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26/03/2001
-
07h36
WILSON SILVEIRA
RAQUEL ULHÔA
da Folha de S.Paulo
O alto índice de aprovação dos parlamentares na pesquisa Datafolha contrasta com a avaliação que os próprios deputados e senadores fazem da sua imagem.
A pesquisa, feita no último dia 21, mostrou que praticamente a metade dos brasileiros (46%) classifica como regular o desempenho dos atuais congressistas. Outros 21% os acham ótimos ou bons. É a maior aprovação desde o início da legislatura, em janeiro de 99. Anteriormente, a aprovação mais alta havia sido de 17%, em outubro de 2000.
A tônica dos discursos no Congresso, porém, aponta para um crescente desgaste da classe política, em virtude de uma sucessão de acusações que dominaram o noticiário nacional desde o ano passado, agravando-se desde janeiro.
Não bastasse a enxurrada de denúncias trocadas entre os parlamentares, o Congresso foi convocado extraordinariamente em janeiro, com dois salários extras a cada parlamentar, e praticamente não votou nada importante.
Com o clima eleitoral nas duas Casas, que elegeram novos presidentes em 14 de fevereiro, a tropa de choque governista barrou as principais votações, para que a disputa não atingisse o governo.
Não houve nenhuma votação importante neste ano no Senado. Na Câmara, foram aprovados alguns projetos com repercussão na opinião pública, mas não o bastante para influenciar a pesquisa.
A Câmara aprovou projeto de lei que torna crime o assédio sexual (que foi para o Senado) e a regulamentação da infiltração de agentes policiais em investigações sobre o crime organizado.
A série de acusações contra deputados e senadores, feitas por eles próprios, é muito maior. Os principais protagonistas, como se sabe, são os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Jader Barbalho (PMDB-PA), ex e atual presidente do Senado.
Há denúncias também contra "peixes pequenos", como deputados baianos acusados de vender mandatos, e contra o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira de Lima. Denúncias para todos os gostos - em livros, fitas de vídeo e grampos telefônicos.
Um caso que ainda repercute na opinião pública é a cassação do senador Luiz Estevão (PMDB-DF), em 28 de junho de 2000, acusado de envolvimento com o desvio de verbas do TRT paulista.
Segundo a pesquisa, os maiores índices de aprovação estão nos grupos com menor instrução e renda, que supostamente não acompanham os debates transmitidos pelas TVs Câmara e Senado nem a produção legislativa.
Entre os pesquisados com 1º grau, a aprovação é maior que o dobro da que ocorre entre os que têm nível superior (23% contra 11%). Também aprovam mais os congressistas os entrevistados cuja renda familiar é de até 10 salários mínimos (22%, contra 14% nos outros dois grupos).
Aparentemente, a maioria aprova a discussão pública das mazelas do Legislativo, inclusive porque isso dá a idéia de que algo está sendo feito - e não apenas encoberto, como se supõe que ocorra nos outros Poderes.
Nas perguntas específicas sobre deputados e senadores, separadamente, os índices de ótimo e bom vão a 24% nos dois casos, indicando que a roupa suja lavada em público no Senado não é a única responsável pela aprovação.
ACM pode estar certo ao dizer que a opinião pública está ao seu lado quando denuncia corrupção no governo. Para o senador Pedro Simon (PMDB-RS), ACM "bateu" mais no governo do que a bancada do PT, nos quatro anos em que o baiano presidiu a Casa.
Leia mais:
Pesquisa Datafolha mostra crescimento do temor com desemprego
Em meio a acusações, sobe a aprovação do Congresso
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RAQUEL ULHÔA
da Folha de S.Paulo
O alto índice de aprovação dos parlamentares na pesquisa Datafolha contrasta com a avaliação que os próprios deputados e senadores fazem da sua imagem.
A pesquisa, feita no último dia 21, mostrou que praticamente a metade dos brasileiros (46%) classifica como regular o desempenho dos atuais congressistas. Outros 21% os acham ótimos ou bons. É a maior aprovação desde o início da legislatura, em janeiro de 99. Anteriormente, a aprovação mais alta havia sido de 17%, em outubro de 2000.
A tônica dos discursos no Congresso, porém, aponta para um crescente desgaste da classe política, em virtude de uma sucessão de acusações que dominaram o noticiário nacional desde o ano passado, agravando-se desde janeiro.
Não bastasse a enxurrada de denúncias trocadas entre os parlamentares, o Congresso foi convocado extraordinariamente em janeiro, com dois salários extras a cada parlamentar, e praticamente não votou nada importante.
Com o clima eleitoral nas duas Casas, que elegeram novos presidentes em 14 de fevereiro, a tropa de choque governista barrou as principais votações, para que a disputa não atingisse o governo.
Não houve nenhuma votação importante neste ano no Senado. Na Câmara, foram aprovados alguns projetos com repercussão na opinião pública, mas não o bastante para influenciar a pesquisa.
A Câmara aprovou projeto de lei que torna crime o assédio sexual (que foi para o Senado) e a regulamentação da infiltração de agentes policiais em investigações sobre o crime organizado.
A série de acusações contra deputados e senadores, feitas por eles próprios, é muito maior. Os principais protagonistas, como se sabe, são os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Jader Barbalho (PMDB-PA), ex e atual presidente do Senado.
Há denúncias também contra "peixes pequenos", como deputados baianos acusados de vender mandatos, e contra o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira de Lima. Denúncias para todos os gostos - em livros, fitas de vídeo e grampos telefônicos.
Um caso que ainda repercute na opinião pública é a cassação do senador Luiz Estevão (PMDB-DF), em 28 de junho de 2000, acusado de envolvimento com o desvio de verbas do TRT paulista.
Segundo a pesquisa, os maiores índices de aprovação estão nos grupos com menor instrução e renda, que supostamente não acompanham os debates transmitidos pelas TVs Câmara e Senado nem a produção legislativa.
Entre os pesquisados com 1º grau, a aprovação é maior que o dobro da que ocorre entre os que têm nível superior (23% contra 11%). Também aprovam mais os congressistas os entrevistados cuja renda familiar é de até 10 salários mínimos (22%, contra 14% nos outros dois grupos).
Aparentemente, a maioria aprova a discussão pública das mazelas do Legislativo, inclusive porque isso dá a idéia de que algo está sendo feito - e não apenas encoberto, como se supõe que ocorra nos outros Poderes.
Nas perguntas específicas sobre deputados e senadores, separadamente, os índices de ótimo e bom vão a 24% nos dois casos, indicando que a roupa suja lavada em público no Senado não é a única responsável pela aprovação.
ACM pode estar certo ao dizer que a opinião pública está ao seu lado quando denuncia corrupção no governo. Para o senador Pedro Simon (PMDB-RS), ACM "bateu" mais no governo do que a bancada do PT, nos quatro anos em que o baiano presidiu a Casa.
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