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19/04/2001 - 03h43

Ativistas em Québec prometem superar Seattle

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RICARDO GRINBAUM, da Folha de S.Paulo, em Québec

Os ativistas contra o capitalismo global preparam meticulosamente, detalhe por detalhe, como levar o caos a Québec. Foram meses de troca de correspondência, viagens e treinamentos em campos especializados para organizar o protesto contra a reunião da Alca.

Ninguém sabe quantas pessoas participarão do protesto, mas os organizadores esperam que seja o maior desde Seattle, em 99, quando 60 mil interromperam reunião da OMC.

"Nossas geladeiras estão lotadas", diz Patrice Breton, 26, estudante de jornalismo que está há um ano envolvido na organização do protesto. "Os voluntários cozinharam por mais de dois meses para deixar comida pronta para os dias de protesto".

Para organizar o A-20, como foi apelidado o protesto de 20 de abril, os manifestantes se organizaram em torno de três grupos canadenses:
Operation SalAMI ("amigo sujo"), CASA (Comitê de Boas Vindas ao Encontro das Américas) e CLAC (Convergência das Lutas Anticapitalistas).

As organizações lançaram pela internet um "chamado para a luta", como se diz no jargão dos ativistas, e centralizaram os contatos com associações estudantis, ambientalistas, feministas, políticas, sindicais e simpatizantes em geral do movimento contra o capitalismo global.

Foram criadas páginas na internet e uma rede de comunicação por e-mails, em que todas as pessoas interessadas trocavam informações e recebiam informes diários sobre o andamento da organização. Só em Québec foram realizados mais de cem cursos e debates. Representantes do SalAMI, da CASA e da CLAC viajaram pelo Canadá e pelos Estados Unidos para dar treinamento de técnicas de protesto.

"Aprendemos como reagir diante da ameaça de prisão por parte da polícia", diz o estudante canadense Ardath Whynacht.

Ardath conta que uma das técnicas que aprendeu é de abraçar outros integrantes de seu grupo quando a polícia se aproximar. A idéia é dificultar a prisão e criar uma imagem que dê impacto na televisão.

Os organizadores do protesto também orientaram os ativistas de outras cidades a se unirem em grupos que dividem o mesmo tipo de interesse.
Os "grupos de afinidade", como são chamados, atuam em bloco durante os protestos e cada integrante procura acompanhar o que está acontecendo e ajudar os outros participantes.

Ontem, começou a última etapa de preparação para o A-20. Caravanas com militantes de todo o Canadá e dos Estados Unidos começavam a chegar em Québec. Em todas as ruas do centro histórico da cidade podia-se ver jovens com roupas coloridas, penteados com tranças e mochilas nas costas.

Os ativistas recém-chegados à cidade eram encaminhados para albergues, colégios, faculdades e casas de famílias. Há uma lista com 15 mil nomes de militantes que pediram abrigo. Mas os organizadores estão esperando muito mais gente.

"Quando começamos a falar sobre o assunto, no ano passado, nosso grupo tinha 20 pessoas. Chegamos hoje a Québec numa caravana com 220 pessoas e tem muito mais gente vindo", disse o estudante Eric McIntyre.
 

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