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Mulheres sem terra invadem estatal e dois engenhos em Pernambuco
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RENATA BAPTISTA
da Agência Folha, em Recife
Mulheres ligadas à Via Campesina invadiram hoje a sede da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) em Petrolina e dois engenhos na mata sul de Pernambuco --em um deles, elas colocaram fogo na casa grande.
As invasões fazem parte das manifestações promovidas pela Via Campesina por causa do Dia Internacional da Mulher. Na terça-feira, mulheres ligadas ao movimento invadiram a fazenda Tarumã, em Rosário do Sul (RS), e foram retiradas pela Brigada Militar.
Na ação em Petrolina, hoje, cerca de 400 mulheres de acampamentos de Pernambuco e da Bahia invadiram a sede da Codevasf no início da manhã e instalaram-se na recepção e no pátio do órgão, em protesto contra projetos que, segundo a Via Campesina, favorecem o agronegócio, como o de transposição do rio São Francisco.
Os funcionários da Codevasf trabalharam normalmente, apesar da invasão, e a polícia apenas acompanhou a ação. A superintendência recebeu um grupo com dez representantes das manifestantes.
No final da tarde, o grupo deixou o local em marcha pelo centro de Petrolina até a sede regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), onde realizaram uma assembléia.
Ainda na manhã de hoje, um grupo com cem mulheres invadiu o engenho Pereira Grande, em Gameleira (110 km de Recife). Outras 150 mulheres invadiram o engenho Cachoeira Dantas, em Água Preta (140 km de Recife), e foram cercadas pela Polícia Militar após colocar fogo na casa grande.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e conseguiu controlar o incêndio, mas móveis e eletrodomésticos ficaram destruídos. Ninguém ficou ferido.
Algumas sem-terra dizem que os policiais atiraram na direção dos manifestantes, mas ninguém foi atingido. O comando da operação disse que não foram efetuados disparos. Não houve presos nem feridos.
Até o início da noite, as mulheres não haviam deixado os engenhos. Um representante do Incra foi a Água Preta para conversar com o grupo.
Há cerca de 20 dias, a Justiça de Água Preta determinou o despejo de 66 famílias ligadas ao MST que viviam no local há mais de 20 anos, de acordo com o movimento.
Segundo o MST, eles eram trabalhadores do engenho, que, depois de demitidos, não receberam as indenizações trabalhistas e invadiram a propriedade após ela ser penhorada. O novo proprietário ajuizou ação reivindicatória com tutela antecipada. O Incra não confirmou as informações.
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