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24/03/2001 - 02h56

Carlistas pedem "aceno" de FHC para não assinar CPI

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da Folha de S.Paulo, em Brasília

Os deputados baianos que seguem politicamente o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) ameaçam assinar o pedido de CPI da corrupção se não obtiverem um "aceno" do governo.

Os chamados carlistas cobram do Planalto vantagens em cargos e verbas à Bahia.

A adesão em bloco dos carlistas da Câmara e do Senado poderá ser decisiva para a criação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).

Na Câmara, são necessárias 171 assinaturas e, no Senado, 27.

Os carlistas afirmam que o senador pefelista -que rompeu com o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso- ainda não usou o seu poder de comando para pedir que todos assinem o pedido.

A bancada baiana carlista soma 20 deputados (18 do PFL, 1 do PL e 1 do PTB). Além disso, cerca de dez deputados de outros Estados acompanham politicamente o senador baiano.

No Senado, os dois senadores baianos ainda não assinaram, diferentemente de ACM, que assinou. A oposição conta, pelo menos, com a assinatura de Waldeck Ornélas (PFL), que já sinalizou que dará apoio.

O senador Paulo Souto (PFL) ainda não se manifestou. A oposição, no entanto, não contabiliza uma possível assinatura de Souto.

Perda de cargos
Desde o rompimento do presidente FHC com ACM, no mês passado, os carlistas perderam os quatro mais importantes cargos que detinham no governo federal, mas 24 apadrinhados do grupo ainda resistem nas funções.

A orientação do Palácio do Planalto é clara: os aliados que assinarem o pedido de instalação da CPI da corrupção serão tratados como oposicionistas: tanto no que diz respeito à indicação para cargos federais como na liberação de verbas federais para suas bases políticas.

Os carlistas reclamam que o governo estaria "sabotando" o governo estadual. Reclamam do Ministério da Integração Nacional e da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, ocupadas por peemedebistas.

Segundo eles, o boicote atinge também prefeituras vinculadas a parlamentares ligados a ACM.

Até agora o único carlista que assinou o pedido de CPI foi o deputado Paulo Magalhães (PFL-BA), seguindo a atitude de seu tio ACM.

Mobilização
O Planalto mantém mobilizada a operação para evitar a instalação da CPI da Corrupção.

Ontem, os principais assessores de FHC avaliaram que a situação ainda é de ""alto risco", embora acreditem que ela esteja sob controle. FHC avaliou ontem que o cenário ficou mais favorável ao governo porque não houve grande adesão de aliados à CPI após a assinatura do presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), que totalizou 22 apoios.

O número poderá crescer com a adesão de Amir Lando (PMDB-RO), cuja assinatura ainda não havia sido confirmada até a noite de ontem. FHC disse ontem aos líderes governistas Sérgio Machado (PSDB-CE) e Renan Calheiros (PMDB-AL) ter a certeza de que a CPI não vai prosperar.

Segundo relato dos participantes da reunião no Palácio da Alvorada, FHC afirmou estar mais otimista do que na quarta-feira passada, dia em que Jader anunciou que assinaria a CPI. Segundo cálculo feito ontem pelos três, a oposição poderá obter no máximo 24 assinaturas no Senado.

Expectativa
Mas a expectativa dos autores do requerimento é outra. Segundo o líder do bloco da oposição no Senado, José Eduardo Dutra (PT-SE), há promessas de apoio de quatro senadores da base aliada, além de uma assinatura segura: a de José Alencar (PMDB-MG).

A oposição vai também tentar ampliar a dissidência no PMDB. No Senado, quatro senadores assinaram o pedido e, na Câmara, 12 deputados. Há promessa de mais três assinaturas de deputados peemedebistas.

"Se não acontecer a CPI, será ruim para o governo. Vai ficar sempre a dúvida sobre as denúncias", afirmou o deputado Germano Rigotto (PMDB-RS), o primeiro do partido a assinar a CPI.

A adesão desses peemedebistas à CPI expõe a divisão interna da bancada. O grupo que assinou o requerimento discorda da atuação da cúpula do partido e tentou, sem sucesso, derrotar o deputado Geddel Vieira Lima
(BA) na disputa pela liderança da bancada.

(LUIZA DAMÉ, RAQUEL ULHÔA e DENISE MADUEÑO)
 

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