Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/11/2007 - 10h01

FHC cria polêmica gramatical e ira política

Publicidade

da Folha de S.Paulo
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A frase do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que escorregou no português formal ao criticar indiretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi considerada "politicamente incorreta" pela professora de português Thaís Nicoleti. No 3º Congresso do PSDB, anteontem em Brasília, o ex-presidente disse que quer "brasileiros melhor educados, e não brasileiros liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria".

Pela norma culta, o correto seria "mais bem educados". "Rigorosamente, deve-se usar "mais bem" antes de particípio. Porém, essa construção ["melhor educado'] é considerada aceitável, ela está no limite entre a norma padrão e o desvio dela", afirma Nicoleti.

Para a professora, o mais grave, no entanto, é o significado da frase do ex-presidente.

"Todos sabem falar a sua própria língua. Não se pode usar a fragilidade da educação formal de uma pessoa para atacá-la. Como professora de português, nunca desmereço o discurso de alguém por sua forma de falar. Isso é politicamente incorreto ou no mínimo mesquinho."

Nicoleti diz que, como a língua é dinâmica, o que foi considerado errado no passado pode ser aceito no presente. "Quem sabe, no futuro, as pessoas deixem de usar o "s" [para designação do plural]. Possivelmente, quando Fernando Henrique freqüentou a escola ele aprendeu que o correto era apenas "mais bem" educado."

Por trás da discussão, a professora aponta haver certa condescendência com erros gramaticais de classes sociais mais altas. "Há registros típicos de classe mais baixa, como a falta de concordância nominal ou verbal. Nas classes mais altas, também há, como a colocação pronominal ou o uso de "melhor" no lugar de "mais bem". Essas, no entanto, são consideradas mais palatáveis."

Política

O deputado Maurício Rands (PT-PE), que deve assumir a liderança da sigla na Câmara, diz que FHC "cobra perfeição gramatical dos outros e a sua própria frase revela um equívoco". "Ele ressuscitou o preconceito e revelou excesso de vaidade porque não consegue disfarçar o ciúme do presidente Lula."

"Foi uma frase infeliz, preconceituosa e errada no tema. Ele tem uma dificuldade enorme em ser ex-presidente", diz Henrique Fontana (PT-RS), indicado à liderança do governo.

O ex-ministro José Dirceu, em seu blog, diz que o PSDB perdeu a compostura. "Deram-se ao luxo da baixaria e do desrespeito pelos adversários e partiram para a ignorância."

Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), FHC reagiu ao preconceito de que o PSDB é elitizado. "Mas o presidente Lula tem uma capacidade incrível de se fazer de vítima". Sobre o aspecto gramatical da frase, disse que "discurso de palanque, com muito barulho, tem sempre o risco [de sair algo errado]". Segundo Arthur Virgílio (PSDB-AM), líder no Senado, "grave é falar em terceiro mandato".

Acompanhe as notícias em seu celular: digite wap.folha.com.br

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página