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28/10/2002 - 03h31

Veja o perfil de Joaquim Roriz, governador reeleito no Distrito Federal

da Folha Online

Foi do berço petista que o governador reeleito do Distrito Federal Joaquim Roriz (PMDB) saltou para a política. Natural do município goiano de Luziânia, a 60 km de Brasília, Roriz fundou o PT em Goiás, partido que hoje ele diz só ter pessoas "com ódio no coração". A fase vermelha é passado renegado pelo governador, que hoje divide o cenário político de Brasília como se estivesse numa guerra santa. Há dois lados da vida, segundo ele: o lado azul (o dele) e o vermelho (o dos petistas).

Seu discurso sempre procura transcender a questão política para ganhar tom messiânico. Trata a disputa do voto como se fosse uma batalha pela conversão de almas. Roriz não se esquiva de chorar e fazer apelos da forma humilde para encantar o eleitorado das regiões carentes do Distrito Federal. Roriz usa o nome de Deus sem cerimônia alguma na hora de conquistar um eleitor. O discurso emocional, recheado de abraços e muito cochicho ao pé do ouvido, pontua o estilo dele no corpo-a-corpo nas ruas.

Os tropeços no português, os erros de concordância e o desconforto em cerimônias oficiais com autoridades superiores, Roriz tenta compensar com a desenvoltura com que anda nas cidades pobres, antigos assentamentos que ele mesmo criou.

O governador chega ao quarto mandato aos 66 anos. Roriz acumula vitórias em 35 anos de política. Quando quis se tornar vereador, em 1968, foi o mais votado em sua cidade, Luziânia. Decidiu virar deputado estadual por Goiás em 1978 e voltou a ser o campeão de votos. Quatro anos mais tarde, chegou à Câmara Federal. Em 1986, elegeu-se vice-governador e, um ano depois, assumiu a prefeitura de Goiânia, como interventor. De lá, Roriz saiu em 1988 para aceitar o convite do presidente José Sarney e governar o Distrito Federal, por nomeação.

Os 18 meses de Roriz como governador biônico no Palácio do Buriti foram marcados pela política de remoção de favelas para assentamentos. Época em que Roriz conquistou seu eleitorado doando lotes. Em março de 1990, deixou o Buriti, já de olho nas eleições de outubro. A promessa de fazer o metrô seduziu eleitores. A criação de novas cidades representava para os mais pobres a esperança de ter um lote e a perspectiva de emprego no rastro das obras de urbanização.

Roriz venceu no primeiro turno. Eleito pelo PTR, tomou posse durante um temporal, em 1º de janeiro de 1991. Já naquela época, dizia não se incomodar em ser chamado de populista.

No entanto, ao lado das vitórias eleitorais pesam sobre Roriz e seu governo muitas acusações. O governador é alvo de seis notícias crimes e cinco inquéritos no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Além disso, teve de se defender de uma ação penal no STJ, arquivada em abril. Apenas dois casos são de 1994. O resto foi aberto a partir de 2000. As acusações feitas a Joaquim Roriz são de racismo, improbidade administrativa, falsidade ideológica e crimes contra a fé pública.

O governador também peca pelo destempero verbal. No palanque, diante de vários eleitores, em 1994, quando fazia campanha para seu aliado Valmir Campelo, Roriz xingou a tucana Maria de Lourdes Abadia, que hoje é candidata a vice na sua chapa. Ela era concorrente de Campelo, nome escolhido por Roriz para ser seu sucessor. A ofensa fez com que o PSDB migrasse o apoio para o PT, no segundo turno, em 1994, ajudando Cristovam Buarque (PT) a se eleger governador.

Essa não foi a única vez em que Roriz se viu obrigado a pedir desculpas para se livrar de grandes enrascadas. Em comício no início do ano, o governador chamou um senhor que o ouvia discursar de "crioulo petista", o que resultou em queixa crime contra ele, no STJ. Roriz foi acusado de racismo.

Desde que assumiu o atual mandato, em janeiro de 1999, Joaquim Roriz e sua equipe foram alvos de escândalos. Denúncias que passam por desvios de verbas do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), pela compra de merenda escolar superfaturada e que incluem até acordos de campanha com o maior contraventor do Distrito Federal, o bicheiro Manoel Durso.

Porém as grandes obras viárias direcionadas à classe média e o aumento de programas assistenciais, como a entrega de pão e leite nas áreas mais carentes garantiram a Roriz a popularidade que o coloca hoje como o líder das pesquisas de intenção de voto.

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