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23/02/2001 - 03h24

FHC adia reação, mas decide demitir os ministros do PFL

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VALDO CRUZ e KENNEDY ALENCAR, da Folha de S.Paulo, em Brasília

Fernando Henrique Cardoso optou por não reagir duramente ontem contra ACM, como queriam auxiliares e ministros próximos, mas está decidido a demitir os dois ministros indicados pelo senador mais à frente.

O presidente optou por adiar a demissão depois que o senador negou as críticas. Por meio do líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PSDB-DF), o Planalto cobrou uma confirmação de ACM ainda ontem.

Em nome do Palácio do Planalto, José Roberto Arruda, que se reunira com o presidente, disse: "O governo, por meio de sua liderança no Senado, quer declarar que aguarda manifestação do senador Antonio Carlos sobre a veracidade da reportagem publicada pela revista "IstoÉ"."

Depois, ACM divulgou nota na qual nega que tenha tratado do "governo Fernando Henrique Cardoso" no encontro com três procuradores federais, na segunda-feira, em Brasília.

Ontem, a revista "IstoÉ" trouxe transcrição da gravação na qual ACM sugere aos procuradores como incriminar Eduardo Jorge, ex-secretário-geral da Presidência, e afirma que, caso obtivessem provas, FHC seria atingido. Devido ao recuo carlista, FHC adiou a demissão de Rodolpho Tourinho (Minas e Energia) e de Waldeck Ornélas (Previdência Social), os dois indicados por ACM.

A demissão de Tourinho, ministro cujo desempenho não satisfaz FHC, já estava definida como retaliação a ACM. Mas seria feita de forma a não parecer um castigo, mas uma troca técnica.

Ornélas, apesar de ser visto como um técnico competente, sairá porque se solidarizou com o senador, dizendo que seus ataques a ministros do PMDB eram uma "campanha moralizadora". Até Ornélas ficar com ACM, tinha chance de permanecer.

As demissões não aconteceram ontem para não enfraquecer o "PFL do B", ala do partido que se alinha com o governo. Às 15h30, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), telefonou para FHC. Bornhausen disse que divulgaria nota reprovando o comportamento de ACM e reafirmando o apreço do partido por FHC.

A Folha apurou que, na conversa com Bornhausen, FHC não falou em demitir ministros -o que foi visto pelo senador como sinal de que o presidente esperaria para determinar a saída de pefelistas de sua equipe.

Na prática, o "PFL do B", ala comandada por Bornhausen e o vice-presidente da República, Marco Maciel, isolou ACM com a divulgação da nota e o telefonema ao presidente.

FHC se acalmou depois da ligação de Bornhausen. Segundo um auxiliar, o presidente acha que a reprovação da cúpula pefelista deixou ACM mal no partido.

E avalia que ACM se enfraqueceu ao atacar não só o governo, como ministros do STF e até uma senadora do PT. Com isso, acabou ficando isolado. O governo prefere ACM fraco, a tê-lo como inimigo declarado, o que é um sinal de que teme a capacidade de estrago do senador pefelista.

"O presidente não se omitiu nem tem medo. Está tranquilo. Quem não deve estar tranquilo é o senador Antonio Carlos. O governo agirá na hora certa", disse o líder do governo no Congresso, Arthur Virgílio (PSDB-AM).

Reação
Quando soube dos ataques de ACM, o presidente disse: "Estou perplexo de ver até onde ele foi capaz de chegar".

Um auxiliar disse que a estratégia de "silêncio por convicção", expressão usada por FHC para justificar não ter respondido a ataques anteriores de ACM, não poderia mais ser usada. Mas o recuo de ACM levou o presidente a adotar o mesmo expediente.

Ainda de acordo com relatos de auxiliares, o presidente afirmou que "ACM mostrou toda a sua deslealdade ao governo". Nas primeiras horas da tarde, FHC se reuniu com auxiliares próximos.

Todos usavam as palavras "gravíssimo", "traição" e "chantagem" para se referir ao senador. Políticos do PSDB e do PMDB também pressionavam, nos bastidores, por uma reação dura.
 

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