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20/11/2002
-
17h00
da Folha Online
A Promotoria de Justiça da Cidadania vai investigar a empresa do deputado federal e presidente nacional do Prona (Partido da Reedificação Nacional) Enéas Carneiro, uma livraria e editora que leva o nome do médico cardiologista, onde as "cartilhas doutrinárias" do partido são confeccionadas.
O Ministério Público vai apurar o trâmite citado por Enéas, de que o dinheiro da compra das cartilhas que contém suas idéias político-econômicas é depositado na conta da empresa e "repassado ao partido de acordo com as necessidades".
A promotoria abriu inquérito civil, conduzido pelo promotor Túlio Tadeu Tavares, e solicitou cópias do contrato social da editora e da candidatura do microempresário de Santos Jorge Roberto Leite, que denunciou a cobrança de R$5.000 para garantir uma vaga na legenda nas eleições para a Assembléia Legislativa de São Paulo.
As acusações do suposto mercado de vagas, exibidas há uma semana no telejornal "SPTV", da Rede Globo, recaem sobre a vereadora Havanir Nimtz, que aparece negociando valores em fitas de áudio.
Mas foi de Enéas a voz de defesa sobre as acusações, em que a dermatologista pede dinheiro a Leite. Segundo Enéas, a quantia mencionada por Havanir nas gravações referiam-se à compra de cartilhas do Prona, e o dinheiro arrecadado na venda é depositado na conta da editora de sua propriedade.
A promotoria não descarta estender as investigações aos outros candidatos do Prona, partido que conduziu Havanir e Enéas com votações recordes à Assembléia, de acordo com o resultado da averiguação em curso.
Na semana passada também, a Procuradoria Regional Eleitoral, que vê indícios de irregularidade e imoralidade no caso, solicitou as duas fitas à Rede Globo.
Esta não é a primeira vez que o partido de Enéas recebe acusações de venda de vagas. Em 1997, a Folha revelou que o Prona cobrava para que os candidatos concorressem à Assembléia.
Câmara
Havanir também enfrenta uma sindicância na Câmara Municipal, onde tem mandato vigente de vereadora por mais um mês e meio. Na última quinta-feira, dois dias depois das primeiras denúncias, o presidente da Câmara, o petista José Eduardo Cardozo, que também deixará a Casa no final do ano, mas para ser deputado federal, decidiu instaurar uma sindicância, que poderá culminar na abertura de uma comissão processante por decoro parlamentar e até indicar a cassação da vereadora.
O prazo para a apuração do caso é curto, mas a Câmara poderá repassar as conclusões à Assembléia, onde a dermatologista vai assumir seu novo cargo em 2003.
Outro lado
Sempre ao lado do deputado federal eleito Enéas Carneiro e repetindo o discurso dele, a doutora Havanir afirma que o dinheiro cobrado "seria uma colaboração", que ela chegou até a comparar a um "dízimo", conferido ao seu partido.
Sobre a venda das cartilhas, o presidente do partido afirma que "uma ata da Executiva Nacional do Prona prevê a questão".
Parágrafo único do ítem C, que trata das "contribuições de seus filiados", do artigo 56, coincidentemente o número que o Prona concorre nas eleições, diz que "cada filiado, a seu critério, poderá contribuir pecuniariamente para os gastos do Partido mediante uma importância anual".
Enéas e Havanir têm feito de tudo para reverter as acusações, segundo eles "parte de um esquema maquinado por pessoas que visam derrubar o Prona, com o intuito de herdar as vagas obtidas nas estrondosas votações por ambos neste ano".
No último domingo, por exemplo, os dois foram ao programa do apresentador Gugu Liberato, no SBT, concorrente da Globo, para se defender. Enéas voltou a chamar o empresário de mentiroso e a mostrar um ofício encaminhado por ele ao Ministério da Justiça, alegando que alguns integrantes do partido estariam sendo vítimas até mesmo de ameaças de morte.
Ministério Público vai investigar empresa de Enéas e doações do Prona
SILVIO NAVARROda Folha Online
A Promotoria de Justiça da Cidadania vai investigar a empresa do deputado federal e presidente nacional do Prona (Partido da Reedificação Nacional) Enéas Carneiro, uma livraria e editora que leva o nome do médico cardiologista, onde as "cartilhas doutrinárias" do partido são confeccionadas.
O Ministério Público vai apurar o trâmite citado por Enéas, de que o dinheiro da compra das cartilhas que contém suas idéias político-econômicas é depositado na conta da empresa e "repassado ao partido de acordo com as necessidades".
A promotoria abriu inquérito civil, conduzido pelo promotor Túlio Tadeu Tavares, e solicitou cópias do contrato social da editora e da candidatura do microempresário de Santos Jorge Roberto Leite, que denunciou a cobrança de R$5.000 para garantir uma vaga na legenda nas eleições para a Assembléia Legislativa de São Paulo.
As acusações do suposto mercado de vagas, exibidas há uma semana no telejornal "SPTV", da Rede Globo, recaem sobre a vereadora Havanir Nimtz, que aparece negociando valores em fitas de áudio.
Mas foi de Enéas a voz de defesa sobre as acusações, em que a dermatologista pede dinheiro a Leite. Segundo Enéas, a quantia mencionada por Havanir nas gravações referiam-se à compra de cartilhas do Prona, e o dinheiro arrecadado na venda é depositado na conta da editora de sua propriedade.
A promotoria não descarta estender as investigações aos outros candidatos do Prona, partido que conduziu Havanir e Enéas com votações recordes à Assembléia, de acordo com o resultado da averiguação em curso.
Na semana passada também, a Procuradoria Regional Eleitoral, que vê indícios de irregularidade e imoralidade no caso, solicitou as duas fitas à Rede Globo.
Esta não é a primeira vez que o partido de Enéas recebe acusações de venda de vagas. Em 1997, a Folha revelou que o Prona cobrava para que os candidatos concorressem à Assembléia.
Câmara
Havanir também enfrenta uma sindicância na Câmara Municipal, onde tem mandato vigente de vereadora por mais um mês e meio. Na última quinta-feira, dois dias depois das primeiras denúncias, o presidente da Câmara, o petista José Eduardo Cardozo, que também deixará a Casa no final do ano, mas para ser deputado federal, decidiu instaurar uma sindicância, que poderá culminar na abertura de uma comissão processante por decoro parlamentar e até indicar a cassação da vereadora.
O prazo para a apuração do caso é curto, mas a Câmara poderá repassar as conclusões à Assembléia, onde a dermatologista vai assumir seu novo cargo em 2003.
Outro lado
Sempre ao lado do deputado federal eleito Enéas Carneiro e repetindo o discurso dele, a doutora Havanir afirma que o dinheiro cobrado "seria uma colaboração", que ela chegou até a comparar a um "dízimo", conferido ao seu partido.
Sobre a venda das cartilhas, o presidente do partido afirma que "uma ata da Executiva Nacional do Prona prevê a questão".
Parágrafo único do ítem C, que trata das "contribuições de seus filiados", do artigo 56, coincidentemente o número que o Prona concorre nas eleições, diz que "cada filiado, a seu critério, poderá contribuir pecuniariamente para os gastos do Partido mediante uma importância anual".
Enéas e Havanir têm feito de tudo para reverter as acusações, segundo eles "parte de um esquema maquinado por pessoas que visam derrubar o Prona, com o intuito de herdar as vagas obtidas nas estrondosas votações por ambos neste ano".
No último domingo, por exemplo, os dois foram ao programa do apresentador Gugu Liberato, no SBT, concorrente da Globo, para se defender. Enéas voltou a chamar o empresário de mentiroso e a mostrar um ofício encaminhado por ele ao Ministério da Justiça, alegando que alguns integrantes do partido estariam sendo vítimas até mesmo de ameaças de morte.
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