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28/06/2000
-
03h44
FERNANDO GODINHO e RAQUEL ULHÔA, da Folha de S.Paulo
O senador Luiz Estevão (PMDB-DF) chega hoje à sessão do Senado que votará o pedido de cassação do seu mandato abandonado por seu partido e com a maioria dos senadores contra sua permanência na Casa.
Acusado de quebra de decoro parlamentar durante os trabalhos da CPI do Judiciário, Estevão perderá seu mandato se pelo menos 41 dos 81 senadores votarem a favor da cassação.
Nos últimos dois dias, 51 senadores disseram à Folha que pretendem votar favoravelmente à punição. Entre eles estão 10 integrantes da bancada de 25 membros do PMDB. Apenas 1 se disse contrário à cassação; outros 10 peemedebistas não revelaram o voto e 3 não foram localizados para opinar. O 25º voto é de Estevão, que disse que não votará.
A reportagem ouviu 75 senadores. Apenas 2 declaram seu apoio a Estevão; outros 14 não revelaram seus votos e 8 se disseram indecisos. Dois senadores não foram computados no levantamento: o próprio Estevão e Thelma Siqueira Campos (PPB-TO), que está de licença médica.
Sem chance
No bancada do PMDB, o único que diz acreditar em uma possível vitória de Estevão hoje é Renan Calheiros (AL). Para ele, o mandato do colega será salvo se os outros 24 senadores do partido votarem contra a punição.
Mas nem o presidente nacional do PMDB e líder do partido no Senado, Jader Barbalho (PA), acredita em uma vitória. "Em uma sessão secreta, a questão partidária fica eliminada", disse ele, lembrando que a votação também será secreta.
Ao priorizar uma atuação institucional (como líder e presidente do partido) e regimental (com o objetivo de garantir prazos à defesa de Estevão), Jader não conseguiu garantir a coesão do PMDB em torno do mandato de Estevão.
Derrotado e vendo a divisão do partido, ele optou por liberar a bancada. Nos bastidores, segundo senadores consultados ontem pela Folha, Jader procurou mostrar a outros colegas que a cassação de Luiz Estevão fortaleceria o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), seu adversário na Casa e padrinho político da CPI do Judiciário, mas optou por não atuar agressivamente nesse sentido. Ele avalia que uma defesa ostensiva de Estevão prejudicaria sua campanha para presidente do Senado.
Jader não pretende discursar na sessão. Ele só se manifestou na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), quando defendeu que Estevão não poderia ser cassado com base em irregularidades cometidas antes do seu mandato.
Nos dois discursos que fez em plenário para se defender das acusações, Estevão não foi aparteado por nenhum colega de partido.
Segundo os peemedebistas consultados ontem, Jader nunca teve "ambiente político" para pedir votos para Luiz Estevão, que há meses vem dando explicações quase que diárias sobre seu envolvimento com a construtora Incal, acusada de desviar R$ 169,5 milhões em recursos públicos destinados à obra do Fórum Trabalhista de São Paulo.
Esses senadores chegaram a dizer ontem que o PMDB se sentiu, na reta final do processo, como um "marido traído", pois a cada dia ficava sabendo de novas denúncias contra Estevão.
Apoio local
O único apoio explícito do PMDB a Estevão veio da bancada do Distrito Federal na Câmara, que ontem fez uma verdadeira romaria ao gabinete do senador.
Estiveram lá deputados distritais e federais, além de secretários do governo do Distrito Federal -ocupado por Joaquim Roriz (PMDB), eleito em 1998 com o apoio de Estevão.
Um abaixo-assinado a favor de Estevão, com cerca de 60 mil assinaturas de eleitores do DF, foi entregue na noite de ontem a Jader. Questionado sobre o documento, o líder foi irônico: "Vou passar a noite contando as assinaturas".
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PMDB abandona Estevão e libera votos de senadores
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O senador Luiz Estevão (PMDB-DF) chega hoje à sessão do Senado que votará o pedido de cassação do seu mandato abandonado por seu partido e com a maioria dos senadores contra sua permanência na Casa.
Acusado de quebra de decoro parlamentar durante os trabalhos da CPI do Judiciário, Estevão perderá seu mandato se pelo menos 41 dos 81 senadores votarem a favor da cassação.
Nos últimos dois dias, 51 senadores disseram à Folha que pretendem votar favoravelmente à punição. Entre eles estão 10 integrantes da bancada de 25 membros do PMDB. Apenas 1 se disse contrário à cassação; outros 10 peemedebistas não revelaram o voto e 3 não foram localizados para opinar. O 25º voto é de Estevão, que disse que não votará.
A reportagem ouviu 75 senadores. Apenas 2 declaram seu apoio a Estevão; outros 14 não revelaram seus votos e 8 se disseram indecisos. Dois senadores não foram computados no levantamento: o próprio Estevão e Thelma Siqueira Campos (PPB-TO), que está de licença médica.
Sem chance
No bancada do PMDB, o único que diz acreditar em uma possível vitória de Estevão hoje é Renan Calheiros (AL). Para ele, o mandato do colega será salvo se os outros 24 senadores do partido votarem contra a punição.
Mas nem o presidente nacional do PMDB e líder do partido no Senado, Jader Barbalho (PA), acredita em uma vitória. "Em uma sessão secreta, a questão partidária fica eliminada", disse ele, lembrando que a votação também será secreta.
Ao priorizar uma atuação institucional (como líder e presidente do partido) e regimental (com o objetivo de garantir prazos à defesa de Estevão), Jader não conseguiu garantir a coesão do PMDB em torno do mandato de Estevão.
Derrotado e vendo a divisão do partido, ele optou por liberar a bancada. Nos bastidores, segundo senadores consultados ontem pela Folha, Jader procurou mostrar a outros colegas que a cassação de Luiz Estevão fortaleceria o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), seu adversário na Casa e padrinho político da CPI do Judiciário, mas optou por não atuar agressivamente nesse sentido. Ele avalia que uma defesa ostensiva de Estevão prejudicaria sua campanha para presidente do Senado.
Jader não pretende discursar na sessão. Ele só se manifestou na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), quando defendeu que Estevão não poderia ser cassado com base em irregularidades cometidas antes do seu mandato.
Nos dois discursos que fez em plenário para se defender das acusações, Estevão não foi aparteado por nenhum colega de partido.
Segundo os peemedebistas consultados ontem, Jader nunca teve "ambiente político" para pedir votos para Luiz Estevão, que há meses vem dando explicações quase que diárias sobre seu envolvimento com a construtora Incal, acusada de desviar R$ 169,5 milhões em recursos públicos destinados à obra do Fórum Trabalhista de São Paulo.
Esses senadores chegaram a dizer ontem que o PMDB se sentiu, na reta final do processo, como um "marido traído", pois a cada dia ficava sabendo de novas denúncias contra Estevão.
Apoio local
O único apoio explícito do PMDB a Estevão veio da bancada do Distrito Federal na Câmara, que ontem fez uma verdadeira romaria ao gabinete do senador.
Estiveram lá deputados distritais e federais, além de secretários do governo do Distrito Federal -ocupado por Joaquim Roriz (PMDB), eleito em 1998 com o apoio de Estevão.
Um abaixo-assinado a favor de Estevão, com cerca de 60 mil assinaturas de eleitores do DF, foi entregue na noite de ontem a Jader. Questionado sobre o documento, o líder foi irônico: "Vou passar a noite contando as assinaturas".
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