contar com os 21 senadores do PFL, 5 do PMDB, 3 tucanos e 4 avulsos (2 do PPB, 1 do PTB e 1 sem partido). Total: 33.
Jader Barbalho precisa segurar os dois pepebistas e não aumentar a defecção no PMDB e no PSDB. Bornhausen disputa também os dois senadores do PPB e quer ampliar as traições entre peemedebistas e tucanos.
Para tentar derrotar Jader, ACM poderia arrastar a disputa no Senado e aguardar o resultado na Câmara. Se Aécio Neves vencer, tucanos se sentiriam livres para trair o senador peemedebista. As eleições estão marcadas para a próxima quarta-feira.
PMDB adverte presidente para não prejudicar Jader
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A cúpula do PMDB ameaça apoiar Itamar Franco para presidente em 2002 e atrapalhar a governabilidade de FHC, caso Jader Barbalho (PA) perca a eleição para a presidência do Senado.
Peemedebistas disseram ao presidente Fernando Henrique Cardoso que o "day after" do governo será pior com uma derrota do partido do que com a do PFL.
A ameaça foi uma resposta à articulação da candidatura do presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), ao comando do Senado. O ministro das Comunicações, o tucano Pimenta da Veiga, estimula a operação pefelista. O PMDB pediu que FHC o repreenda.
Além de refiliar Itamar e lançá-lo candidato ao Palácio do Planalto, peemedebistas levantaram a hipótese de um acordo com o presidenciável Ciro Gomes (PPS).
Os peemedebistas Michel Temer (SP), presidente da Câmara, e Eliseu
Padilha, ministro dos Transportes, reuniram-se anteontem com FHC e alertaram que uma derrota da atual cúpula seria ruim para o governo.
Argumentaram que, se o PFL perder, FHC poderá creditar o fracasso do partido ao pefelista Antonio Carlos Magalhães (BA), presidente do Congresso, que vetou Jader e impediu um acordo PMDB-PFL. No caso do PMDB, o débito seria direto a Pimenta e, por extensão, ao presidente.
Governabilidade
Na conversa com Fernando Henrique Cardoso, além levantarem a hipótese de filiar Itamar Franco, Padilha e Temer insinuaram que o presidente correria o risco de perder a governabilidade nos últimos dois anos de mandato. O PMDB poderia até paralisar votações de interesse do Executivo, abrir CPIs e restringir a edição de medidas provisórias.
Há um acordo entre o PMDB e o PSDB para eleger o peemedebista Jader Barbalho (PA) no Senado e o tucano Aécio Neves (MG) na Câmara dos Deputados.
Outro argumento dos peemedebistas com o presidente foi o de que, se o Planalto não trabalhasse por Jader, prejudicaria Aécio, hoje preferido de FHC contra o pefelista Inocêncio Oliveira (PE).
O PMDB deseja que FHC interfira para segurar os votos dos 14 senadores tucanos. Peemedebistas querem contar com 11 e temem a traição dos tucanos.
Enquanto Temer e Padilha pressionavam FHC, Jader ligou para o ministro da Saúde, José Serra, presidenciável tucano que sonha com o apoio do partido em 2002. Serra tem atuado no bastidor para que FHC ajude o PMDB.
Jader acha que, a contragosto, outro presidenciável tucano, o governador do Ceará, Tasso Jereissati, não o prejudicará. Se Tasso ficar contra o acordo PSDB-PMDB agora, os tucanos e peemedebistas poderiam boicotar seu projeto presidencial.
FHC já fez gestos que favoreceram Jader Barbalho, como impedir o lançamento do tucano cearense Lúcio Alcântara na disputa pelo Senado e deixar claro que gostaria de ver ACM perdedor na guerra congressual.
No entanto, FHC disse a auxiliares que a eventual entrada de Bornhausen lhe dá pouca margem de manobra para beneficiar o PMDB. Bornhausen já fechou um acordo com o presidente. Se o PFL perder, articulará a recomposição da sigla com o governo.
Se ganhar, vira o homem que deu a volta por cima, consertando os erros de ACM. Foi o veto de ACM a Jader que fortaleceu o peemedebista e enfraqueceu Inocêncio na Câmara.
A Folha apurou que FHC teria transmitido a Pimenta que pessoalmente prefere Bornhausen a Jader, mas que politicamente terá maior prejuízo com a derrota do PMDB do que com a do PFL.
Ontem, caciques peemedebistas se mostravam mais tranquilos. Eles aguardam gestos de bastidores do presidente. Um deles disse que FHC precisará ser pressionado até o dia da eleição para diminuir o risco de derrota.
Conta
Bornhausen acredita que terá chance de derrubar Jader, se Pimenta aumentar a margem de traição entre senadores do PSDB.
Jader e Bornhausen fazem a seguinte conta: têm de pescar votos entre 65 dos 81 senadores, porque descontam 16 da oposição, que devem ficar com o senador Jefferson Péres (PDT-AM). Ganha quem obtiver 33.
O peemedebista crê ter 21 dos 26 senadores de seu partido, 1 do PSB (o paraense Ademir Andrade), 11 dos 14 tucanos e 2 pepebistas. Total: 35.
Se disputar, Bornhausen julga contar com os 21 senadores do PFL, 5 do PMDB, 3 tucanos e 4 avulsos (2 do PPB, 1 do PTB e 1 sem partido). Total: 33.
Jader Barbalho precisa segurar os dois pepebistas e não aumentar a defecção no PMDB e no PSDB. Bornhausen disputa também os dois senadores do PPB e quer ampliar as traições entre peemedebistas e tucanos.
Para tentar derrotar Jader, ACM poderia arrastar a disputa no Senado e aguardar o resultado na Câmara. Se Aécio Neves vencer, tucanos se sentiriam livres para trair o senador peemedebista. As eleições estão marcadas para a próxima quarta-feira.
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