Ideli Salvatti pede para Garibaldi desistir de criar CPI dos Cartões no Senado

Na tentativa de evitar a instalação da CPI dos Cartões Corporativos do Senado, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) argumentou nesta terça-feira que duas investigações sobre o mesmo assunto não podem ocorrer simultaneamente na Casa Legislativa, uma vez que a comissão mista (com deputados e senadores) dos cartões também apura o mesmo tema. Ideli pediu que o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), recue na criação da CPI ao afirmar que há jurisprudência no Senado que não permite a instalação de dois inquéritos sobre fatos semelhantes.

A senadora citou trechos de uma fala de Garibaldi, feita em fevereiro deste ano, quando o presidente do Senado teria afirmado que, quando já há um juiz instalado na investigação, um segundo investigador não pode surgir no Legislativo. "Eu gostaria que Vossa Excelência fizesse jus a essa jurisprudência. Quem tem anterioridade [a CPI mista] deve conduzir o processo", afirmou.

Apesar do apelo, Garibaldi negou a questão de ordem levantada por Ideli na sessão plenária do Senado. "Lamentando não poder atendê-la, eu indefiro a questão de ordem. A Constituição Federal prevê que as duas Casas [Câmara e Senado] tenham autonomia. O Senado é uma Casa, a Câmara é outra e o Senado é outro", argumentou Garibaldi.

A oposição reagiu à proposta apresentada pela líder do PT no Senado. "Fico espantado até que ponto o governo vai. É muita vontade de não apurar, de fazer uma pizza de tamanho gigante neste país. Nós já ouvimos do presidente Garibaldi que não há incompatibilidade para as duas CPIs", afirmou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

Criação

Depois de forte pressão da oposição, o Senado criou oficialmente nesta terça-feira a CPI dos Cartões Corporativos que será integrada por 11 senadores. O requerimento de criação da comissão foi lido pelo senador Efraim Morais (DEM-PB), primeiro-secretário da Casa Legislativa.

A decisão de criar a nova CPI foi tomada depois de uma reunião de duas horas conduzida por Garibaldi com líderes da oposição e da base aliada. Diferentemente da CPI mista (formada por deputados e senadores) que já está em funcionamento, a nova comissão vai funcionar só no Senado --onde o governo não tem maioria, como na Câmara.

Garibaldi chegou a reunir lideranças da oposição e da base governista num almoço para tentar chegar a um acordo que impedisse a criação da segunda CPI, mas não obteve sucesso.

Para que a comissão seja instalada, os líderes partidários têm agora que indicar os integrantes da comissão. A nova comissão não vai garantir ao DEM e ao PSDB equilíbrio de forças entre oposição e governistas. Das 11 vagas de senadores que vão integrar a CPI, apenas três serão destinadas a partidos de oposição.