Publicidade
Publicidade
14/03/2002
-
12h55
SÍLVIA FREIRE
da Folha Online
O cacique xavante e ex-deputado Mário Juruna, 59, pode vir a receber uma pensão vitalícia de R$ 1.300 paga pelo governo federal. Ontem, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou o projeto que prevê o pagamento apresentado pelo senador Carlos Bezerra (PMDB-MT). A matéria deve seguir para plenário onde poderá receber emendas.
Doente e sem rendimentos, Juruna vive hoje com um filho na cidade satélite de Guará 2, próximo a Brasília. Em 1998, o ex-deputado perdeu o movimento das pernas por causa de um reumatismo e hoje só se locomove em uma cadeira de rodas.
Ao comentar a aprovação do projeto, o cacique comemorou discretamente. "É um reconhecimento ao que fiz. Ainda tem gente que lembra de mim", disse ele.
Juruna foi o primeiro índio a ocupar uma cadeira na Câmara Federal. Ele foi eleito em 1982 pelo PDT do Rio de Janeiro. Tentou se reelege em 1986, mas não conseguiu. Decepcionado com a política, o cacique, disse que chegou inocente ao Legislativo.
"Pensei que o político sempre trabalha pelo povo. A maioria vota com o governo, só uma minoria quer ajudar", disse Juruna sempre usando o tempo presente dos verbos e sem se preocupar com a repercussão de suas declarações. Caso seja aprovado no Senado, o projeto que cria a pensão deve ser votado ainda pela Câmara.
Juruna nasceu no interior do Mato Grosso e até os 17 não havia tido contato com o homem branco. Na década de 70 foi a Brasília pedir ajuda aos índios e ganhou notoriedade. O cacique costumava gravar em fita as promessas e declarações que faziam a ele para cobrar mais adiante.
"Naquele tempo, a gente acreditava que gravando, teria resultado. Nunca aconteceu", disse o ex-deputado. Segundo Juruna, ele chegou a manter 50 fitas de áudio que foram destruídas antes mesmo dele terminar o mandado. "Mandei queimar tudo. Não valia a pena guardar nem gravar o que diziam."
Segundo a assessoria do senador Carlos Bezerra, o projeto prevê que o pagamento da pensão seja feito pelo Tesouro, na mesma rubrica e no mesmo valor das pensões pagas aos irmão Villas Bôas, indianistas que lideraram a expedição Roncador-Xingu, em 1943, que fez contato com diversas tribos indígenas.
Cacique Mário Juruna pode receber pensão de R$ 1.300 do governo
Publicidade
da Folha Online
O cacique xavante e ex-deputado Mário Juruna, 59, pode vir a receber uma pensão vitalícia de R$ 1.300 paga pelo governo federal. Ontem, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou o projeto que prevê o pagamento apresentado pelo senador Carlos Bezerra (PMDB-MT). A matéria deve seguir para plenário onde poderá receber emendas.
Doente e sem rendimentos, Juruna vive hoje com um filho na cidade satélite de Guará 2, próximo a Brasília. Em 1998, o ex-deputado perdeu o movimento das pernas por causa de um reumatismo e hoje só se locomove em uma cadeira de rodas.
Fotomontagem/Folha Imagem |
Juruna em dois momentos: discursando no plenário da Câmara em 1983 e em sua casa, em Guará, em fevereiro de 2000. |
Ao comentar a aprovação do projeto, o cacique comemorou discretamente. "É um reconhecimento ao que fiz. Ainda tem gente que lembra de mim", disse ele.
Juruna foi o primeiro índio a ocupar uma cadeira na Câmara Federal. Ele foi eleito em 1982 pelo PDT do Rio de Janeiro. Tentou se reelege em 1986, mas não conseguiu. Decepcionado com a política, o cacique, disse que chegou inocente ao Legislativo.
"Pensei que o político sempre trabalha pelo povo. A maioria vota com o governo, só uma minoria quer ajudar", disse Juruna sempre usando o tempo presente dos verbos e sem se preocupar com a repercussão de suas declarações. Caso seja aprovado no Senado, o projeto que cria a pensão deve ser votado ainda pela Câmara.
Juruna nasceu no interior do Mato Grosso e até os 17 não havia tido contato com o homem branco. Na década de 70 foi a Brasília pedir ajuda aos índios e ganhou notoriedade. O cacique costumava gravar em fita as promessas e declarações que faziam a ele para cobrar mais adiante.
"Naquele tempo, a gente acreditava que gravando, teria resultado. Nunca aconteceu", disse o ex-deputado. Segundo Juruna, ele chegou a manter 50 fitas de áudio que foram destruídas antes mesmo dele terminar o mandado. "Mandei queimar tudo. Não valia a pena guardar nem gravar o que diziam."
Segundo a assessoria do senador Carlos Bezerra, o projeto prevê que o pagamento da pensão seja feito pelo Tesouro, na mesma rubrica e no mesmo valor das pensões pagas aos irmão Villas Bôas, indianistas que lideraram a expedição Roncador-Xingu, em 1943, que fez contato com diversas tribos indígenas.
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice