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14/02/2001 - 03h43

Carlistas exibem nova fita, mas não atingem o PMDB

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da Folha de S.Paulo, em Brasília

Um novo lote de conversas do grampo baiano foi divulgado ontem, no final do dia, por pessoas simpáticas ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).

A Folha teve acesso à fita, que veio de Salvador. Diferentemente de diálogos divulgados no fim-de-semana, nos quais há indícios de oferecimento de vantagens, inclusive financeiras, a deputados que entraram no PMDB, as novas conversas contêm indicações menos veementes.

As últimas gravações foram divulgadas pelos carlistas porque estavam insatisfeitos com a repercussão da parte inicial do grampo. Não se obteve nem mesmo o adiamento da eleição a presidente da Câmara, como pretendia o PFL.

É possível inferir, entretanto, que os interlocutores na nova fita usam o recurso de falar de forma cifrada na tentativa de guardar sigilo sobre o tema dos diálogos.

Há trechos incompreensíveis. Por exemplo, Geddel fala sobre "deixar os meninos de plantão", mas não explica o que isso significa. O ex-deputado federal Jonival Lucas fala em rebater "tudo, com os números de tudo", sem deixar claro a que se refere.

"É mais uma demonstração de desespero do senador Antonio Carlos e da PM da Bahia", disse Geddel ontem. O PFL acusa o PMDB de ter comprado deputados para trocarem de partido. Os peemedebistas alegam que as fitas não comprovam que tenha ocorrido essa negociação.

Foram gravadas dezenas de horas de conversas. O grampo foi instalado ilegalmente no telefone residencial do ex-deputado federal Jonival Lucas, possivelmente do final de dezembro a janeiro.

O objetivo dos carlistas -ACM nega estar envolvido no caso- era demonstrar que quatro deputados federais baianos teriam recebido recompensas financeiras para entrar no PMDB. São eles: Jonival Lucas Júnior (filho de Jonival Lucas), José Lourenço, Leur Lomanto e Roland Lavigne.

No final de semana, a revista "Veja" divulgou apenas uma pequena parte do grampo. A fita recebida tinha 46 minutos e 6 segundos. A Folha teve acesso ao material completo.

No trecho do grampo ao qual a Folha teve acesso ontem, de pouco mais de 27 minutos, os responsáveis se confundiram e até gravaram parte de uma conversa já divulgada antes por "Veja".

O material obtido ontem estava gravado em uma fita cassete comum. O da semana passada veio em minidisc, uma tecnologia de gravação digital.

A única novidade de ontem é que aparece pela primeira vez a voz de Geddel Vieira Lima. O trecho é uma conversa comum do líder do PMDB com o ex-deputado Jonival Lucas. Eis um trecho:

Jonival - ...Não. Mandei Leur lhe ligar, dizendo que...
Geddel - ...Então houve um desentendimento. Está tudo bem...
Jonival - ...Me ligou e ligou para poder evitar, e foi bom. Foi bom porque foram os quatro e uma pessoa que...
Geddel - ...que poderia criar problema?
Jonival - É, vazar que era de empresários e que eu achei melhor que... mas me ligou e disse que se encontrará amanhã à noite conosco.
Geddel - Então, você me fala logo amanhã à noite, porque tenho que deixar os meninos de plantão, porque, para ver se, assim, nesse fim-de-semana a coisa sai, não é?
Jonival - Não. Já vou levando. O pessoal já está rebatendo tudo. Com os números de tudo, com tudo, tudo, tudo para eu levar.
 

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