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12/03/2001
-
08h51
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre
Ao menos 12 crianças caingangues e guaranis com menos de três anos morreram por desnutrição clinicamente confirmada na reserva da Guarita, em Redentora (RS), desde dezembro. Outras seis mortes estão em análise.
Desde janeiro, morreram 10 crianças por desnutrição. Em dezembro, mais duas desnutridas. Ao todo, foram 18 mortes no período. O enfermeiro Marcos Pinheiro, coordenador da equipe de atenção à saúde do índio, define o quadro como "dramático".
Além dos 12 casos confirmados, 15 crianças com sintomas de desnutrição estavam nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) de cidades vizinhas e no Hospital Santa Rita, de Redentora, sem UTI.
A maioria apresenta diarréia e vômito. Técnicos da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) verificam se a causa das mortes é apenas carência de alimentos, especialmente leite. Até terça, eles pretendem ter um relatório oficial com um diagnóstico detalhado.
"Vômito e diarréia podem ser causados por vários motivos, como o consumo de alimento estragado ou um vírus. A desnutrição é um estado que diminui a imunidade das crianças e as deixa mais vulneráveis", afirmou a pediatra Cláudia Ricachnevsky, do Hospital da Clínicas de Porto Alegre.
Osmar Veronese, procurador da República em Santo Ângelo, pediu providências à Funasa. "Faltam alimentos, falta leite. Há certo abandono. A prefeitura e a Funasa têm responsabilidade nisso. É urgente a adoção de medidas de longo prazo", disse.
Segundo o secretário da Saúde de Redentora, Nilson Costa, que os recursos da prefeitura são insuficientes para atender os indígenas. Os R$ 1.176 recebidos mensalmente por meio do Programa de Carências Nutricionais, destinados a azeite e leite, serão canalizados agora apenas para o leite.
A Funasa também aponta falta de materiais e de equipamentos, o que dificulta a prevenção. O problema gerou uma crise com o prefeito de Redentora, Adelar Paschoal (PMDB). A Funasa afirma que convênios são descumpridos. O prefeito diz que os cumpre.
O coordenador regional da Funasa, Paulo Mabília, diz entregar R$ 20 mil mensais para a prefeitura pagar profissionais da saúde na reserva, mas tais recursos seriam destinados, também, à cidade.
O prefeito diz que profissionais foram substituídos porque quiseram deixar a tarefa. "O repasse de R$ 20 mil mensais é usado exclusivamente para o pagamento dos salários da equipe da Funasa."
A reserva tem 2.800 índios. Redentora tem 8.460 habitantes. É, segundo o prefeito, um dos três municípios mais pobres do RS.
"Na verdade, a reserva tem 4.800 índios, pois é itinerante. Queremos R$ 2,70 trimestrais por habitante da Política de Atenção à População Itinerante (estadual). Por sermos pobres e itinerantes, a população em geral tem carências alimentares", disse Costa.
Curumins morrem de desnutrição no RS
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da Agência Folha, em Porto Alegre
Ao menos 12 crianças caingangues e guaranis com menos de três anos morreram por desnutrição clinicamente confirmada na reserva da Guarita, em Redentora (RS), desde dezembro. Outras seis mortes estão em análise.
Desde janeiro, morreram 10 crianças por desnutrição. Em dezembro, mais duas desnutridas. Ao todo, foram 18 mortes no período. O enfermeiro Marcos Pinheiro, coordenador da equipe de atenção à saúde do índio, define o quadro como "dramático".
Além dos 12 casos confirmados, 15 crianças com sintomas de desnutrição estavam nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) de cidades vizinhas e no Hospital Santa Rita, de Redentora, sem UTI.
A maioria apresenta diarréia e vômito. Técnicos da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) verificam se a causa das mortes é apenas carência de alimentos, especialmente leite. Até terça, eles pretendem ter um relatório oficial com um diagnóstico detalhado.
"Vômito e diarréia podem ser causados por vários motivos, como o consumo de alimento estragado ou um vírus. A desnutrição é um estado que diminui a imunidade das crianças e as deixa mais vulneráveis", afirmou a pediatra Cláudia Ricachnevsky, do Hospital da Clínicas de Porto Alegre.
Osmar Veronese, procurador da República em Santo Ângelo, pediu providências à Funasa. "Faltam alimentos, falta leite. Há certo abandono. A prefeitura e a Funasa têm responsabilidade nisso. É urgente a adoção de medidas de longo prazo", disse.
Segundo o secretário da Saúde de Redentora, Nilson Costa, que os recursos da prefeitura são insuficientes para atender os indígenas. Os R$ 1.176 recebidos mensalmente por meio do Programa de Carências Nutricionais, destinados a azeite e leite, serão canalizados agora apenas para o leite.
A Funasa também aponta falta de materiais e de equipamentos, o que dificulta a prevenção. O problema gerou uma crise com o prefeito de Redentora, Adelar Paschoal (PMDB). A Funasa afirma que convênios são descumpridos. O prefeito diz que os cumpre.
O coordenador regional da Funasa, Paulo Mabília, diz entregar R$ 20 mil mensais para a prefeitura pagar profissionais da saúde na reserva, mas tais recursos seriam destinados, também, à cidade.
O prefeito diz que profissionais foram substituídos porque quiseram deixar a tarefa. "O repasse de R$ 20 mil mensais é usado exclusivamente para o pagamento dos salários da equipe da Funasa."
A reserva tem 2.800 índios. Redentora tem 8.460 habitantes. É, segundo o prefeito, um dos três municípios mais pobres do RS.
"Na verdade, a reserva tem 4.800 índios, pois é itinerante. Queremos R$ 2,70 trimestrais por habitante da Política de Atenção à População Itinerante (estadual). Por sermos pobres e itinerantes, a população em geral tem carências alimentares", disse Costa.
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