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Assassinato de índios cresce 214% em 2007 em Mato Grosso do Sul
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RODRIGO VARGAS
da Agência Folha, em Campo Grande
O número de assassinatos de índios em Mato Grosso do Sul cresceu 214% em 2007 em relação ao ano anterior, aponta balanço da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) divulgado ontem. Foram 44 mortes por esse motivo, ante 14 em 2006.
Também houve aumento de 5% nos casos de suicídios de indígenas no Estado --foram 42, contra 40 no ano anterior.
Ao menos um terço (14) dos homicídios e todos os suicídios ocorreram em áreas das etnias guarani e caiuá, no sul do Estado. São 40 mil índios apenas nessa região, distribuídos por 30 mil hectares --o total de indígenas no Estado é de 64 mil.
A maior parte dos assassinatos --a Funasa não precisou o número, mas citou percentual superior a 90%-- ocorreu dentro das próprias aldeias, e foi motivada por brigas entre os próprios índios.
Os indígenas do sul de Mato Grosso do Sul vivenciam problemas como envolvimento com álcool e drogas e falta de emprego, em meio a conflitos fundiários internos e externos.
Para o coordenador regional da Funasa Flávio Britto Neto, o principal fator responsável pelas mortes de índios é a falta de perspectiva de vida, principalmente entre os jovens. "No caso de Dourados, há o agravante da proximidade com a zona urbana." A região de Dourados abriga 13 mil índios em área de 3.500 hectares.
Para Britto Neto, o número de suicídios de índios da etnia guarani é o problema mais grave. Desde 2001, segundo a Funasa, foram mais de 300, a maioria de jovens de 15 a 19 anos. "Não há paralelo algum no país e talvez no mundo de algo dessa magnitude", disse ele, que citou a contratação de quatro psicólogos como um primeiro passo para enfrentar o problema.
Dados do Cimi
Nesta semana, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) divulgou levantamento nacional sobre mortes de indígenas. Dos 76 casos apurados pela instituição, 48 ocorreram em Mato Grosso do Sul --para a Funasa, a diferença de quatro casos em relação ao seu levantamento pode ter relação com a metodologia empregada para computar casos registrados em áreas de fronteira.
Para o coordenador do regional do Cimi Egon Heck, os números denotam insuficiência de ações do governo federal em relação ao problemas fundiários vividos pelos guaranis e caiuás. "2007 foi o ano em que nada foi feito. Em vez de demarcação de terras, o que se viu foi o incentivo a usinas de álcool. Some-se a isso o agravamento das tensões internas e o resultado é esse círculo vicioso de violência."
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