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05/03/2008 - 13h44

Correa chama Uribe de "traidor" e cobra ação da OEA; Lula quer solução diplomática

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RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu hoje no Palácio do Planalto com o colega do Equador, Rafael Correa, no Palácio do Planalto. Após a reunião com Lula, Correa chamou o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, de "traidor" e sem "vergonha".

"Este governo [de Uribe] já perdeu a vergonha", reagiu o equatoriano. "Não permitiremos o ultraje de um governo que traiu qualquer princípio de direito internacional", disse Correa.

Correa pediu que a comunidade internacional apóie o governo do Equador. Para ele, não bastam desculpas por parte de Uribe, é necessário que a comissão de investigação --conduzida pela OEA-- defina uma espécie de punição ao presidente da Colômbia.

Jamil Bittar/Reuters
Rafael Correa se encontra com presidente Lula, no Planalto. Correa cobrou que OEA condene Colômbia por violação territorial
Rafael Correa se encontra com presidente Lula, no Planalto. Correa cobrou que OEA condene Colômbia por violação territorial

"[Espero que] essa comissão ratifique a inviolabilidade da soberania dos países e que a comissão verifique a agressão da qual fomos alvos", disse Correa. "Somos um povo digno e sensível, mas soberano. O que aconteceria se bombardeassem o Brasil? Por acaso não estaríamos em guerra?."

A Folha Online apurou que o Brasil se empenha para amenizar a crise entre os governos do Equador, Colômbia e Venezuela. Preocupado com o tom do colega do Equador, Lula determinou ao ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) que infomasse a disposição do governo brasileiro de negociar um acordo para o fim da crise. "É preciso separar um pouco as declarações que expressam sentimentos dos presidentes", disse Amorim.

A Folha Online apurou que Lula evitou estar ao lado de Correa, que após o encontro fez um duro discurso, no qual atacou o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe.

Na conversa com Correa, interlocutores afirmam que Lula sinalizou que o papel do Brasil é de ser mediador e não tomar partido do Equador ou da Colômbia.

Para o presidente Lula, o ideal é buscar um consenso por meio de negociações diplomáticas por intermédio da OEA (Organização dos Estados Americanos).

No entanto, de acordo com alguns interlocutores, Lula demonstrou frustração após a conversa com Correa. É que Lula esperava obter um avanço para negociações.

O conflito entre os dois países foi deflagrado pela invasão do território equatoriano por tropas colombianas. A invasão resultou na morte do porta-voz internacional e número dois das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Raúl Reyes. O Equador reclama da invasão de seu território pela Colômbia. A Colômbia, por sua vez, acusa o governo do Equador de acobertar as Farc.

Diplomatas que acompanham as negociações informam que Correa atua também para responder aos anseio da sociedade equatoriana. O presidente do Equador trouxe na sua comitiva pessoal uma equipe de 28 profissionais de imprensa --entre jornalistas e técnicos de veículos privados e públicos de rádio, televisão, jornais e on-line.

Além de Lula e Correa, participaram da reunião, no Palácio do Planalto, os ministros Celso Amorim (Relações Exteriores) e Jorge Félix (Gabinete de Segurança Institucional), assim como Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais.

Amigo

Para não alimentar a crise, Lula pediu a Amorim que acompanhasse o presidente Correa em seu pronunciamento à imprensa. Sem conceder entrevistas, Correa fez um longo discurso, no qual mencionou rapidamente o Brasil, tendo ao seu lado esquerdo o diplomata brasileiro.

"Agradeço profundamente ao governo do Brasil, ao presidente e querido amigo Lula da Silva, ao chanceler Celso Amorim, quem sem meias tintas nem dores morais, condenaram o que foi uma afronta à soberania do país", disse Correa, referindo-se aos ataques da Colômbia em território equatoriano.

 

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