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09/08/2000 - 16h16

Adhemar de Barros inaugurou o populismo

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da Folha de S.Paulo

Adhemar de Barros foi o primeiro líder populista em São Paulo. Ex-deputado estadual pelo PRP, ele era um político secundário do partido quando foi nomeado interventor no Estado em 1938 pelo presidente Getúlio Vargas.

Adhemar fez um governo "realizador": construiu as rodovias Anhanguera e Anchieta, promoveu a retificação do rio Tietê e a eletrificação da Estrada de Ferro Sorocabana, iniciou a construção do Hospital das Clínicas e de numerosos hospitais no interior.

Ao mesmo tempo, montou uma notável máquina publicitária: abastecia os cinemas com documentários sobre suas atividades ("O Bandeirante na Tela") e tinha um programa de rádio diário, a "Palestra ao Pé do Fogo".

Como dizia Mário Beni, um dos principais articuladores de Adhemar: "Naquela época não havia televisão, havia apenas transmissões pelo rádio. Todas as noites, às 19h, ele tinha uma palestra com o povo de São Paulo... Isso fez época, ele tinha aquela conversa de caboclo franco, não era discurso inflamado não.

Falava a linguagem deles, falava errado até. Era uma novidade, nunca houve isto. Foi daí que surgiu o termo populismo, quer dizer, nós descermos à linguagem do povo para que ele entendesse".

Essas medidas trouxeram uma imensa popularidade a Adhemar, que passou a ser identificado como um administrador dinâmico e generoso, protetor das pessoas mais pobres -em parte graças à iniciativa de sua mulher, Leonor, "símbolo da bondade da mulher brasileira", que liderava um grande programa assistencial.

Todas essas iniciativas, porém, foram realizadas à custa de um grande aumento do déficit estadual. Adhemar sofreu diversas acusações de desvio de verbas públicas. Um dossiê com denúncias de corrupção foi enviado a Getúlio Vargas, que, preocupado com o prestígio de Adhemar, destituiu o interventor em junho de 1941.

Com a redemocratização do país, em 1945, Adhemar organizou seu próprio partido, que em 1946 passou a se chamar PSP (Partido Social Progressista). Foi eleito governador do Estado em 1947 derrotando Hugo Borghi (PTN) e Mário Tavares (PSD).

Governou de março de 1947 até janeiro de 1951. Não pôde disputar a eleição presidencial de 1950 (estava rompido com seu vice) e acabou apoiando, a contragosto, a candidatura de Getúlio Vargas (PTB). Mas elegeu seu sucessor, Lucas Nogueira Garcez, que acabaria rompendo com ele em 1953.

Adhemar apoiou a candidatura de Jânio Quadros (PDC) a prefeito de São Paulo em 1953 e, no ano seguinte, acabou sendo derrotado pelo mesmo Jânio na eleição para governador do Estado. No governo, Jânio moveu vários processos contra Adhemar, que certa vez teve de fugir para o Paraguai e para a Bolívia para escapar da prisão.

Manteve, porém, seu prestígio no Estado. Em 1955, conseguiu eleger seu candidato (Lino de Mattos) para prefeito de São Paulo e disputou a Presidência, mas ficou apenas em terceiro lugar, atrás de Juscelino Kubitschek (PSD) e Juarez Távora (UDN), mas foi o mais votado no Estado.

Em 1957, venceu a eleição para prefeito da capital. No ano seguinte, sem deixar o cargo, disputou a eleição para governador, mas foi derrotado por Carvalho Pinto (PDC), candidato de Jânio. Em 1960, concorreu à Presidência, ficando novamente em terceiro, atrás de Jânio Quadros (UDN) e Henrique Teixeira Lott (PSD).

Em 1962, Adhemar disputou novamente o governo do Estado contra Jânio, que havia renunciado à Presidência em agosto de 1961. A renúncia e a decisão do governador Carvalho Pinto de lançar seu próprio candidato (José Bonifácio) permitiram a vitória de Adhemar (39,9% dos votos válidos, contra 35,9% de Jânio).

No governo, Adhemar apoiou o movimento de 1964, mas acabou sendo cassado em junho de 1966. Morreu em Paris, em 1969

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