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03/01/2003 - 17h01

Leia íntegra do discurso de posse de Thomaz Bastos na Justiça

da Folha Online

O advogado Márcio Thomaz Bastos tomou posse ontem no Ministério da Justiça fazendo uma alusão à frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que a partir de agora o "Brasil começa seu encontro consigo mesmo".

Leia abaixo a íntegra do discurso:

"Ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, eminente presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Nilson Naves, meu querido amigo e companheiro presidente da OAB e do Conselho Federal, Rubens Approbato Machado.

Mesmo correndo risco da omissão, ouso saudar os meus irmãos, mestres e companheiros de Conselho Federal que vejo aqui: Eduardo Seabra Fagundes, Arman Barreta, Marcelo Machado, Reginaldo Oscar de Castro.

Saúdo a todos os presentes, a todos os advogados, aos integrantes dos quadros desse ministério da Justiça, ao dr. Paulo Sérgio Pinheiro, ao ministro Sepúlvida Pertence, meu amigo de sempre, de tantas lutas, ao ministro Nelson Ribeiro, por quem tenho a mais funda admiração

Ao secretário de Direitos Humanos novo, Nilmário Miranda, e ao que hoje se despede, meu amigo de tantas lutas, Paulo Sérgio Pinheiro, ao Dr. Armando Monteiro, companheiro e amigo, ao senador Antônio Carlos Magalhães, amigo

Minhas senhoras, meus senhores

Eu não trouxe um discurso escrito. Pretendi pronunciar umas breves palavras, que significassem, em primeiro lugar, o agradecimento e o reconhecimento ao trabalho do ministro Paulo de Tarso Ribeiro, que com sua minuciosa e formosa prestação de contas de hoje nos mostrou a importância e a abrangência deste ministério.

Na sua pessoa, eu quero saudar alguns ministros aos quais estão, continuam estando e vão estar sempre ligados pelos mais múltiplos e ternos laços de amizade, respeito e admiração que são: Miguel Reale Jr., José Carlos Dias e José Gregori.

Deixo 45 anos de advocacia criminal intensa, conquanto obscura, onde outra coisa não fiz, se não defender os interesses particulares. Se não defender as liberdades privadas e mudo de lado e passo a assumir o papel de advogado público, de defensor do Brasil, defensor dos interesses da nação.

Deixo a grande aventura individual da advocacia e passo a viver a emocionante aventura de começar a ajudar o país a se construir de novo. Ou como disse ontem (1º/02), o presidente do Congresso Nacional 'ajudar o país a se encontrar consigo mesmo e não ter vergonha desse encontro e do que vai ver nesse encontro'.

Sei das dificuldades dessa missão. Elas foram bem expressas, elas foram carinhosamente desenhadas pelo ministro Paulo de Tarso Ribeiro, na sua prestação de contas e na sua despedida.

Vejo pela frente, as grandes missões e os grandes desafios do ministério da Justiça que eu que sintetizar em dois: o desafio da segurança pública, que não é possível que deixemos como está, que não é possível que aceitemos pacificamente o fato de as pessoas não poderem mais sair às ruas.

Em que o Estado é substituído pelo toque de recolher dos traficantes e de outro lado o grande desafio, o desafio fundamental da reconstrução das instituições republicanas que é uma reforma radical do Poder Judiciário, ao qual eu pretendo focar, ao qual eu pretendo dirigir grande parte dos esforços deste Ministério da Justiça que é o ministério da cidadania.

Sabemos da grande história judiciária do país. Sabemos do respeito e da admiração supersticiosas, como dizia Rui Barbosa, que nós, os advogados devemos à alta corte brasileira a ao Superior Tribunal de Justiça.

Mas sabemos também que este é o momento de uma grande articulação que envolva essas altas cortes e envolva também toda justiça brasileira e todos os seus usuários.

Além da OAB, com a sua larga e longa experiência a fim de que efetivamente possamos construir um projeto de reconstrução das instituições judiciárias. De modo que a justiça seja mais próxima do povo, seja mais acessível e consiga abranger, trazer para o seu acesso todas as multidões e as maiorias que permaneceram até hoje excluídas dela, como estão excluídas dos bens fundamentais da vida.

É esse o sentido da nossa eleição, é esse o sentido dos 53 milhões de votos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve. Ele não os teve para fazer um governo convencional. Ele não os teve para ter um governo conformado e conformista. Ele os teve para fazer a mudança e para isso é preciso, efetivamente, que a esperança tome lugar do medo.

Deste modo, agradecendo a presença de todas dezenas de amigos e formulando votos de que o país tenha êxito e de que o país refaça nos seus próximos dias aquele dia glorioso que ele teve ontem, no primeiro dia do ano.

Eu quero fazer a profissão de fé de que me dedicarei com todas as forças, com todo entusiasmo e com toda vontade para lutar em todas essas frentes. Contando para isso com os advogados, contando para isso com os tribunais superiores, contando para isso com todos os cidadãos que querem construir um novo Brasil.

O presidente ontem disse uma frase que me marcou 'antes de colher esses frutos é preciso que plantemos essas árvores'. E essa árvore tem que ser plantada, principalmente a árvore da reforma do Judiciário. Ela tem que ser plantada com paixão, mas também com racionalidade e é isso que pretendemos fazer. Assim Deus nos ajude.
Muito obrigado."

Veja também o especial Governo Lula
 

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