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28/03/2001 - 03h09

Cúpula do PMDB age para evitar dissidência pró-CPI

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da Folha de S.Paulo, em Brasília

A cúpula do PMDB tenta hoje conter senadores da bancada que ameaçam assinar a CPI da corrupção. A pressão sobre os peemedebistas ocorre após o presidente do Senado, Jader Barbalho (PA), ter dito, anteontem, que o partido "faz parte da base do governo", numa demonstração de que o fato de ele próprio ter assinado o pedido não deveria significar o apoio da legenda à CPI.

A atitude de Jader favorável ao Planalto foi tomada no mesmo dia em que ele recebeu ofício do presidente do BC (Banco Central), Armínio Fraga, justificando que não poderia enviar ao peemedebista cópia do relatório sobre o caso Banpará (leia texto à página A5), pois estaria quebrando o sigilo de outros envolvidos no documento. Caso recebesse o relatório, Jader seria fatalmente cobrado pelos adversários políticos a exibi-lo em público. Na prática, ficou desincumbido de fazê-lo.

Ontem, o PMDB adiou reunião que exporia o racha na bancada. Mas o líder Renan Calheiros (AL) foi forçado pelos dissidentes a marcar o encontro para hoje.

Com o apoio de mais um peemedebista (José Alencar, MG), a lista da CPI já conta com o apoio de 25 senadores. O placar foi engrossado também pelas rubricas do ex-ministro Waldeck Ornélas (BA) e de Paulo Souto (BA), ambos da ala pefelista fiel ao senador Antonio Carlos Magalhães (BA).

"Quando a situação chega num determinado ponto, o melhor é esclarecer", disse Souto, para quem os temas envolvidos dificultariam o trabalho de uma CPI.

Agora, faltam apenas duas assinaturas no Senado. Para aprovar a instalação da CPI mista (com membros das duas Casas) é preciso, além do apoio de 27 dos 81 senadores, a assinatura de 171 dos 513 deputados. Na Câmara, havia ontem 140 assinaturas.

Entre os 25 senadores pró-CPI, há 13 do bloco de oposição, 3 do PSB, 3 do PFL e 6 do PMDB.

""Não há como decidir em bloco, porque alguns já assinaram. Mas a bancada terá de deliberar sobre o assunto", disse Calheiros.

""Meu Estado quer que eu assine. O governo não pode temer nada. Se tem alguma suspeita, ela precisa ser investigada", disse Casildo Maldaner (SC), engrossando o coro dos dissidentes do PMDB. Ele afirmou, porém, que seguirá a orientação da bancada.

Maldaner e Ramez Tebet (MS) pressionaram Calheiros a reunir a bancada, para que seja tomada uma decisão em bloco. A tendência é que os senadores sejam liberados, uma vez que seis já assinaram -Jader justificara o gesto por uma questão, segundo disse, de "constrangimento pessoal".

O último senador do PMDB a assinar a CPI foi José Alencar (MG). Ele alega ter tomado essa posição por uma questão de "coerência", mas também enfrenta pressão regional: disputa com o vice-governador de Minas, Newton Cardoso, a vaga de candidato do PMDB ao governo do Estado.

Ficou por conta do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), tentar desmontar a operação de apoio à CPI que teria sido comandada pelo governador de Rondônia, José Bianco.

O líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE), pediu a ajuda de Bornhausen, já que Bianco teria recomendado aos senadores Matusalém Fernandes e Moreira Mendes assinar o requerimento da CPI.

O líder do bloco da oposição no senado, José Eduardo Dutra (PT-SE), mostrou-se cético em relação à atitude que Bianco teria tomado. Lembrou-se de que, em 1995, Bianco, no exercício de mandato no Senado, assinou a CPI dos Bancos, mas depois voltou atrás.

"Agora é preciso checar tudo. Falarei com eles", disse Dutra, referindo-se a Mendes e Fernandes.

Está clara, tanto no Senado como na Câmara, a divisão do PFL. O grupo ligado a Bornhausen prega fidelidade ao governo, mas os correligionários de ACM pressionam para que o PFL não feche uma decisão sobre a CPI.
 

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