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21/01/2003 - 06h07

Heloísa Helena ameaça votar contra orientação do PT

da Folha de S.Paulo, em Brasília

A senadora Heloísa Helena (PT-AL) ameaçou ontem votar contra a indicação de José Sarney (PMDB-AP) ou de Renan Calheiros (PMDB-AL) para presidir o Senado, o que pode gerar uma crise no PT similar à ocorrida quando de Henrique Meirelles para presidente do Banco Central.

"Como nordestina, tenho dificuldade em conviver com as oligarquias ou com pessoas que serviram às oligarquias", declarou a senadora, em referência a Sarney e Calheiros, respectivamente. Sarney, que apoiou Luiz Inácio Lula da Silva desde o primeiro turno, é o provável candidato do PMDB ao posto, com apoio do Planalto.

"Não tenho nenhum problema pessoal com Sarney ou com Renan. É uma questão de coerência metodológica." Segundo ela, se tivesse de optar por um peemedebista, "ficaria com Pedro Simon".

Heloísa Helena, integrante da ala esquerda do PT, utilizou uma metáfora para indicar que poderá votar contrariamente à orientação do partido: "Quando há uma onda muito grande, dizem que se deve mergulhar nela. Mas há quem desista de mergulhar por saber que dentro da onda encontrará um tubarão branco chamado consciência. Preferem deixar a onda quebrar em suas costas".

A senadora afirmou que ainda é cedo para prever as consequências de um eventual desrespeito à diretriz partidária. "Não vamos antecipar a discussão", disse.

Capital especulativo
Heloísa Helena fez ainda críticas duras sobre a condução das reformas pelo novo governo. Segundo ela, o governo, eleito com o apoio popular, propôs metas que favorecem o capital especulativo e prejudicam o trabalhador. A questão tributária deveria vir antes da previdenciária. "Nós não podemos aceitar que um governo, conduzido majoritariamente pelo PT, fortaleça o capital especulativo com a discussão sobre a autonomia do BC e enfraqueça as relações de trabalho".

Segundo ela, a reforma previdenciária antes da tributária é "inaceitável". "O PT sempre defendeu os trabalhadores. Se, por algum motivo, eles precisam discutir essa reforma, que venham a público e se expliquem." Heloísa ainda criticou a ida de Lula ao Fórum Econômico Mundial, que representaria "a atual ordem econômica global injusta".

No ano passado, a senadora entrou em confronto com a direção nacional do PT em duas ocasiões. No dia 4 de julho, renunciou à sua candidatura ao governo de Alagoas depois que a direção nacional determinou que o PL fosse incluído na coligação estadual. Chorando, a senadora declarou: "Vou entender que minha candidatura é insignificante para o partido. O colégio eleitoral de Alagoas é realmente pequeno, e a Heloísa é um problema para um grande projeto nacional. Mas à minha honra eu não irei renunciar".

No dia 12 de dezembro, a senadora criticou a escolha de Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central: "É uma personalidade que, ao longo de sua história, serviu aos interesses financeiros internacionais". No dia 16 de dezembro, o PT fechou questão pelo voto favorável a Meirelles. No dia 17, chegou-se a um acordo: Heloísa aceitou se ausentar da sabatina de Meirelles. Em entrevista após a decisão, ela voltou a chorar: "Foi encontrada uma fórmula entre os limites éticos de consciência intransponíveis e a unidade partidária".

Veja também o especial Governo Lula
 

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