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12/08/2002 - 16h50

Veja a íntegra da 1ª parte da sabatina de Lula

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da Folha Online

Começa a sabatina com Luiz Inácio Lula da Silva.

Clóvis Rossi

Bom boa tarde a todos, eu sou Clóvis Rossi, membro do conselho editorial da Folha de São Paulo, fazendo-se freelancer de moderar na série de sabatinas. Eu queria agradecer inicialmente a presença de Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do PT, mas acima de tudo queria agradecer a presença dos leitores da Folha para os quais esse evento é basicamente destinado. Amanhã haverá a segunda sabatina com o candidato Ciro Gomes, a partir de das 15h. Diferentemente dessa, que está começando às 16h. Na quinta-feira haverá sabatina com o candidato Anthony garotinho, também às 15h e na sexta-feira com o candidato José Serra, às 15h.

Na semana seguinte será a série de entrevistas com os candidatos ao governo do Estado, começando na segunda-feira, dia 19, com Fernando Morais, depois, na terça-feira, com Antônio Cabreira, na quarta-feira, com o governador Geraldo Alckmin, na quinta-feira com o candidato Paulo Maluf, fechando-se no dia 23, sexta, com o candidato José Genoíno.

Todas as entrevistas serão às 15 horas, para se inscrever como os leitores já sabem, mas em todo o caso é só ligar para 3224. 7624, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. Repetindo o telefone: 3224 7624.

Eu queria avisar que os fotógrafos ficarão só uns minutinhos aqui na frente depois, sem que precise chamá-los de alguma coisa como já foram chamados por outro candidato eles se retirarão para o fundo.

O regulamento do evento é o seguinte: está previsto dez minutos de apresentação do Lula, eu pedi a ele inclusive que se possível reduzisse a apresentação para 5 minutos para abrir mais tempo para as perguntas. No primeiro bloco de aproximadamente 50 minutos serão perguntas feitas pelos entrevistadores da Folha, que nem seria desnecessário apresentar, mas que a parte manda e eu apresente, Eleonora Lucena, editora-executiva da Folha de S.Paulo, Gilberto Dimenstein e Luis Nassif, ambos colunistas e membros do conselho editorial da Folha de S.Paulo. Finalmente no último bloco, que é aí que a coisa pega, o candidato responde às perguntas da platéia. As perguntas devem ser feitas por escrito, no bloco de anotações que deve estar disponível, com nome completo, telefone, e-mail e profissão.

As perguntas que não forem feitas aqui serão entregues ao entrevistado para que ele possa, eventualmente, se quiser, responder diretamente aos leitores.

As perguntas serão feitas, então haverá uma triagem, e depois serão feitas por mim.

Eu pediria inclusive que o leitor da pergunta escolhida se identificasse para ser fotografado de novo não é nada... (risos). Não é nenhum grampo fotográfico, para eventual publicação no material que o jornal deve publicar amanhã. Isso feito, a gente pode começar diretamente com as perguntas e eu, democraticamente, como moderador, assumo o poder de fazer a primeira pergunta.

Lula Perdão, perdão.

Clóvis Rossi - Tem razão, já ia cassar o seu direito de palavra, Lula com a palavra.

Lula Olha, eu não sei se é normal, mas se todas essas luzes não precisassem ficar na cara da gente ajudaria muito, e quem sabe virar uma para o meio do público para a gente poder ver quem está presente porque eu só vejo a primeira fileira, como isso aqui não é um debate, é uma interlocução entre uma candidatura e a sociedade, sobretudo os leitores da Folha de S.Paulo, então é importante que a gente se enxergue para a gente se entender.
Eu queria, primeiro Rossi, dar os parabéns ao jornal Folha de S.Paulo porque a vida inteira nós participamos de campanha política e a vida inteira você fica na expectativa que você tenha oportunidade de fazer debates para você dizer as coisas que você acredita, que você defende, com as pessoas questionando. E nem sempre isso foi possível.

Eu lembro que na campanha de 1994 teve apenas um debate, em 98 já não teve debate. Então isso é muito importante. Eu acho que isso é saudável para que a gente possa consolidar o processo democrático brasileiro.

Segundo, agradecer a presença de vocês aqui, os meus debatedores.

Agradecer a presença dos companheiros que estão aqui, o companheiro marinho, presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC. Nem sei se ele é leitor da Folha, mas ele veio aqui como leitor da Folha. Da minha companheira Marisa, do meu companheiro José Alencar, vice na minha chapa, do André Singer, do meu companheiro José Dirceu, presidente do meu partido, do Antonio Palocci, que foi o coordenador do nosso programa de governo, do Graciano... Como eu não estou vendo todo mundo, vocês me desculpem, não sei se estou vendo o Hélio Bicudo ali atrás. Está ali atrás. Bom e também todos os convidados aqui.

Bem, o que norteou a confecção do programa do PT foram duas coisas basicamente, primeiro a necessidade da inclusão social.

Nós compreendemos que era preciso assumirmos um compromisso de resgatarmos as dívidas que o Estado brasileiro tem uma parcela significativa da sociedade brasileira, principalmente os setores oprimidos da sociedade, aquela parte que não trabalha, aquela parte que ainda é vítima de preconceito e aqueles que desejam conquistar um pouco da sua cidadania.

E para que a gente consiga fazer com que haja inclusão social dessa quantidade enorme de brasileiros que está marginalizado, é preciso que haja uma mudança no modelo econômico.

Ou seja, um país com a grandeza e com o potencial do Brasil não pode ficar a depender da boa vontade ou não da entrada do capital externo, mas o Brasil precisa depender da sua própria força, da sua própria capacidade produtiva, do seu parque industrial, da sua agricultura, da sua capacidade de convencer o mundo de que o Brasil é importante para o turismo, para que a gente não tenha um déficit de 1 bilhão e meio na nossa balança por conta do turismo.

E nós sabemos que isso não é uma coisa feita da hora para a outra, isso não tem milagre, mas o que nós achamos é que é preciso redirecionar primeiro as prioridades e depois o pouco dinheiro que resta para esse país fazer política pública.

Nós achamos que o Brasil pode dar um salto de qualidade se a gente utilizar corretamente os recursos para investir na micro, na pequena e na média empresa. Nos entendemos que o Brasil pode dar um jeito se a gente acreditar na capacidade de exportação do Brasil, para isso a gente não tem nem que esperar ganhar as eleições, é preciso que o atual governo comece a tomar medidas urgentes e possa fazer já imediatamente uma proposta de votar o que já está na Câmara dos Deputados de proposta de reforma tributária.

Nós acreditamos que o Brasil tem condições de dar um salto de qualidade, inclusive ainda na sua agricultura que o ano passado foi responsável por um superávit comercial de quase 18 bilhões de dólares na agricultura.

E nós achamos que para isso acontecer é preciso que tenha um presidente que acredite na capacidade produtiva do Brasil. Ou seja, um país do tamanho do Brasil com o potencial do Brasil, com vocação do Brasil não pode ficar a meros é da especulação, seja interna ou externa, nós temos que acreditar que a produção é a única possibilidade que nós temos de gerar os empregos que o Brasil precisa, o crescimento da riqueza que o Brasil precisa e a distribuição de renda que o Brasil precisa.

Caso contrário, nós iremos ficar na mesmo isso e poderemos chegar a quase que uma situação de hinos ouve ienes, se nós não acreditarmos na nossa capacidade de produção.

E lamentavelmente o Brasil, que é um país de economia capitalista, é um país onde o dinheiro está proibido de um lado para os empresários que querem ter acesso ao dinheiro para produzir e de outro lado aos consumidores que por conta de uma política de juros escorchantes estão praticamente proibidos de consumir .

Então você fica numa situação..., ou seja, nós estamos num país capitalista onde os empresários não têm acesso ao dinheiro porque o juros são muito altos e os consumidores não podem comprar o que precisam porque os juros também são muito altos. Ou seja, então a economia brasileira fica estagnada por quase 10 anos, que nosso crescimento é um crescimento providencial e o mais grave é que a gente não vê, da parte do governo , nenhuma vontade de mudar isso.

Poderiam perguntar para mim: Bom, Lula, se é tão fácil assim por que então os outros não fizeram?

Porque tem gente que acredita. Em política tem gente que acredita que esse rumo está certo e vai até cair no abismo.

Não foi por falta de aviso porque acho que todo mundo aqui já escreveu alguma coisa avisando. Eu acho que os economistas deste país, os políticos do Brasil já tentaram alertar. Foi como na crise energética, mesmo que o governo tenha dito que tenha sido pego de surpresa, a verdade é que desde 1996 os mais importantes especialistas do Brasil vinham alertando-se o governo que não era possível continuar sem os investimentos necessários.

Nós não fizemos os investimentos necessários e chegamos ao apagão. E estamos ainda prestes a sofrer outros apagões porque não foi resolvido o problema da energia elétrica do Brasil.

Então o governo não mudou de rumo porque não quis. Eu digo sobre sempre que o presidente Fernando Henrique Cardoso talvez passe para a história como o presidente que jogou fora a mais importante oportunidade que um presidente da República já teve no Brasil, no ano de 1996, por conta do fim do imposto inflacionário, a economia brasileira poderia ter voltado a crescer, o governo poderia ter pensado em fazer a economia brasileira voltar a crescer, a tese da reeleição ganhou corpo e aí passou se os dois últimos anos discutindo apenas a questão da reeleição e como se estabelecer uma relação promíscua entre Poder Executivo e Poder Legislativo para aprovar a reeleição, a partir daí o presidente Fernando Henrique Cardoso teve um segundo mandato muito desastroso para quem tinha tido um começo de mandato muito promissor. Nós do PT estamos convencidos que essa situação pode se inverter. É apenas uma questão de definição política, de disposição política.

Acreditamos nisso.

Temos visto pelo Brasil afora experiências extraordinárias e eu acho que nós vamos conseguir fazer com que o país experimente o partido dos trabalhadores porque acho que mais do que nunca o Brasil está precisando passar por uma experiência de um partido político que acredita no desenvolvimento, de um partido político que acredita na indústria nacional, de um partido político que acredita na agricultura brasileira, que acredita na agricultura empresarial, que acredita na agricultura familiar, que acredita que o Brasil tem que ser mais ousado na sua política de comércio exterior, que o Brasil não pode se contentar com a atual situação em que nós vivemos e por isso nós estamos candidatos com a convicção de que estamos disputando a eleição onde temos muito mais chance de ganhar as eleições.

Eu quero terminar os 10 minutos, meu caro Rossi, dizendo que na minha avaliação e na avaliação dos meus companheiros do PT nós nunca tivemos uma oportunidade tão extraordinária de ganhar nas eleições como nós temos agora.

Para isso, acho que vai depender da nossas próprias pernas, vai depender da nossa competência, vai depender da capacidade que nós tivermos daqui para a frente de comunicação com a sociedade brasileira e fazer ela acreditar nas coisas que nós queremos.

Até porque, eu acho que o Brasil precisa dessa experiência.

Leia as íntegras:
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