Para Ciro, imprensa de SP tenta difamar a ministra

O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) disse ontem que existe um movimento "clandestino", criado a partir da imprensa de São Paulo, para desmoralizar e difamar a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, no episódio que envolve a divulgação de gastos sigilosos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, o deputado disse que o movimento ocorre no momento em que a ministra aparece como uma possível candidata à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010.

"Na medida que se menciona a ministra Dilma --que é um quadro extraordinário, uma pessoa muito decente, uma pessoa muito capaz, muito trabalhadora-- como uma possível candidata à Presidência da República, há um movimento desta máquina clandestina que tem o epicentro em São Paulo, na imprensa de São Paulo, para tentar desmoralizar, difamar, de maneira a não deixar que esta pessoa se apresente para o verdadeiro julgamento popular", disse Ciro Gomes em entrevista ontem pela manhã.

O deputado, que faz parte da base governista, citou a revista "Veja" como sendo a "ponta de lança" do suposto "esforço difamatório" contra a ministra.

"Basta a gente lembrar a acusação de que o PT recebeu dinheiro de Cuba, o que não é verdade, que o PT recebeu dinheiro das Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia], que também não é verdade", disse o deputado ao se referir à publicação semanal.

A revista publicou há duas semanas uma reportagem na qual mostrou um possível dossiê com despesas sigilosas do ex-presidente e da ex-primeira-dama Ruth Cardoso supostamente montado pelo governo para pressionar a oposição a não instaurar a CPI dos Cartões Corporativos.

A ministra nega que a Casa Civil tenha montado um dossiê, mas que estava sendo elaborado um banco de dados com as despesas do governo de FHC que estavam arquivadas em pastas, para caso fossem solicitadas informações pela CPI.

Na última sexta, a Folha divulgou que as informações do dossiê vazaram da Casa Civil. Dilma levantou a possibilidade de espionagem nos computadores do Palácio do Planalto.

Para Ciro Gomes, as informações sobre os gastos de FHC foram entregues à revista pelo senador tucano Álvaro Dias (PR), com o objetivo de "estabelecer uma novela escandalosa e difamatória do governo".

"Quem entregou esta informação para a revista Veja? Já está esclarecido. Foi o senador Álvaro Dias, um radical opositor ao governo Lula, quadro do PSDB. Não passa pela cabeça de ninguém que a ministra Dilma, querendo difamar o Fernando Henrique, fosse vazar um dossiê para a mão do senador Álvaro Dias", disse Ciro.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de um terceiro mandato para o presidente Lula, Ciro preferiu não falar. "Só opinarei sobre este assunto se ele se corporificar. Por enquanto, para mim, trata-se de uma especulação." O ex-ministro disse que, em conversas públicas ou privadas, o presidente Lula se aborrece com o assunto.