Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/09/2002 - 12h07

Advogado de Serra tenta explicar acusações contra o candidato em site

GUSTAVO HENRIQUE RUFFO
da Folha Online

Um dos advogados do candidato à Presidência José Serra (PSDB), Arnaldo Malheiros, divulgou hoje no site do presidenciável uma nota oficial na qual tenta explicar as recentes denúncias que estão sendo feitas ao tucano.

Um a um, o advogado lista os casos em que Serra supostamente teria cometido irregularidades e os justifica.

Malheiros lista na nota as seguintes acusações: falta de declaração de Serra à Justiça Eleitoral da empresa ACP, falta de declaração à Receita Federal de duas salas no edifício West Tower, em São Paulo, da casa em que Serra reside, no Morumbi e problemas na venda de um terreno no Morumbi e na antiga casal do candidato na Lapa.

Segundo Malheiros, a ACP foi fechada em 2000, daí não ter sido declarada à Justiça Federal, apesar de ainda ser considerada ativa. A falta de declaração da empresa em 1994 e 1996, de acordo com o advogado, "não tem maior relevância, uma vez que se tratava de cota de sociedade legalmente registrada, constante da declaração de bens para a Receita Federal"

Enquanto existiu, a ACP funcionou em uma sala alugada da empresa Gremafer, que pertence a Grégorio Marin Preciado, marido de uma prima de Serra, Vicencia. Preciado será acusado hoje pelo procurador Luiz Francisco de Souza por ter supostamente sido beneficiado com uma anistia no Banco do Brasil a duas de suas empresas, a Gremafer e a Aceto, que deviam R$ 74, milhões. Após a anistia, segundo o procurador, a dívida caiu para R$ 4 milhões

No que diz respeito às salas no edifício West Towers, elas seriam de propriedade de Sylvia Monica Allende Serra, mulher do candidato tucano, e "produto exclusivo de seu trabalho" e constariam de sua declaração de bens, segundo o advogado.

A casa em que Serra vive com a mulher é, de acordo com Malheiros, de propriedade da filha do casal, Verônica Allende Serra, que a adquiriu em 2001. Malheiros diz que Verônica teve renda bem superior ao valor pago pelo imóvel.

Quanto ao terreno que teve no Morumbi, supostamente em sociedade com Gregório Marin Preciado, o advogado de Serra informa que ele teria sido vendido em abril de 1995 por R$ 140 mil e que a venda teria sido devidamente declarada à Receita Federal.

O advogado não trata do assunto na nota, mas, além da acusação de que Serra não teria declarado a venda à Receita, pesa sobre a operação a suspeita de que ela teria sido realizada para evitar o arresto que o Banco do Brasil promoveria contra o imóvel para garantir as dívidas de Preciado com a instituição.

O último item da nota é uma explicação sobre a antiga residência de Serra, que teria sido adquirida em 1981 com financiamento da Caixa Econômica Federal e vendida em 15/05/85 por Cr$ 80 milhões, tendo sido combinado que o comprador continuaria a pagar o financiamento à Caixa.

Nesta data, um dólar valia Cr$ 4.161,00 pelo câmbio oficial. A venda, portanto, equivaleria a US$ 19.226,15. Considerando o câmbio paralelo, em que o dólar valia Cr$ 5.200,00, a quantia em dólares cai para US$ 15.384,62.

Esse valores, no entanto, sofreram inflação nos EUA de 1981 para cá. Em cifras atuais, segundo o conversor do Federal Reserve Bank of Minneapolis, US$ 19.226,15 de 1981 valem US$ 37.923,53. O valor do dólar no paralelo, de US$ 15.384,62, equivale hoje a US$ 30.346,12.

Os números, levando em conta apenas o valor supostamente recebido por Serra, e não o que ficou por ser pago pelo comprador, correspondem a R$ 122.872,24 e R$ 98.321,43, respectivamente, se convertidos pela cotação de hoje do dólar, R$ 3,24.

Segundo Malheiros, "após a baixa da hipoteca, o comprador recebeu a escritura definitiva em 29/7/1997, pelo valor de R$ 1,00". O advogado diz que a diferença ocorreu "porque, entre o contrato particular e a data da escritura, a moeda mudou cinco ou seis vezes de nome e de valor, tornando o preço original praticamente sem expressão monetária na data da venda".

O site de Ciro Gomes (PPS) traz nota da coluna do jornalista Cláudio Humberto, ex-porta-voz de Fernando Collor de Mello quando ele era presidente, segundo a qual Serra teria vendido o imóvel a Magid Bechara, um "conhecido doleiro paulistano".

A nota afirma ainda que "certidão do 10º Cartório de Registro de Imóveis, em poder da coluna, atesta que no mesmo dia 29 de julho de 1997, Magid Bechara, o doleiro comprador, vendeu o imóvel por R$ 100 mil ao casal Sandra e Antônio Júlio Faro da Costa".

Malheiros, porém, ressalva que a operação foi declarada por Serra à Receita Federal no exercício de 1986.

Leia mais no especial Eleições 2002
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade